Regina
Encostada ao batente da porta, eu aguardava Emma, que viria me buscar para almoçarmos junto de seus pais. Olho para o relógio em meu pulso, observando os ponteiros marcarem quase meio-dia. Ela já deve estar a caminho...
O dia amanheceu frio, então, aproveitei para colocar uma calça preta, com um acabamento de camurça, uma bota com um leve salto, uma blusa de gola alta, também preta, e uma jaqueta de couro. Os cabelos estão soltos, batendo na altura do ombro, e meu rosto, levemente, maquiado. Talvez eu tenha abusado um pouco no batom, mas meu vinho carbenet é indispensável para certas ocasiões.
O ronco do motor da moto de Emma se faz presente, seguido de uma buzina. Olho-a parada do outro lado do portão, viro-me para fechar a porta e trancá-la. Ultrapasso o portão, sorrindo, ao vislumbrá-la com a mesma expressão facial, mesmo que com seu capacete encaixado na cabeça. Ela estica o outro para que eu coloque em minha cabeça e assim eu faço.
Ao subir na moto e abraçar sua cintura, vejo-a me olhando pelo retrovisor, antes de dizer:
— Está bonita! — sorri, piscando um dos olhos. — É só um almoço com um casal de senhores da segunda idade.
— Ah, mas não deixa de ser importante... — digo, e ela sorri ainda mais. Olhamo-nos através do retrovisor, antes de Swan dar a partida e seguir até sua casa.
— Mãe? — diz minha aluna, enquanto abria a porta. O cheiro de cebola sendo refogada preenchia o ambiente. — Chegamos!
— Oi, querida! — a mulher que, provavelmente era a mãe de Emma, saiu da cozinha secando as mãos em um pano de prato. — Oh, mas que honra recebê-la...
— Regina. Regina Mills! — falo, estendendo a mão para que ela, que me puxa para um abraço. — Prazer!
— Sou Norma, e o prazer é todo meu... — ela diz, sorridente, e é possível ver os traços de Emma em sua mãe. — Sinta-se a vontade em nossa casa, Srta. Mills!
— Srta. não, por favor. — gesticulo. — Pode me chamar de Regina.
— Oh, sim! — disse a mãe de Swan, meneando a cabeça. Emma estava parada ao nosso lado, observando nosso diálogo.
— Cadê papai? — questionou a loira, chamando nossa atenção.
— Está lendo jornal, na sala. Eu vou terminar de fazer o almoço e já chamo vocês... — Norma pediu licença e se afastou, e Emma segurou em uma das minhas mãos, enquanto caminhávamos até a sala de sua casa.
— Pai? — chamou, recebendo a atenção do pai, que abaixou as folhas do jornal e as colocou sobre as pernas. — Quero te apresentar uma pessoa muito especial. — Emma convidou-me para sentar no sofá, de frente para a cadeira que seu pai estava.
— Quem? — ele perguntou, empolgado. — Ela?
— Sim... Ela é quem está me ensinando a fazer aqueles quadros. — disse ela, apontando para uma das paredes. Virei-me para olhar, deparando-me com uns cinco quadros que havíamos pintado em nossas aulas. Sorri. Na verdade, era inevitável não sorrir.
— Olha, mas como é bela, moça... — ele levantou-se, e eu fiz o mesmo. Pegou uma das minhas mãos e beijou. — É um prazer conhece-la pessoalmente. — disse ele.
— O prazer é meu, Sr. Josh! — exclamo, lembrando-me de seu nome, devido as menções a ele, que Emma sempre fazia. — Está lendo sobre o quê? — puxo um assunto, voltando a me sentar sobre o sofá, recebendo sua companhia.
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Pintando o Amor
RomanceAos 40 anos, após encerrar sua breve carreira como Professora de Literatura, Regina Mills monta um ateliê no porão de sua casa e, em um gesto solidário, passa a dar aulas gratuitamente. Aos 25 anos, em seu último ano da Faculdade de Direto, Emma Sw...