Capítulo 27 - Isabelly/ Amin

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Isabelly


Eu fui da alegria à tristeza em fração de segundos. O que eu poderia falar para Amin. A verdade? Não, isso não...

- Amin, sobre isso eu não quero falar, espero que enten...

- Entender? Qual é a porra do segredo que você esconde, Isabelly? Eu quero fazer de você minha mulher e você ainda quer esconder as coisas de mim? – Ele gritava, totalmente transtornado.

- Não é isso, essa é uma parte da minha vida que eu não gosto de falar, preciso esquecer. – Minha voz também estava alterada.

- Por quê? O relacionamento com o pai dele foi tão ruim que não pode nem falar? Ele vem visitá-lo? Vocês ainda têm contato? Ainda gosta dele? RESPONDA, PORRA!

- Eu não vou falar...- As lágrimas banhavam meu rosto, não tinha mais controle do meu corpo, comecei a tremer e quando senti que Amin se aproximava, eu surtei e comecei a gritar descontroladamente.

- O THÉO É FRUTO DE UM ESTUPRO. SATISFEITO AGORA! – Caí sentada no sofá, os soluços cortavam a minha garganta e aquela sensação que tudo estava se quebrando se apossou de mim.

*

Amin

Eu esperava qualquer revelação, menos aquela. Isabelly chorava copiosamente e eu estava estático no lugar. Não conseguia me mover, as últimas palavras dela repetiam com eco em minha mente. Um verme imundo teve a coragem colocar as mãos na minha preciosa e fazê-la sofrer. Quando percebi, já estava de joelhos diante dela, agarrado em suas pernas e chorando também.

- Me perdoe, meu amor. Me perdoe. – Era só o que eu conseguia dizer.

- Eu estava voltando do Jornal Folha de Ouro, nesse dia eu precisei ficar até mais tarde na redação e acabei perdendo a minha carona. Na época tínhamos apenas um carro em casa, eu andava de ônibus. Morávamos em outro bairro, o ponto era um pouco distante de casa, mas sempre voltava de carona, então não tinha com que me preocupar. – A voz de Isabelly era baixa, seus olhos focavam em um quadro na parede atrás de mim. Ela estava aqui, mas suas lembranças estavam longe.

- Como disse, eu voltei de ônibus, era por volta de 10 horas da noite, quando desci no ponto e caminhei até minha casa. No meio do caminho, encontrei dois rapazes que mexeram comigo. Apertei o passo, praticamente corri, mas não foi suficiente. Eles me alcançaram. – Segurei seu rosto, fazendo com que olhasse para mim.

- Não precisa continuar, amor.

- Preciso, Amin. Quero colocar toda essa dor que guardo há mais de cinco anos para fora. – Apenas assenti e esperei que continuasse.

- Eles me levaram para um beco escuro. Eu gritava e esperneava, mas parecia que isso era combustível para eles. Me bateram, rasgaram minhas roupas, me violentaram. Quando tudo acabou, eu não tinha forças para mais nada, mesmo assim, consegui ir me arrastando até a avenida e pedir socorro. Um casal de idosos passou na hora e me ajudou, chamando a polícia e uma ambulância.

- Eles foram presos? – perguntei.

- Sim. Eu prestei queixa, fiz um retrato falado e um mês depois, eles foram presos.

- Como foi descobrir a gravidez?

- Nós ficamos muito abalados com o ocorrido, a maior preocupação era ter contraído alguma doença, principalmente AIDS. Fiz vários exames e graças a Deus não tive nada. Eu fazia terapia, pois às vezes acordava com pesadelos ou lembranças do que aconteceu. Fui voltando à rotina, comecei a ir ao jornal apenas em um horário, só para sair de casa e me envolver com alguma coisa diferente. Foi aí que tive uma tontura muito forte e desmaiei. Ana, minha chefe no jornal, me levou para o hospital. Fiz exames e quando o resultado chegou, o médico reuniu meus pais e irmão e contou que eu estava grávida. Eu chorava muito, o desespero tomou conta de mim. O médico me disse que eu poderia abortar, estava no meu direito, mas não achei justo uma vida pagar por um erro de dois covardes sem coração. Levei a gravidez adiante e veio o Théo, o meu príncipe. Agora você sabe... Théo é meu filho, só meu, ele não tem pai.

- Tem sim – ela arregalou os olhos e antes que respondesse, eu falei. – Eu quero ser o pai do Théo. Quero formar uma família com você, te fazer feliz. Eu já te admirava, preciosa, agora te admiro ainda mais, te amo ainda mais, te desejo ainda mais...

Tomei seu rosto em minhas mãos, limpando suas lágrimas. Deixei pequenos beijos pelo seu rosto e por fim tomei sua boca, mostrando-lhe todo o meu amor por ela. O beijo foi se intensificando, as mãos foram tocando partes de nossos corpos, satisfazendo o desejo que queimava em nossa pele.

- Amin, alguém pode chegar.... - A respiração entrecortada de Isabelly, demonstrava o quanto ela estava entregue.

- Seu quarto, preciosa. Preciso de você...

Antes que terminasse de falar, Isabelly puxou-me pela mão, guiando até o seu quarto. Não consegui reparar em nada, apenas tomei novamente seus lábios e matei a saudade que sentia do amor da minha vida. Amei minha preciosa, mostrando que nada era melhor do que estar com ela, amando, venerando, encontrando meu lugar no universo.

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Difícil, né meninas... Mas, infelizmente isso acontece.. e cabe a nós denunciarmos... Abuso sexual é crime! 

Espero que tenham gostado do capítulo e não esqueçam de deixar a estrelinha e aquele comentário mara que tanto amamos! <333

Beijos...

Um amor em Dubai [[Completo]]Onde histórias criam vida. Descubra agora