Prólogo

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Sara Dantas

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Sara Dantas


As batidas na porta são ensurdecedoras, solto um gemido. Minha cabeça lateja tanto que sinto vontade de chocar ela contra a parede, pra ver se ameniza ou piora de vez.

Que se foda quem estiver lá fora batendo, deve ser a menina do postinho que visita as casas pra averiguar se tem foco de dengue, já, já ela desiste e cai fora.

Não me atrevo a abrir os olhos, se abrir sei que vai ser pior, o gosto na minha boca é terrível, o cheiro ao meu redor pior, eu devo ter vomitado antes de dormir, não lembro. Tenho bebido até não aguentar e sempre acordo deitada no chão, como agora.

Acho que quem tá lá fora não vai desistir, continua batendo e parece que vai derrubar, ou está tentando derrubar mesmo? Sinto o pânico em minhas veias, abro os olhos e sento rápido, tudo à minha volta gira. E se... E se vieram atrás de mim?

Engulo em seco, olho ao redor, ta tudo bagunçado, tudo revirado, eu chorei e chorei, depois tive raiva, daí passei para o álcool, chegando ao ponto de automutilação, tudo pra aliviar a dor do meu peito, que não passa nunca.

Levanto trôpega, me segurando nas paredes. Eu posso tentar sair pelo quintal, pulando o cercado da Dona Clarissa, ela não tá em casa essa hora, posso me esconder lá, até que a barra esteja limpa.

Não sei por que penso que pode ser alguém querendo fazer mal a mim de alguma forma, pois essa cidadezinha de interior nunca teve violência no nível que vivi naquela maldita cidade da Itália, aqui uns cuidam dos outros, cuidam até demais, chegando a um exagero extremo.

⸺ Sarinha! Eu sei que você está aí! ⸺ Paraliso. Vivi, meu Deus, é a voz da Vivi devo estar delirando, só foi pensar na Itália e comecei a ouvir vozes, deve ser o medo, me desespero me fazendo ouvir as coisas impossíveis.

⸺ Vivi. ⸺ Minha voz sai rouca, me apresso até a sala, vasculho pelo chão a procura da maldita chave e não encontro, só depois percebo que a porta está fechada apenas com o ferrolho. Abro e choro ao vê-la segurando Lorenzo. ⸺ Vivi... ⸺ Ela me empurra pra dentro e passa por mim. ⸺ O que aconteceu? ⸺ Pergunto assim que ela joga uma bolsa no chão.

⸺ Dei um tiro em Mancini e fugi. ⸺ Minha boca vai ao chão.

⸺ Quê!? ⸺ Ela vai se movimentando na casa e fazendo careta com a bagunça. ⸺ Você matou seu marido?

⸺ Claro que não, foi só um tiro de nada, vai viver. ⸺ Tem só alguns meses que sai de lá, que vim embora. Ela está tão linda, tão bem vestida. ⸺ Que bagunça é essa Sarinha e que fedor é esse? ⸺ Olha pra mim com cara feia.

⸺ Acho que sou eu. ⸺ Ela suspira, Lorenzo sorri pra mim, está tão lindo, a cara do pai. ⸺ Mas por que você atirou no seu marido? ⸺ Ajeita os óculos.

⸺ Ele me enganou.

⸺ Só isso?

⸺ Ora, você queria mais? ⸺ O jeito dela me dá arrepios, parece outra pessoa. ⸺ Enfim, eu fugi, vim me esconder aqui. ⸺ Aponta minha casa fazendo uma careta de desgosto por conta de toda bagunça.

[DEGUSTAÇÃO] Um Italiano Pra Chamar de Meu (Spin-off Perigo)Onde histórias criam vida. Descubra agora