Capítulo 20

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Troco o pé de apoio antes de servir mais vinho a Chang Lín , vários outros generais e príncipes também estão sentados ao redor no pátio principal, ele não falou nada mais sobre me punir, minhas costas latejam a cada movimento que faço, estou com um vestido branco como a neve, e alguns grampos foram entregues a mim assim como um creme perfumado para o rosto então me sinto melhor do que anteriormente, várias outras escravas servem os outros homens e bailarinas dançam graciosamente entretendo os convidados, eles parecem não me notar ou saber quem sou e no íntimo agradeço por isso.

- Sirva mais vinho!

Relutante o obedeço, sinto que devo o obedecer pelo menos por um dia depois de ter livrado Li-Wei, o sirvo mas meus olhos são atraídos para o portão onde mais um convidado chega, um homem alto com o cabelo parcialmente preso e vestindo finas vestes azuis, conforme ele se aproxima suas feições se tornam mais familiares para mim, me afasto rápido ao perceber que enchi de mais sua taça.

Logo depois de receber uma taça ele faz um brinde ao anfitrião e se senta, escravas logo vão a ele o servir e entreter, por alguns segundos não consigo desviar meus olhos dele, meu coração palpita de alegria ao vê-lo, seu sorriso não mudou nada ao passar dos anos, seus olhos passam por todos e param em mim então ele se vira sorridente para uma escrava pedindo mais vinho. Ele não me reconheceu? Estou enganada? Me sinto observada e vejo que Chang Lín está olhando para mim então baixo meus olhos o mais rápido possível para que ele não note para onde estava olhando.

- Soube que a gōngzhǔ é uma excelente dançarina como não existe igual em toda Líang, assim como sua beleza, por que não a chama para nos entreter Chang Lín?

Engulo em seco, eles parecem lobos prontos para o ataque, repito em minha mente todos os livros de estratégia que já li, os de poesia e etiqueta também.

- A gōngzhǔ está doente por falta de sua casa mas lhe garanto Lu Hei que as palavras de poetas e cantores superestimam sua beleza.

Chang responde e eles riem, sinto meu rosto esquentar de vergonha.

- É realmente triste.

O mesmo homem fala e logo em seguida faz um brinde ao último homem que chegou, vejo que ele me olha de relance antes de retribuir o gesto.

A tarde passa lentamente, o tempo é uma tortura e me sinto inquieta mas tento não demonstrar, nunca é bom mostrar que você tem uma jogada antes de poder fazê-la e sem ao menos saber se poderá, quando o último homem vai embora sou mandada de volta ao meu quarto apenas com um aceno de mão. Vou em passos rápidos quase correndo para meu quarto, ao entrar vejo a figura de um homem de costas na janela.

- Gēgē!

Digo um pouco mais alto do que gostaria de ter dito, ele se vira e vem rápido em minha direção segurando meus ombros.

- Mei está ferida? Lhe machucaram?

Faço que não com a cabeça mesmo sendo mentira.

- Estou bem! Meu pai imperial o enviou? Por que você? Já fazem cinco anos que você foi embora, achei que nunca mais fosse ver você.

Pergunto rápido e sem me importar com ser formal por ele ter um status tão elevado quanto o meu, afinal nós crescemos juntos.

Sinto seus braços me envolverem em um abraço e deixo escapar um pequeno gemido de dor ao sentir ele tocar minhas costas.

- Sinto muito Líang Mei, foi tudo minha culpa eu devia ter voltado, devia ter vindo antes mas a cidade está cheia de espiões, seu pai enviou centenas deles e estão por toda cidade e sendo caçados, eu precisei fingir que não a conhecia para conseguir chegar até aqui como convidado sinto muito!

Sinto as lágrimas molharem sua roupa e meu rosto, lágrimas de felicidade por ver ele vivo, saudável e por saber que ele não me abandonará aqui.

- Gēgē...

Não consigo dizer nada, soluços escapam por minha garganta.

- Sinto muito ter passado por isso Mei, mas eu preciso que você seja forte agora, eu vou te tirar daqui mas você não pode fazer barulho e tem que se segurar firme em mim, não vai ser fácil esse lugar é uma fortaleza.

Ele se afasta ligeiramente e me olha nos olhos e sorrio de leve enxugando minhas lágrimas com os dedos.

- Você consegue né, como quando fugiamos das suas servas e dos seus professores.

Respiro fundo tentando me conter e faço que sim com a cabeça, confio minha vida a ele, sabia que não seria esquecida.

A queda de LíangOnde histórias criam vida. Descubra agora