Capítulo 10

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  Ao acabar de comer sou mandada de volta a meu quarto junto com a jovem que me guiou até aqui, caminho com as costas retas mas a cabeça baixa, não derramo uma unica lágrima e lembro a mim mesma quem eu sou e de onde venho.

 - O senhor logo solicitará sua presença!

 A garota diz assim que entro em meu quarto, me viro para ela antes que feche a porta, talvez ela venha a me ajudar.

- Qual seu nome?

 Vejo seus olhos se abrirem mais de surpresa e ela recua um pouco com a pergunta.

- Li-Wei.. Gōngzhǔ.

 Sua voz sai mais fraca e percebo que ela deve ser mais jovem do que havia julgado anteriormente. Apenas aceno com a cabeça tentando pensar em um meio de enviar uma mensagem para o imperador, talvez essa garota possa fazê-lo mas não quero assustá-la. Escuto a porta se fechar e minha oportunidade ir embora.

 Me viro de costas para a porta e olho mais uma vez para o espaço a minha frente, as paredes são ornamentadas com pinturas de longos galhos cobertos por folhas verdes e passáros voando, há uma janela com uma cortina  branca de um tecido fino. Caminho até a cama com passos lentos mas não suporto chegar até ela e desabo em lágrimas, arranho o chão de madeira  que faz com que farpas machuquem meus dedos e os faça sangrar, tento gritar mas nem um som sai por minha boca.

 O tempo passa e aos poucos consigo me recompor e ficar de pé, caminho até a janela e abro apenas uma fresta nas cortinas para olhar para fora, há um amplo jardim com varios soldados e servos transitam por ele, a janela fica de frente para a entrada principal como que me desafiando a pular sem ao menos me importar com os ossos quebrados, pela altura em que me encontro, e correr para fora de encontro com a liberdade.

  Me viro e vejo o homem parado me observando, me assusto ao vê-lo ali e por alguns segundos penso que ele possa ver tudo que se passa em minha mente, não sei se ele espera que eu faça algo como implorar, me submeter a ele ou me curvar mas não o faço ao contrario espero que ele faça o primeiro movimento mas ele não o faz apenas me observa com seus olhos sem expressão alguma ou algum brilho que demonstre que ele tem sentimentos em seu coração, tento manter o contato visual mas acabo cedendo e baixando a cabeça desviando meus olhos, meu coração está acelerado e não consigo deixar de pensar em todos os modos que conheço que ele possa usar para me machucar e nas centenas que desconheço.

 - Esse remédio vai ajudar a não deixar cicatriz em seu braço, use se quiser.

 Ele coloca um pequeno frasco branco sobre a pequena mesinha perto do espelho, antes que consiga argumentar uma criada aparece apressada e se curva de joelhos de forma desajeitada.

  - Xiānshēng!

 Ele se vira para ela e apenas acena com a mão, ela se levanta e estende com as duas mãos um rolo, ele o toma de suas mãos e o abre ignorando minha presença ele o lê, sinto meu peito palpitar de ansiedade, será uma carta de meu pai, talvez uma oferta para que me liberte? Abro a boca várias vezes mas volto a mantê-la fechada, o assassino apenas vira suas costas e sai seguido pela serva que também ignora o fato de eu estar ali.

 Me sinto desolada e humilhada por minha atual situação e pela forma que até a mais simples serva dessa casa me trata, no momento que a serva entrou algo que eu temia se comprovou verdade, o homem que me aprisiona não é um servo habilidoso ou um simples assassino, ele é o senhor de uma vasta casa e parece ter dezenas, talvez centenas de servos e soldados a sua disposição e prontos para lhe servir e obedecer. Engulo em seco algumas vezes e começo a revistar o quarto em busca de algo que me ajude a escapar ou até mesmo um simples pincel.

A queda de LíangOnde histórias criam vida. Descubra agora