O mistério de Grace

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Clara

A semana passou voando aos meu olhos sem mais nenhuma carta misteriosa, e Grace e eu parecemos uma dupla perfeita. Quem vê de longe imaginava que essa sincronia no trabalho é de anos, e não de duas semanas. Eu pensei em procurar mais sobre minha estagiária, mas com os projetos novos eu nem tive tempo de pensar no assunto.

- Clara você trouxe o projeto do hall de entrada daquela senhora da Delicate?

- Ai Deus, deixei em casa, você precisa deles para amanhã?

- Sim, e você não vai estar aqui porque tem um reunião com o Adam, e a Senhora Evans no mesmo horário. - Só de pensar na reunião mensal com minha mãe, chega a me dar calafrios, mas foca que fim de semana tem o almoço lá em casa para falar sobre as bodas da Kiara.

- Clara você está me ouvindo?

- Desculpa Grace, teria como você ir comigo e pegar o projeto lá em casa? - Ela me encara pensando por um tempo. - A empresa paga seu uber para casa.

- Nesse caso eu aceito.

Quando Grace parece estar se sentindo à vontade, mais relaxada eu chego em casa, e ela veste sua pose formal do trabalho. Essa mulher precisa conhecer o famoso descanso, parece até minha mãe e ninguém merece ser comparada a ela.

- Grace pode voltar a relaxar, não estamos mais no trabalho.

- Estou relaxada.

- Sei, e minha mãe é um anjo... - Nós rimos com minha comparação, mas eu a silêncio quando vejo que minha porta está destrancada.

No tempo de abrir um pouco a porta e pegar umas das adagas penduradas na parede do lado da porta me passa todas as preocupações que permiti esquecer nessas semanas. Sigo lentamente pelo corredor que iria de encontro com a sala de estar que há uma luz acesa, quando uma mulher com o cabelo castanho comprido e com a cara carrancuda aparece bem na minha frente. Por pouco que eu não a perfuro no pescoço com a adaga da minha mão. - Misericórdia Elisa, você quase me mata do coração.

- Sendo que você que está com uma adaga na mão na minha direção, não tenho certeza que seria você a morta nessa sala.

- Desculpa, mas como eu iria saber que você estaria aqui?

- Do que você está falando? Nós combinamos por mensagem que as meninas iriam se reunir aqui hoje, só adiantamos 30 minutos, e como eu tenho a sua chave... Espera um minuto a senhorita esqueceu do nosso encontro?

Lis me encara dos pés a cabeça, parece estar analisando toda situação. Meu nervosismo, eu ter pego uma arma para me proteger de algo, tenho certeza que mãos estão um pouco trêmulas. Quando ela está prestes a me fazer uma enxurrada de perguntas, Grace faz um pequeno ruído na entrada da minha casa que mostra sua presença, e toda a atenção da minha amiga vai para ela com um sorriso simpático em seu rosto.

- Então você trouxe visitas para nosso encontro?

- Eu não quero atrapalhar, só vim... é, pegar um projeto e já estou indo. - Fala Grace sem graça enquanto Lis vai em sua direção, e enrosca um braço ao redor do seu pescoço.

- Nada disso, nosso Squad estava precisando de um rosto novo, e você tem a característica necessária para participar. - Grace a encara e a mim por um segundo a procura de respostas, eu rio e Lis lhe mostra seu sorriso que faz ganhar qualquer coisa. - Você é linda demais, venha logo, eu deixei a Ana cuidando da cobertura do bolo e isso não é muito seguro.

- Devo concordar, Luna não tem boas lembranças desse dia. - Digo deixando a adaga no lugar e acompanho elas até a sala, encontro Bella com Luna em seu colo ronronando, e na cozinha Ana despejando uma calda de chocolate no bolo.

Tão pouco eu entro na minha casa ouço a voz de Ana da cozinha - Sinto dizer mas acho que não tem café nessa casa. - E logo depois uma Lis enfurecida vindo em minha direção, antes que ela viesse brigar comigo ergui minhas mãos em rendição indo até a dispensa, tenho certeza que comprei café esse mês. Volto de lá com um pacote pela metade, indo em direção a cozinha. - Vocês são muito viciadas em café, não acham que seria uma boa trocar por chá?

Ouço um não de três vozes juntas, quase riu da reação da minhas amigas. - Aqui está Ana, a salvação da noite. - Ela sorri, e em alguns minutos estamos na sala com bolo, café, pratinhos e meu chá em minhas mãos com todas, inclusive Grace aconchegadas em minha sala. Bella, Grace e Lis estão no sofá comprido, eu me sento na poltrona ao lado e Ana está nas almofadas no chão perto da mesinha com Luna se enroscando em seus pés.

- Então Grace conte tudo, não esconda nada. Abre o coração para nós, queremos te conhecer. - Bella diz, enquanto oferece um pedaço de bolo a ela.

- Não tem muito o que contar, meu nome é Grace Wespianski Adams, tenho 23 anos. Fiz faculdade de arquitetura em uma cidade longe daqui, perto do interior e vim para Seattle depois que minha mãe pegou uma promoção, agora trabalho na Design & Art para cumprir minhas horas de estágio que faltam para eu enfim me formar.

- Ah querida, ela não quis dizer sobre isso. Queremos saber sobre sua vida amorosa. - Disse Ana enquanto bebia tranquilamente sua xícara de café.

- Vida amorosa? O que é isso? É de comer? - Todas rimos.

- Nem vem você é maravilhosa, olha esse corpo.

- Elisa, é isso não é? - Lis confirma. - Eu não sou a modelo de mulher perfeita, agradeço o elogio, mas não acho que vestir 44 seja ser maravilhosa.

- Bobagem, você é maravilhosa da sua forma, e por favor me chame de Lis.

- Certo, Lis. Bom eu só tive um namoro que foi horrível, era abusivo, um homem escroto, durou 6 meses. E depois que eu descobri que esse cara era um plano do meu pai babaca para conseguir dinheiro da minha mãe, achei mais motivos para terminar com essa besteira. Então resumidamente, tive só um relacionamento que não me rendeu nada bom, nem a virgindade ele me tirou, por que segundo ele eu era muito feia para se comer. E desde então entrei em uma vida celibatária sem vontade de homem nenhum na minha vida. É isso.

Uau, que história. Grace era irmã mais velha, tinha dois irmãos de outro casamento do seu pai, teve um relacionamento com um babaca que abusava dela. Sua mãe, a senhora Verena Wespianski depois de separar do marido conseguiu ser promovida a gestora de uma empresa de containers aqui em Seattle, e moram só as duas desde então. Com esse resumo geral, acho que minhas pesquisas sobre ela cessaram por completo, assim como minhas cartas misteriosas.Talvez tenha sido só o que imaginei de início, uma pura coincidência e um grande engano.