Olhando os Retratos

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Emma



A madrugada chega e, junto com ela, o arrependimento chega com toda força. Olho o visor do celular e releio as mensagens de "Vamos conversar, Emma. Você entendeu errado!" e me sinto a pior pessoa do mundo. Tento pegar no sono, mas os pensamentos fixam em Regina, e minha noite se estende por mais horas do que o normal.

Eu me sinto a pessoa mais sortuda do mundo, por estar com uma mulher tão incrível. Quando mamãe me questionou sobre "nosso namoro", senti um frio na barriga, um arrepio tomando conta do corpo, como se tudo fizesse parte da minha vida. Mas, Regina nunca que aceitaria namorar comigo. Compreendo que ela esteja engajada com o que estamos criando, só que eu sou mais nova, não é?!

Triste, digito uma mensagem, a fim de tentar concertar a merda que eu havia feito.

"Sim, nós podemos conversar! Desculpe-me por hoje... Boa noite!".

E envio.



*



Regina



Dois dias sem falar com Emma, sem ver Emma e qualquer outra pessoa. Quando me perco dentro do meu próprio mundo, afasto as pessoas e mergulho em tudo aquilo que menos quero. Hoje, em especial, faz anos desde que mamãe faleceu. Minha vontade é de ficar sozinha o dia todo, e é o que eu faço. Não atendo o carteiro, não atendo meus alunos e, bom, o celular eu não faço ideia de onde esteja.

A taça de vinho sobre a mesa de centro, a garrafa caída perto do sofá e eu aqui, deitada sobre o tapete cinza novo, mas que agora carregava uma bela mancha de Merlot.

Lembro-me dos momentos em que passamos juntas, e meu coração chega a apertar dentro do peito. Literalmente! Mamãe sempre foi minha melhor amiga, quem me incentivava a lutar pelos sonhos, não desistir de tentar e sempre ir além do que era esperado, por mim mesma. A personalidade que carrego é graças a ela.

— Mãe? Você 'tá aí? — ouço a voz de Graham, mas permaneço em silêncio, recolhendo-me no canto do sofá, abraçando minhas próprias pernas e deixando a cabeça abaixada.

Não, eu não quero falar com ninguém!

— Eu sei que está aí, mãe! Por favor! — ele volta a gritar e a bater na porta. Me assusto com o alto barulho, porém, permaneço da mesma forma.

Você precisa atendê-lo. Vai!

Não!

Regina Mills... Você é fraca demais!

— Não, eu não sou... — coloco as mãos nos ouvidos, tentando não ouvir minha própria mente. Meu corpo começa a tremer, e a sensação de não fazer parte do mundo, toma conta de mim.


"Eu vou seguir uma luz lá no alto eu vou ouvir

Uma voz que me chama eu vou subir

Pintando o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora