Segunda-feira
Emma
— Você transou com a mãe do Graham?
— Isso, Willian! Pode falar mais alto, por favor?
— Desculpa, Emma, é que isso é muito foda... — diz meu amigo, enquanto caminhamos até a sala. — Mas, e aí? Como foi?
— Foi maravilhoso, só que eu fui uma escrota, quando terminamos...
— O que aconteceu? — ele pergunta, e paramos um pouco antes da porta da sala. Encosto-me na parede e suspiro.
— Você me conhece o suficiente para saber que não tenho amigos. Eu gosto do contato que posso ter com uma pessoa, mas parece que o mundo não gosta de mim. Quando ela me convidou para entrar, eu fui pensando em um sexo casual, uma foda e nada mais. Só que não foi nada como eu imaginei que seria, Will. Teve olho no olho, beijos intensos e, se você pudesse ver, diria até que eram beijos carinhosos. — digo, e ele meneia a cabeça. — Eu gostei de estar com ela, sabe? Gostei tanto, que queria de novo.
— E você disse isso a ela?
— Não, eu não poderia dizer. Eu tinha acabado de conhecer a mulher, e isso a assustaria muito, assim como me assustou. Então, eu fui escrota! Simplesmente, peguei minhas roupas e disse que ia embora. Ela me pediu para ficar, que era perigoso andar sozinha por aquele horário... — gesticulo, explicando. — Só que eu não quis ficar, porque por um minuto, tudo aquilo me parecia muito errado. Eu dormi com uma mulher que conhecia por poucas horas. Você me entende?
— Então, Emma. Apesar de eu ser homem, eu te entendo. Para nós, é bem mais fácil não envolver sentimentos ou sentir uma ligação mais forte. Já vocês, mulheres, tudo é mais brilhoso, entende? — ele ri, após buscar uma palavra que me fizesse entender. — Sei que não fez por mal, também.
— Não, jamais... — nego com a cabeça. — Eu até pensei em voltar no dia seguinte e pedir desculpas.
— Por que não faz isso?
— Porque estou com vergonha, e hoje tenho minha primeira aula de pintura... Mamãe conseguiu uma pessoa. — digo, e logo adentramos a sala, onde os demais alunos estavam se organizando para sentar em seus lugares. — Depois te conto como foi.
— Vai sair daqui e ir direto? — ele pergunta, e eu meneio a cabeça, em afirmação.
— Inclusive, vou até anotar o endereço em um papel, já que mamãe me mandou pelo telefone. — tiro o celular da bolsa e vou até a mensagem de mamãe. — Ah, não!
— O que, Swan? Emma?
*
Regina
— Lily, sua mãe gostou do quadro que fizemos para ela? — pergunto a minha primeira aluna do dia.
— Sim, ela amou. Já até pendurou na sala, acredita? — diz, contente. — Ah, professo... Regina.
— Ah, bem... — falo, rindo, apoiando uma mão em seu ombro, ao parar ao seu lado. — Diga!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pintando o Amor
RomanceAos 40 anos, após encerrar sua breve carreira como Professora de Literatura, Regina Mills monta um ateliê no porão de sua casa e, em um gesto solidário, passa a dar aulas gratuitamente. Aos 25 anos, em seu último ano da Faculdade de Direto, Emma Sw...