Tu toca meu coração de uma forma longínqua. Percorre minha pele como se já soubesse onde começa minha cicatriz, as estrias e meus sinais. Me conhece de cor.
Amarelo, como o sol. Propagação retilínea da luz que me faz te enxergar, me absorve ao teu olhar. Sou todas as cores em um, sou sortilégio. Sou céu que preenche as lacunas, as tormentas, as demandas de nuvens que flutuam perdidas ao meu encalço, porque também sou ar.
O azul do mar toca o infinito do vazio e faz contraste com o universo. Pode me ver do espaço, mas não pode me tocar. Não me toca porque já movo em constante maresia, faço rebeldias com ondas que dançam e correm para a terra. A refração me parte ao meio. Metade sem ti, mas continuo inteiro.
A flor que desabrocha. A borboleta que luta por uns dias a mais. Sou tão efêmera quanto. Mas tu és póstumo. És onde começa e termina o mundo. És infinito de espaço e infindável de tempo. Molda o universo como pode, mas não tem nada. Então só põe amor e torce pra dar certo. Foi assim que me criou.
Reflete o pensar do qual me tirou. Senta, olha pela janela e me observa. Observa o cantar dos pássaros e eles cantam pra ti. Eles pousam em mim. Eles vivem em nós.
O teu coração me antecede. Caminha e se perde comigo neste jardim de flores que antes mortas e maltratadas, revivem.Voa comigo e pousa onde antes já foi terreno habitado, agora a terra é tão mórbida quanto teu olhar. Cada grão de areia miserável chora, assim como eu.
Ao fim do que antes contemplou, as palavras que tu me disse flutuam ao meu entorno e se estendem, até que se quebrem, até que se partam, assim como partirei. A saudade de quem já não existe, persiste. Vou para deixar contigo o meu amor.
Partir é necessário. É esclarecedor. E é a única certeza que tenho.
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Poeta Falho
PuisiO amor é um sentimento tão valorizado que transborda do coração para os versos.