Regina
Entro em casa, e logo começo a me preparar para receber Emma. O fogo que habita em mim, foge da normalidade. Retiro minhas roupas e começo a procurar o conjunto de lingerie que eu queria usar para ela essa noite. Será que ela vai querer jantar? Não tenho nada na geladeira e nem nos armários, e só aí percebo que preciso fazer compras. Portanto, se Emma quiser jantar, que me jante.
Quando estou prestes a me vestir, o celular anuncia uma nova chamada. Busco-o por entre os travesseiros da cama e logo acho.
— Oi, meu bem! — falo, assim que coloco o aparelho próximo ao ouvido. — Está tudo bem?
— Oi... Não... — ela fiz cabisbaixa, e meu corpo inteiro gela. — Papai não está nada bem, Regina. Não consegue engolir nada, nem líquidos...
— Oh, meu Deus! — exclamo, e ela suspira do outro lado da linha. — Sua mãe está aí?
— Foi ver se acha o médico dele, porque o Dr. não atendeu as ligações dela... e nem eu. — diz.
— Você deixou o celular no carro, não foi?
— Sim, e no silencioso. Eu me esqueci, completamente.
— Me desculpe por isso. Eu sinto muito! — falo, sentando-me na beira da cama e ajeitando os cabelos.
— Desculpa pelo quê? Ei, você não tem culpa de nada, meu amor. — fala, acalentando meu coração. — Foi descuido meu, não seu.
— Mesmo assim... — respiro fundo e solto. — Você quer que eu faça algo? Posso tentar ligar para o médico, também.
— Não, não precisa. Obrigada, 'tá?! — diz, me fazendo sorrir. — Ele está tão quietinho...
— O que será que houve?
— Houve que a doença chegou, de vez. O médico sempre disse que ela chegaria e que tudo seria muito rápido. — ela fala, chorosa. — Mas, não pensávamos que seria tão rápido, assim.
— Ele não comeu nada durante o dia, então?
— Mamãe disse que só comeu uma maçã, pela manhã, e só. No almoço já não descia mais nada. — diz. — Eu não conseguirei voltar para ficar com você. Me desculpa?
— Claro que sim, meu amor. Jamais pediria para que voltasse... — digo, sorrindo com seu jeito de falar. — Eu estarei aqui hoje, amanhã e depois...
— Eu sei, e agradeço por isso. — Emma funga o nariz e fica alguns minutos em silêncio. — Oi?
— Estou aqui!
— Fui limpar a boca dele... — suspira. — Mas, vem cá... Você tem isso em casa, mesmo? Como eu nunca vi?
— Meu amor, — começo a rir. — nós sempre devemos que estar preparadas para tudo.
— Ah, é? — ela também ri. — Saiba que me deixou muito curiosa para ver.
— Ficarei honrada em tê-la como minha plateia. Não se preocupe, pois teremos muitos dias para nos divertirmos.
— Você não quer vir dormir aqui? — pergunta. — Podemos dormir no chão da sala ou no meu antigo quarto.
— Eu adoraria, mas não quero atrapalhar vocês... Acho que sua mãe não se sentiria tão a vontade, também.
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Pintando o Amor
RomanceAos 40 anos, após encerrar sua breve carreira como Professora de Literatura, Regina Mills monta um ateliê no porão de sua casa e, em um gesto solidário, passa a dar aulas gratuitamente. Aos 25 anos, em seu último ano da Faculdade de Direto, Emma Sw...