Desabo ao teu olhar

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Veja o efeito de teu riso no meu: a alegria que dilacera o peito, razão da minha felicidade genuína e momentânea. É causa do teu amor que prevalece pelo meu peito morno, pois faz do corpo febril, mesmo que traga toques frios.
Quando o sorriso escapa dos teus lábios para me chegar ao coração é tarde demais. Tempo escasso para nós dois. Arde o fogo de Nero na pele, chamas que incendeiam a carne. Consomem o verniz da tua casa, reagem com a química que constrói e molda todo o ser da nossa inútil existência.
E sou tão medroso, porque deixo que incedeie. Deixo que faça fogueira, que maneie tormentas, que preencha as lacunas dos pensamentos que não se completam. Nesses desvaneios mergulhados nos mais profundos dos mares, no mais íntimo de nós. Nós que de ondas fogem, abrigando o conforto de um último abraço do qual ainda ouso lembrar. E é nesse curioso traçar de lábios que me perco, o costume de seguir com calmaria nunca foi proveitoso. Não me faça inveja quando possa me fazer feliz. Não fale aos bocados de nosso amor.
Descrevo a curvatura da qual você me cedeu em um texto de palavras miúdas, com pesar mofino de moço doente, em um compasso manso porque não sou de correr para te ter.
Se te amo é devagar, com proveito do teu ser. Valorizo cada parte e as que me fazem falta eu recogizo e as amo novamente.
Não preciso de esforço para te amar.

Poeta FalhoOnde histórias criam vida. Descubra agora