A queda de Líang

Capítulo 67

(Shang Lín)

Dou um leve tapa na cabeça de Tiang Ming.

- Como pode acreditar em um truque tão simples?

Ele abaixa a cabeça envergonhado porém não fico bravo, sei como ela é inteligente e lembro de até mesmo ter caído no mesmo truque bobo, porém me preocupa ela sair sozinha, sei que se encontra com espiões de confiança de seu pai, espiões que foram deixados a seu serviço porém o objetivo deles deve ser levá-la de volta a Líang.

Mas saber que ela voltou em segurança para casa mais uma vez faz meu coração se acalmar. Dou as costas ao jovem Tiang Ming.

- Quero que fique a noite toda durante quatro dias de guarda no portão sul como castigo por ter perdido minha esposa.

Digo antes de entrar, paro uma serva que me informa que Líang Mei está na biblioteca, caminho ansioso pelos corredores após um dia longe de minha esposa, um dia que me pareceu uma eternidade, meu coração clama por ela, porém antes de entrar escuto um choro baixo e abafado, abro a porta lentamente sem fazer barulho, Líang Mei está sentada de costas para mim, consigo a ver tremer e soluçar abafando o choro em uma mão.

- Sei que está aqui.

Ela fala respirando fundo, me aproximo dela e vejo sobre a mesa a sua frente mapas, mapas de Yan, Jin e mais acima um mostrando todo território de Líang, me ajoelho ao seu lado em silêncio, seus olhos estão avermelhados e suas bochechas coradas, tiro um lenço de minha roupa e enxugo uma lágrima que escorre por seu rosto.

- Sofro ao pensar em meu povo, sinto falta de casa.

Sinto uma leve dor ao ouvir chamar Líang de casa, mas seu coração doce sofre por pensar no sofrimento de toda uma nação, é como um líder deve ser.

Largo o lenço sobre a mesa e passo meus dedos por seu cabelo percebendo que ela se acalma quando o faço.

- Me preocupa Yáng Shun tomar Yan, se Yan cair Líang nunca mais se reerguerá.

Suspiro com suas palavras.

- Não se preocupe com isso, a cidade está preparada para receber um ataque, os armazéns estão cheios e o exército de Yan pronto com as espadas e lanças afiadas, estamos prontos caso ele consiga chegar até nós porém seu marido nunca será inferior a Yáng Shun e eu não permitirei que ele chegue até a capital.

Sinto ela escorar a cabeça em meu ombro, observo todos os rolos e mapas abertos sobre a mesa e me pergunto por quanto tempo ela está os estudando.

- De fato, embora seja difícil eu acredito em sua vitória meu marido.

Encosto meus lábios em sua testa lhe dando um pequeno beijo.

- Sim, não importa quão difícil a situação, sempre haverá um meio.

A tranquilizo, com certeza chegou aos seus ouvidos o reagrupamento do exército de Yáng Shun, em breve ele tentará mais uma vez cruzar a fronteira com Yan.

- Certo, vamos voltar a nossos aposentos, já está tarde e tivemos um longo dia separados, não devemos mais pensar em coisas tristes por hoje, por que não me conta como deixou Tiang Ming tão assustado?

A vejo sorrir para mim e me levanto mas então vejo seus olhos passarem mais uma vez pelos mapas antes que eu a erga.

- Espera, eu estive pensando em algo, vamos fazer uma aposta, se vencer eu vou para cama e se perder terá que realizar um desejo meu.

Me sinto curioso com sua proposta, ela sorri para mim e a curiosidade fala alto em meu peito.

- Que tipo de aposta?

Ela se levanta sem minha ajuda, e caminha em volta de mim.

- Existe uma cidade na Fronteira de Jin, uma pequena cidade com grandes plantações de arroz, vamos escrever o nome dessa cidade ao mesmo tempo e se acertar você vence.

Contenho minha vontade de sorrir e pego um pincel escrevendo rapidamente dois caracteres em um pedaço de papel assim que os escrevo entendo o que ela procurava, estendo a mão fechada com o papel para ela que faz o mesmo, abro a mão assim que ela abre a sua e sorrio ao ver os mesmo dois caracteres escritos em sua mão, ela sorri para mim. Sinto minha mente em sintonia com a sua e entendo o que passa em cabeça, olho de relance para os mapas e então volto minha atenção para ela a erguendo em meus braços.

- Eu ganhei, agora precisa ir para cama.