Capítulo 17

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Sara

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Sara

Eu não consigo gritar, correr ou pedir ajuda. Lágrimas? Não tenho mais nenhuma. Pareço estar dentro de um looping temporal, em que revivo o mesmo dia sem parar, toda hora, todo tempo.

Eu sei, é um pesadelo, por que não sinto dor real, sinto apenas o medo e isso é pior que qualquer dor, pior que tudo. Os olhos deles são demoníacos, os sorrisos semelhantes a presas afiadas e é escuro, só consigo visualizar isso, minha mente trabalha a me deixa com mais medo, me colocando em situações em que eu só sinto o pavor.

Acordo e salto na cama, meu corpo trêmulo e suado, minha cabeça rodando, agarro o lençol da cama e olho ao redor, é um quarto lindo e mobiliado com móveis lindos, mas meu coração salta tanto que eu nem quero saber onde estou, eu preciso que pare, apenas quero que tudo pare.

As letrinhas correm pelo meu rosto e sinto elas descendo pelo meu pescoço e parando na camiseta que visto. Como eu vim parar aqui? Nada faz sentido, minha boca está seca, olho para o lado e sobre o criado mudo tem um copo de água e um bilhete.

Bem vinda a Itália.

Agarro o papel e encaro a frase escrita com uma letra impecável e digna de nota dez para um professor de caligrafia.

_Nãonãonãonão... _Repito sem parar, olhando o papel. Olho ao redor, cada canto do quarto. Levanto, minhas pernas pensam em ceder, me apoio na cama. Abro a gaveta do criado mudo e tem apenas um carregador. Vou me apoiando na parede até chegar a janela coberta pela cortina, afasto e olho pra fora.

É um apartamento, bem no centro de alguma cidade, que sei não ser o Brasil, simplesmente sei. Bato com o punho no vidro. Me deixo cair no chão, pois minhas pernas tremem tanto e dói pra cacete, respiro com dificuldade, uma espécie de pânico tomando conta de mim.

Se vierem atrás de mim? Se...? E se...? Choro, abraço minhas pernas me balanço. Não tenho ninguém, estou sozinha, longe de tudo que um dia foi meu. Entre soluços me arrasto e vasculho a procura de algo, lâmina, perfume, uma arma, qualquer coisa.

Abro uma porta e é o banheiro, vasculho as gavetas e não tem nada, encaro o espelho, pareço uma morta viva, pálida, o medo estampado em meu olhar, desvio, não consigo olhar pra mim mesma. Ouço movimento de alguém entrando no quarto, meu coração tá a mil.

Me encolho em um canto do banheiro, eu só quero que acabe, só isso. Não quero sentir mais essa dor constante em meu peito, pensar, lembrar, sonhar. Começo a bater no machucado da minha perna, soltando gemidos altos com a dor, alivia a mente, o sangue surge no curativo, continuo, arranco a coisa, e aperto mais, urro de dor, o sangue jorra, encharca minha perna, suja o chão, me concentro na dor.

A porta abre e surge uma mulher loira, alta e linda, ela olha pra mim e depois volta o olhar pra fora, fala algo, não entendo. Um daqueles gêmeos aparece e os dois me olham com pena, fecho meus olhos com força e aprecio a dor, a ausência de qualquer lembrança, a dor física aliviando a dor mental.

[DEGUSTAÇÃO] Um Italiano Pra Chamar de Meu (Spin-off Perigo)Onde histórias criam vida. Descubra agora