Prólogo

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Seattle, Estados Unidos.


"My gift is my song and this one's for you..." — com os olhos presos naquela tela, a morena tentava traçar finos traços que, ao final, resultariam em uma Cerejeira. — "...Oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh,oh...".

— Terminei, professora Mills!

— Poxa, Lily, já lhe disse que pode parar de me chamar assim... — respondeu a morena, levantando-se e indo até a garota.

— Ah, é porque eu acabei me acostumando, né?! — dando de ombros, Lily deu espaço para que a mais velha vislumbrasse seu desenho. — E então?

— Está incrível! Eu gosto de pinturas abstratas, mas, essa aqui diz muito sobre você. — Regina elogiou, olhando-a. — Se você quiser começar outro...

— Pode ser amanhã? — questionou a morena, recolhendo seus materiais e os guardando em sua bolsa.

— Hum, pode! — Regina arqueou uma das sobrancelhas. — Sua mãe sabe que está indo mais cedo?

— Sabe, sim. Inclusive, estou indo me encontrar com ela... — pôs a mochila nas costas e caminhou até Mills. — Obrigada por tudo! Até amanhã! — abraçaram-se, brevemente, antes da menina mais nova subir as escadas do ateliê de Regina, que ficava no porão de sua casa.

— Posso descer? — ao ouvir a voz, a morena abriu um enorme sorriso. — Posso?

— Claro, filho! — Regina virou-se sobre o banco e esperou a figura de Graham aparecer na porta. — Que milagre o trás aqui? — levantou-se para cumprimentar o rapaz.

— Eu estou fazendo uma rota por essa região, e resolvi vim dar um beijo na minha madrinha. Atrapalho?

— Não... Jamais! Vamos subir? Vou preparar um café para tomarmos. — diz a morena, limpando as mãos em um pedaço de flanela.

— Mãe, de verdade, não precisa e eu nem tenho muito tempo. Implantaram um sistema de GPS nos carros da Delegacia, e agora eles sabem quando paramos em lugar errado. — explica o mais novo. — Eu só vim lhe dar um beijo! — diz ele, dando um beijo na testa da madrinha, mas, que carinhosamente, chamava de mãe.

— Ok, tudo bem... — a morena ergueu os ombros, enquanto subiam as escadas. — Quando você vem almoçar comigo?

— Ah... — coçou a cabeça. — Eu preciso vim, mesmo. Verei com Isabelle, mas acho que, neste fim de semana, não estaremos na cidade. Os pais dela nos levarão para Los Angeles. Eles querem nos casar, mãe. Tem noção? — o rapaz deu uma risada e encostou-se no batente da porta da cozinha.

— Ah, é? — a morena arqueou uma das sobrancelhas, olhando-o por cima do ombro. — E você quer se casar?

— O que a senhora acha? — foi irônico, fazendo Regina rir. — Eu gosto de Isabelle, ela me faz muito bem, mas...

— Em um futuro, você não se vê ao lado dela? — Mills o olhou e o viu assentindo com a cabeça. — Você é muito novo, meu filho. Tem muito o que viver e... Bom, é interessante que esteja se sentindo pronto e confortável para firmar um compromisso desse porte.

— É, exatamente, isso! Mãe, você me entende muito... — disse o rapaz, indo até a morena e beijando-a a bochecha. — Preciso ir, antes que me meu chefe me chame no rádio.

— Tudo bem. E não marque nada para a próxima semana, pois quero conhecer essa tal de Isabelle... — disse séria, com os braços cruzados na altura do peito.

— Você não vai gostar dela.

— Por quê? — Regina riu. — Virou adivinha, agora?

— Não... É só que... Ela não faz o seu tipo, sabe?!

— Não, eu não sei, Graham Humbert! — negou com a cabeça, ao passo que saiam pela porta da sala. — Vou preparar uma lasanha e torta de maçã, então, por favor, não fure comigo.

— E perder sua lasanha? Duvido! — disse ele, e Regina deu um tapa em seu braço. — Te amo, Gina! Até logo!

— Eu também te amo... Vê se me liga mais vezes... És o filho mais desnaturado que eu já tive.

— No caso, eu sou o único! — rindo, Graham adentrou o carro, buzinou e deu partida, deixando uma morena sorridente na porta de casa.

*

O capacete fora tirado da cabeça, e os fios loiros recaíram sobre as costas. Desceu da moto, olhou-se pelo retrovisor e teve a certeza de que o batom estava intacto nos lábios. Sorriu, respirou fundo e, após pegar a bolsa, caminhou até a entrada do prédio de Direito da Seattle University. A Horizon 150, adquirida há pouco menos de dois meses, era sempre deixada no mesmo lugar; próxima á entrada principal.

— Bom dia, Swan! Como vai? — o porteiro saudou, recebendo um sorriso da loira. — Gostei da "motoca"!

— "Motoca", Josh? Aquela moto é uma relíquia... Arrume um apelido melhor para minha companheira. — Emma piscou um dos olhos e continuou andando.

— Boa aula, Miss Swan! — exclamou o Sr.

— Gostei desse apelido. Obrigada! — respondeu a loira, antes de adentrar a sala. — Bom dia, Will!

— Ooooi, loira! Caraca, agora o dia começou... Que visão! — o jovem coçou os olhos e pôs-se ereto sobre a cadeira. — Eu estou cansadão...

— Você saiu com Bex, ontem? — ele meneou a cabeça. — Sério? Pensei que não fosse.

— Eu não ia ir, mas decidi de última hora e foi incrível... — ele mordeu o lábio inferior. — Não pensei que Bex fosse tão...

— Aff, me poupe! — exclamou Emma, retirando o notebook de dentro da bolsa. — E o TCC?

— Não invoque o demônio logo pela manhã, Emma Swan! Quer acabar com o meu humor? — questionou, estreitando os olhos para a amiga.

— É sério, Will... Estamos atrasados pra caramba, e você não terá mais como fugir desse assunto. — disse a loira. — Podemos marcar de fazer umas pesquisas, depois da aula, na Biblioteca.

— Não pode ser na sua casa? — ele perguntou, e Emma revirou os olhos.

— Claro que não, e você sabe que não adianta gastar seu repertório de cantadas comigo. O que você gosta, eu gosto em dobro, triplo...

— Ah, você sempre diz isso, Swan, mas eu nunca te vi com uma mulher...

— E que diferença isso faz? Além do mais, eu não preciso lhe provar nada, Willian! — disse a loira. — Sou muito discreta, se quer saber.

— Huuum... Então, 'tá... Mudando de assunto, sua mãe desistiu da ideia de colocar você em uma aula de pintura? — o rapaz começou a rir, ao lembrar-se do dia em que Emma lhe falou sobre esse assunto.

— Não é bem assim... Ela não quer me colocar em uma aula de pintura. Ela me sugeriu que fizesse. É diferente! — Emma pontuou. — Só ela viu como eu cheguei em casa, depois daquele seminário de Gold. Eu estava decidida a trancar minha matrícula.

— É, você pirou...

— Mamãe só quer o meu bem, e ela fala o quanto as aulas de pintura fizeram bem a ela, na época da Faculdade. Eu vou acabar me rendendo a isso, sim. Se souber de alguém...

— Emma? Eu? Eu não conheço uma pintora. Eu sou o pintor, sacou? — insinuou-se, fazendo Swan revirar os olhos pela vigésima vez. — Mas, se eu souber de alguém...

— Ah, agora sim você entendeu o que eu disse e me respondeu com coerência. Obrigada, Sr. Will! — Emma debochou, virando-se para frente, ao ver o professor de Direito Penal adentrar a sala.

— De nada, futura pintora! — Will sussurrou no ouvido da mulher, fazendo-a lhe dar um tapa na mão.

Pintando o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora