Capítulo 17 - Isabelly

5.3K 479 23
                                    

- Eu tenho um filho. Ele se chama Théo, tem quatro anos e... – Comecei, mas fui cortada por um Amin abobalhado.

- Espera! Nós ficamos juntos por mais de quinze dias e você nunca revelou que tem um filho. O que mais você não me disse? Seu nome é Isabelly mesmo? É realmente jornalista, ou o pior, é casada? – Recebo seus questionamentos como um soco no estômago. Não queria envolver minha família e principalmente meu filho no que vivemos aqui. Meu lugar é no Brasil e por mais que esse sentimento que dominou meu coração durante esses dias seja forte e intenso, tenho que ser realista, esse relacionamento não terá futuro.

- Amin, eu não menti pra você, eu só...

- Omitiu a existência de uma criança. – Seu tom era acusatório, o homem a minha frente, com o semblante de repulsa, não parecia nem um pouco com o Amin que esteve comigo todos esses dias. Eu andava de um lado para outro com o celular na mão esperando por notícias e sendo questionada e acusada.

- Você vai me ouvir? – questionei, já sem paciência e com um semblante fechado. Eu reconhecia o meu erro, mas eu não deixaria ninguém me humilhar ou questionar o meu caráter.

- Claro. Fale.

- Théo tem 4 anos. Nós moramos com meus pais e meu irmão como te disse quando começamos a ficar juntos. Somos apenas ele e eu.

- O que aconteceu? – questiona com o semblante um pouco mais aberto, demonstrando preocupação. Nesse instante o celular toca novamente, é o Nicholas.

- Nick. Me fala do Théo. – Vi Amin se aproximando e fez sinal para que eu colocasse no viva-voz e assim eu fiz.

- Calma. Respira fundo. O Théo vai ficar bem. Por causa da batida ele trincou o cotovelo e já está com o gesso e tipoia. Teve um corte na testa e reclamou de dores de cabeça.

- Ai meu Deus! – exclamei e tive que me assentar, pois minhas pernas estavam bambas.

- Calma e me deixe terminar. Os médicos fizeram exames e uma tomografia. Não tem nada, mas ele ficará em observação.

- Graças a Deus. – O alívio inundava minha alma. Meu menino estava bem.

- Mamãe foi pra casa buscar roupas para ele e papai está com o nosso menino no quarto. Vou levar o telefone para você falar com ele.

- Obrigada, Nick.

Em poucos segundos, ouvi a voz que acalmou meu coração.

- Mamãe! Mamãe! Você já está chegando? – Théo falava rapidamente, sem nem respirar. Chorei e ri ao mesmo tempo.

- Oi meu amor, mamãe vai chegar logo, logo. Como você está?

- Bem. Tio Nick já fez um desenho no gesso. Amanhã quando for embora, vou tomar sorvete, o vovô prometeu.

- Oh meu bebê. Mamãe te ama mais que tu...do. – solucei. – Obedeça o vovô e o tio Nick.

- Tá bem. Mamãe, não esqueça meu presente. Te amo um tantão assim. – Fechei os olhos e imaginei meu menino esticando o bracinho em um gesto que fazíamos desde sempre.

- Também te amo um tantão assim. – Não me importei com a presença silenciosa de Amin e abri os braços, como se Théo pudesse me ver.

- Belly – chamou Nick -, vou desligar e qualquer coisa, te ligo. Um beijo.

- Um beijo e obrigada por tudo.

Quando a ligação foi encerrada, chorei toda a angústia e apreensão que vivi. Encolhi-me em posição fetal e chorei. Senti a cama se afundando e Amin passou a mão em meus cabelos e costas, acalmando-me. Ficamos em silêncio até que ouvi a campainha do quarto tocar. Amin levantou da cama, vestiu uma calça – só agora percebi que ele ainda estava de cueca – e foi atender.

- Onde ela está? – ouvi a voz de Pedro.

- Entre.

- Belly... – Pedro me abraçou apertado. – O Nick me ligou. Tentamos trocar as passagens, mas não tinha voo disponível.

- Ele está bem, Pedro. Mesmo assim dói. Ele é só um bebê.

- Ele é forte, um vitorioso e você, melhor que ninguém sabe disso. – acenei afirmativamente. Meu menino passou e passa por tanta coisa e está sempre com um sorriso no rosto.

- Isabelly, - levantei a cabeça ao ouvir a voz de Amin. – Pedi ao meu piloto que prepare o meu jato. Em quarenta minutos tudo estará pronto para você e seus amigos retornarem ao Brasil.

Fixei meu olhar em Amin, havia dúvida, mágoa, mas acima de tudo um brilho de amor e compreensão no seu olhar.

- Obrigada, Amin. Não sei como te agradecer.

- Não precise, apenas seja feliz. Até mais.

Amin pegou seus pertences sobre a mesinha e saiu, dando-me um último olhar. Meu coração voltou a ficar apertado, pequenininho, algo dentro de mim gritava para que eu não o deixasse partir, para lutar por ele, por nós. Mas não foi isso que eu fiz. Meu filho, neste momento, precisava mais de mim do que qualquer outra coisa. Os momentos que passei em Dubai nunca serão esquecidos. Amin será para sempre o meu amor, porém agora Théo precisava de mim.

Pedro saiu e cinquenta minutos depois, minha equipe de trabalho e eu erámos levado até o Aeroporto de Internacional de Dubai, onde embarcamos em um jatinho para o Brasil. A ausência de Amin foi a confirmação que precisava: agora era só lembranças.

### 

Aii que dozinha desses dois! Poxa vida...

Espero q vcs estejam gostando!!
Beijos, Nina.

Um amor em Dubai [[Completo]]Onde histórias criam vida. Descubra agora