Capítulo 7 - Verdade Anacrônica

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No dia seguinte, Luna ouviu batidas na porta de seu quarto. Lá fora, alguém pedia desculpas por acordá-la. O que a pessoa do outro lado não sabia, era que Luna mal pregara os olhos a noite toda. Ao escancarar a porta, Luna deu de cara com a Rainha Caelis, que segurava uma chave de cor roxa.

— Majestade, feliz alvorada — cumprimentou Luna, surpresa com a repentina visita.

— Obrigada — disse a rainha, não entrando no quarto. — Não vou tomar muito o seu tempo. Gostaria de saber se você está bem? — Algo no olhar da rainha demonstrava nervosismo.

— Claro! Estou ótima — mentiu Luna. — A governanta Insli me deu uma pomada curativa ontem à noite — contou.

— Fico feliz por saber. De todos os convidados de ontem, eu fui a única que não a presenteou. Tome — a rainha entregou a chave para Luna, — este é apenas o primeiro presente. Quando eu lhe der o segundo, entenderá a razão deste ser uma chave.

Luna guardou o objeto no bolso enquanto observou a rainha Caelis seguir pelo corredor com o passo apressado.

*****

Antes do entardecer, Luna resolveu caminhar pela jardim do castelo real. Existiam plantas de várias espécies por ali. Ao arrancar uma orquídea do galho, a garota Hyacinthum estranhou o definhamento acelerado da flor; as pétalas morreram, caindo ao chão. A seiva que escorreu exalou um odor pútrido, deixando Luna intrigada.

— Feliz alvorada, Luna — cumprimentou o rei, surgindo repentinamente.

— Feliz alvorada, majestade — respondeu ela, disfarçando sua preocupação, escondendo os restos da orquídea atrás de si.

Era a oportunidade de Luna cumprir o que prometeu a sua família. Ela buscou coragem para fazer uma súplica.

— Vejo que está se familiarizando ao poucos — disse o monarca. — Por favor, se desejar sair fale com o guerreiro Satalles! — pediu o rei, mas o tom de sua voz fez o pedido parecer uma ordem.

Luna percebeu aquilo, mas conteve sua estranheza. Ela decidiu guiar a conversa.

— Vosso jardim é belo majestade — falou Luna. — Podemos conversar por alguns minutos?

O rei sorriu para ela e sentou-se em um banco de pedra, ornamentado com ramos de oliveira. Ele olhou para ela e assentiu para que prosseguisse.

— Gostaria de fazer um pedido, rei Solis — informou Luna.

— Com tantos presentes ganhos na noite passada, ainda quer mais? — disse o rei, surpreso.

Luna não procrastinou, ela foi diretamente ao ponto:

— Nenhum presente me faria mais feliz que a presença de minha família. Existe a possibilidade deles ganharem O Passe?

A expressão no rosto do rei foi de alguém que tomara um tapa. Luna sentiu o escárnio no olhar de sua majestade.

— Como ousa solicitar isso? — as palavras saíram ríspidas da boca do rei. — Eu tive que quebrar uma lei, para deixá-la residir em Soberania, Luna. Eu a acolhi em meu castelo, fiz uma festa em sua homenagem. Não é o suficiente?

Luna ficou em silêncio por alguns segundos.

— Não — Disse ela. Sua voz saiu áspera — Vossa majestade, perguntou se foi o suficiente. Minha resposta é não! Nunca será o suficiente para mim se minha família não estiver aqui!

Fruto PodreOnde histórias criam vida. Descubra agora