Emma, Emma...

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Regina


Meus dedos se entrelaçavam por entre os fios loiros de Emma, enquanto ela soluçava em meus braços. Já teve aquela sensação de que você é, extremamente, útil, mesmo não sendo? Você sabe o tamanho da sua importância, mas não faz a mínima ideia de como executar, de como agir dentro de certa situação? Pois, bem. Eu sabia que minha presença era essencial para Emma, e que minhas palavras não eram necessárias. Não naquele momento.

Estávamos deitadas há mais de uma hora, e a única coisa que se podia ouvir, era o barulho de nossas respirações. Swan estava trêmula, e ensaiava dizer uma coisa ou outra, mas sempre voltava atrás, aninhando-se em mim, fazendo morada em meu peito.

Seu cheiro me entorpecia, me embriagava em níveis altíssimos, fazendo com que eu respirasse mais fundo, apenas para contemplar sua fragrância natural, de quem acabara de tomar um banho quente, após ter jantado. Muito mal, mas jantou!

— Seus braços não estão doendo? — questiona-me, antes de fungar o nariz e levantar o olhar.

— Não... — sussurro, depositando um beijinho na ponta de seu nariz. Ela virou-se costas, puxando-me para deitar atrás de si. Abracei seu corpo que, de tão encolhido, cabia muito bem em meus braços. Feito um bebê, Emma tentava se esconder em mim, como se só eu tivesse o poder de tirá-la de tudo aquilo.

Algo tão intenso, não é? O que temos, se é que temos algo, é tão novo, que sinto receio de pensar em tantas metáforas, tentando desvendar os motivos de suas ações, como quem se sente tão seguro.

Meu braço direito passou por baixo do seu, e logo senti minha mão sendo enlaçada pela sua. Entrelaçou nossos dedos, de forma carinhosa e tímidas, e levou nossas mãos até seus lábios; Emma depositou alguns beijos nas costas de minha mão, deslizando os lábios, vagarosamente, a fim de me dizer que, por mais horrível que ela estivesse naquele momento, ela ficaria bem pela manhã.

Afinal, a calmaria sempre vem pela manhã... A mente se renova, e sempre estamos prontos para encarar tudo o que vier.

— Emma? — chamo-a, baixinho, enquanto tiro seus fios de cabelo que cobrem seu rosto. — Acorda, Bicho Preguiça!

— Eu já estou acordada... — fala, com a voz abafada, após afundar o rosto no travesseiro. — São que horas?

— Quase nove e meia. — digo, e ela se assusta, deitando-se de barriga para cima e abrindo os olhos. — Eu trouxe um café para você tomar...

— Você é um amor! — exclama, sentando-se lentamente. — Minha cara está péssima, não está?

— Não... — respondo, entregando a xícara de café com leite a ela.

— Você está me olhando tanto, que né?! — dá de ombros, antes de tomar o primeiro gole de sua bebida favorita.

— Só estou tentando entender o que fiz, para que eu fosse agraciada com uma mulher tão linda como você. — falo, e logo suas bochechas tomam um tom avermelhado. — Estou falando sério... Você é uma mulher incrível, madura e tão determinada. Nunca pensei que me envolveria com alguém mais novo que eu, mas, você tem me mostrado que esse tabu que colocaram aos relacionamentos entre pessoas com idades diferentes, é mais do que uma conversa fiada de quem não tem o que fazer.

— Concordo muito com isso. Eu não me importo com idade, desde que exista amor, respeito e lealdade. E eu encontro tudo isso em você, então...

— Você preferiu ficar com a coroa... — falo de forma divertida, e ela nega com a cabeça. — Está do jeito que você gosta? — pergunto, referindo-me a bebida.

Pintando o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora