Capítulo 11

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 Não sei a quanto tempo estou parada nessa mesma posição mas minhas pernas já doem um pouco pelo simples esforço de se manterem paradas, encaro o pequeno frasco branco sobre a mesinha mas não o toco, não quero ficar com uma cicatriz em meu braço mas como poderia ser mesmo algum remedio afinal ele que me machucou então por que me daria um remédio?

 Olho para meu braço enfaixado e um pouco vermelho e suspiro, viro minhas costas e volto para a janela abandonando o frasco intocado suspiro pensando em casa, espero que ao menos minhas irmãs estejam bem assim como meu pai, eu aguentaria qualquer coisa para protegê-las, sinto uma lágrima molhar meus lábios.

- Gōngzhǔ...

Me viro vendo a jovem criada que me acompanhara mais cedo Li-Wei, ela está ligeiramente curvada e estende algumas roupas de um tecido mais fino, pego as peças de sua mão sentindo o tecido mais macio do que o que estou usando mesmo assim não se compara a beleza dos tecidos reais de Líang.

- Obrigada Li-Wei.

Ela me olha com os olhos mais abertos que o normal e volta a ficar com a postura reta.

- Não me agradeça Gōngzhǔ.. o senhor Shang quer que esteja apresentável para...

Ela para de falar abruptamente como se tivesse levado um susto.

- Para que Li-Wei?

Pergunto me aproximando um pouco mais.

- Falei de mais Gōngzhǔ, mereço ser punida....... por favor Gōngzhǔ vistá-se a prenda o cabelo.

Ela faz uma leve reverência como se não tivesse certeza do que estava fazendo e sai.

Há uma luta interna dentro de mim e o fim o medo, a vaidade ou quem sabe os dois acabam vencendo meu orgulho e temor, acabo de me vestir e prendo parte de meu cabelo em um coque com tranças, algo simples que consigo fazer sozinha e sem a ajuda de minhas antigas criadas, mesmo assim demoro quase o dobro de tempo para me vestir e ficar mais apresentável, sinto um pouco de minha dignidade ser devolvida a mim, é um vestido de um rosa claro como as pétalas das cerejeiras as mangas são largas e há uma faixa para minha cintura, observo a pequena faca em minha mão e me pergunto mais uma vez sobre quem poderia ter a deixado sob meu travesseiro. Escondo o objeto na faixa em minha cintura de um modo que seja impossível ser visto e suspiro tentando manter todas as emoções que guerreiam em meu peito trancadas no coração para que não saiam por meus olhos.

Escuto a porta se abrir e vejo o assassino atrás dela, sua expressão como sempre não mostra nada mas por alguns segundos vejo um brilho passar por seus olhos, algo como repulsa ao me observar.

- Me acompanhe.

Ele vira as costas e o sigo quase imediatamente me sentindo aliviada por poder sair do quarto mas logo outro sentimento me atinge o medo de não saber o que está por vir.

Caminhamos por alguns minutos passando por vários corredores e por alguns pequenos jardins até sairmos para o pátio interno da casa perco o ar por alguns instantes, é um amplo pátio com vários  soldados praticando um estilo de luta que eu nunca havia visto ou até mesmo ouvido falar, eles não vestem armaduras mas sim simples roupas de um tom azul escuro com uma túnica do mesmo tom, seus movimentos são sincronizados e belos como se estivessem dançando, uma dança mortal, penso comigo mesma e tento desviar meus olhos em vão pois eles foram cativados pelos estranhos movimentos desses soldados e engulo em seco ao pensar em quão perigosos eles podem ser para o império Líang.

- Onde está me levando Xiongshou?

Pergunto e ele para de caminhar, vejo sua postura mudar, ele se vira para mim por alguns segundos, penso que ele vá dizer algo, o que ele quer? Por que está fazendo isso? Onde exatamente estou? Pra onde está me levando? Mas ele apenas se vira e volta a caminhar, alguns guardas param e olham para nós, sinto o peso de seus olhos afiados mas me recuso a baixar a cabeça.  Ele para em frente à um cavalo negro e sem eu perceber seu movimento ele me ergue e coloca sobre o animal, logo sinto ele montar atrás de mim, sinto meu rosto esquentar de vergonha, não sei cavalgar mas desejo que ele fique o mais longe o possível de mim o que é impossível em apenas um cavalo, em poucos minutos saímos por um portão lateral.

A queda de LíangOnde histórias criam vida. Descubra agora