Capítulo 10°

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POV Felipe

📍05 de abril, Rocinha - Rio de janeiro , 04h11 AM

Acordei hoje com a mente fraca, sabe como é, né? O bagulho da dependencia tá sempre me puxando, mas tô tentando manter o foco. A vida de braço direito do chefe não é fácil, e mesmo que ele tenha me dado uma folga, eu não consigo ficar de bobeira. Fui lá na boca resolver uns corres, verificar as cobranças, mas no final das contas, fui só pra matar tempo. Tá tudo tranquilo, mas tem uma parada martelando minha cabeça, uma coisa que não sai do meu pensamento.

Gabriela... porra, tô achando que ela tá grávida. Esses dias ela anda meio estranha, passando mal direto. Fico bolado com isso, sabe? Não sei como reagir. O pior é que ela parece estar com medo de mim, como se eu fosse um monstro ou sei lá. Sei que a vida que eu levo não é das melhores, e com os vícios que carrego, às vezes nem eu me reconheço. Mas, porra, tô tentando melhorar. Lutar contra essa dependência química é uma batalha constante, e eu sei que, se eu não vencer, vou acabar perdendo tudo, inclusive a Gabriela.

O bagulho é que, mesmo sendo o braço direito do chefe, eu também sou só um homem, cheio de defeitos e inseguranças. Fico pensando em como seria se ela realmente tivesse esperando um filho meu. Será que eu conseguiria mudar de verdade? Deixar essa vida louca pra trás? Ou será que tô condenado a viver nessa prisão que eu mesmo criei? As drogas, mano, elas me consomem de um jeito que nem consigo explicar. Às vezes parece que a única saída é continuar nesse ciclo de destruição.

Mas aí penso na Gabriela, no que ela pode estar sentindo. Será que ela tá com medo de mim por causa do meu vício? Porra, não quero ser esse cara que ela teme. Quero ser o cara que ela confia, que ela ama, que ela vê como pai do filho dela, se realmente for isso. Aí a mente viaja, né? Fico imaginando uma vida diferente, longe da boca, longe do tráfico, longe das paradas erradas. Uma vida em que eu possa ser um pai de verdade, um homem de verdade.

Só que o medo de perder tudo também me trava. Medo de falhar, de não conseguir sair dessa, de não ser o homem que a Gabriela precisa. E aí, mano, o vício volta a falar mais alto. É como se fosse uma voz na minha cabeça, sempre me puxando de volta pra escuridão. Mas tô lutando, tá ligado? Cada dia é uma batalha, e sei que, se não me fortalecer, vou acabar afundando de vez.

Agora, só me resta esperar e ver o que acontece. Vou tentar me aproximar mais da Gabriela, entender o que ela tá sentindo, tentar ser mais presente. Se ela realmente estiver grávida, preciso tomar uma decisão. Ou eu mudo de vez, ou perco tudo. E, mano, perder a Gabriela seria o fim pra mim. Então, vou seguir nessa luta, tentando ser um cara melhor, tentando vencer essa guerra interna. Porque, no final das contas, é isso que vai definir o meu destino, e o dela também.

— Bom dia amor, hoje não vou na faculdade — ela se aproximou e me beijou.

— Cheia de malicia né sua gostosa — beijei o pescoço dela e fui retirando seu pijama.

Já estou louco de tesão, meu corpo queimando de um jeito que eu nunca tinha sentido antes. Era como se o sangue todo estivesse fervendo nas veias, cada batida do coração martelando no peito, só de olhar pra Gabi. A luz fraca do sol, invadia o quarto pela fresta entrre a janela e a cortina, deixando tudo meio escuro e claro, mas eu conseguia ver cada detalhe dela, cada curva, cada suspiro que ela soltava. "Tu não tem ideia do que cê faz comigo, morena," sussurrei, minha voz rouca, cheia de uma necessidade que parecia que ia me consumir.

Cada toque na pele ela soltava um gemido baixo, cada vez que minha mão deslizava pelo corpo dela, era como se o mundo inteiro estivesse pegando fogo ao nosso redor. A pele dela, quente, macia, grudando na minha, o cheiro do seu perfume impregnando no ar, me deixando ainda mais louco. Puxei ela com força, trazendo ela pra perto, colando nossos corpos como se fossem um só. "Cê é minha, porra... só minha," murmurei, minha boca roçando nos labios dela, sentindo o gosto, querendo mais, sempre mais.

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