Naquele momento, Jimin não conseguiu segurar as lágrimas mais. Elas caíram como cascatas de água por seus olhos, sendo seguidas por seus soluços altos. Se lembrava da última vez que ficou naquela posição, segurando as barras de metal fortemente, temendo ser descoberto. Se lembrava que, na última vez que havia feito aquilo, Jungkook ainda era seu, e estava sofrendo acorrentado aquelas paredes, desacordado. Fungou. A cela ainda, mesmo com anos, continha vestígios de seu cheiro. O cheiro do seu medo.
Ouviu os passos do comandante vindo a sua direção e se pôs de pé, limpando as lágrimas que insistiam em cair. Não esperou que ele o achasse, apenas seguiu sua memória e foi em direção ao lugar onde costumava ser sua cela.
Parou logo a porta, sentindo o cheiro estranho vindo de dentro. Arrumou a postura e destravou a arma. Olhou para os lados, vendo que a poucos centímetros estava o comandante com mais dois soldados. Ele assentiu com a cabeça.
Com um único movimento, Jimin abriu a porta e se pôs em ação, segurando a arma com a atenção voltada para a sala. Estava vazia. Estranhou. Jungkook havia sentido o cheiro em sua ala, mas ele também estava impregnado ali. Seriam duas pessoas? Não poderia, certo? Não seria duas pessoas que teriam o mesmo cheiro.
Jimin levou a mão ao interruptor, ligando a luz na sala. Ela estava do jeito que se lembrava. Nada fora do lugar. Isso o assustava em demasiado. Disseram que Mercile havia sido invadida, mas ela continuava do mesmo jeito que sua memória se lembrava. Não deveria estar destruída? Sua mente começou a funcionar.
-Comandante, você leu o relatório sobre a busca e apreensão? De quando fomos libertos?
-Mas é claro.
-No relatório constava que eles fizeram uma bagunça gigante e depois limparam o lugar e o deixaram como estava?
Jimin teve a atenção que queria. O comandante o olhava com raiva.
-As celas estão com as portas fechadas, as luzes ainda funcionam, não há cacos de vidro ou coisa parecida e essa sala, está do mesmo jeito de quando eu a vi pela última vez.
-Meu Deus, isso tá parecendo filme de terror.
-Eu queria que fossem, senhor — ele o olhou sem entender. Jimin riu amargurado — Filmes de terror são fictícios, isso não.
Jimin foi para as gavetas. Pegou todo tipo de papel que poderia ser importante e o jogou sobre a maçã posta no centro da sala. Começou a lê-los. Eram de um experimento com espécies. Separou-os e logo procurou por outras gavetas. Tudo o que encontrava, ele guardava. No final, estava com uma pilha de papéis de um mesmo experimento e com algumas agulhas que se lembrava de terem usado em si. Passeou os olhos pelo local uma última vez, vendo que havia procurado tudo o que podia.
Saiu da sala com a caixa de papelão que achara para guardar suas descobertas. Foi também para a sala de experimentos e pegou todos os papéis que achou. Foi passeando pelo local, entrando em cada sala que podia e outras que nunca chegara a ver, pegando tudo o que achava necessário. No final, sua caixa pesava.
Foi caminhando calmamente pelos corredores de volta ao local marcado quando sentiu um cheiro diferente. Estava bem fraco, mas podia jurar que não havia o sentido ainda. Cheiro de humano.
Jimin deixou cuidadosamente a caixa no chão e fungou, pegando a arma. Olhou para os lados a procura do humano que estava ali. No final, eram dois realmente.
Um pequeno barulho no final do corredor onde havia saído o chamou a atenção. Calmamente foi andando para lá. Mesmo sem o olfato apurado de Jungkook, Jimin pode sentir o novo cheiro saindo da sala onde ele costumava ficar. A primeira sala que revistara.
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Destiny
FanfictionA vida de Jimin sempre foi uma incógnita para ele. É um espécie, mas não é como sua família, e ele não sabe o porque. Não se lembra de nada da sua infância, não se lembra de nada de sua vida que não tenha se passado desde que acordou na maca d...