Epilogue

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Quatro meses depois...

É engraçado a forma de que de alguma maneira queremos que o nosso primeiro amor seja o único como se o coração fosse capaz de amar apenas uma vez uma pessoa e amar ela para sempre. De alguma forma, sempre iremos sentir algo por quem foi nosso primeiro amor, mas eu tenho a certeza de que o mais importante é sentir gratidão, porque ele é com toda a certeza uma experiência e um aprendizado para crescermos de alguma forma. O primeiro amor, tem algo de poderoso. Porque ele não vem de traumas anteriores, ele é cheio de expectativas, sonhos, ingenuidade é é apenas poderoso pois no primeiro amor tudo é novo.

Contudo, achar que seremos capazes de amar uma única vez é uma mentira enorme porque o coração é sempre capaz de amar enquanto estivermos dispostos a amar. Porque somos pessoas passíveis de mudanças, pessoas capazes de se adaptar e amar o novo enquanto estivermos dispostos para isso. É claro que eu amei novamente, fui amada novamente e eu me sinto extremamente grata por esses amores que eu tive. Porque eu cresci pensando que ficaria sozinha para sempre, que os garotos que me rejeitaram, que me usaram seriam os únicos da minha vida e eu morreria sendo uma garota que nunca teve boas experiências com relacionamentos, com a sensação de amar algo recíproco. Felizmente, eu encontrei esse tão procurado amor e felizmente deu certo, porque nem sempre dá.

E para mais, muita coisa mudou em mim mesma, do que há três anos atrás, comigo, com todas minhas inseguranças e anseios que agiam de forma negativa. Hoje eu me sinto como uma mulher crescida e não há nada que eu não possa fazer. Inclusive, eu posso muito bem comprar meus vestidos ou calças da Versace sem o menor problema. Quem poderia imaginar que tudo poderia mudar em três anos? Passou assustadoramente rápido e tanta coisa aconteceu. Que machucaram a mim, mas que me curaram também, tudo isso com o tempo, um tempo que jamais para e isso às vezes é assustador, mas não quero pensar tanto nisso. Quero aproveitar cada segundo e respirar a cada momento, aproveitando tudo, estando apaixonada e me apaixonando a cada segundo.

— Angelina, o que acha de paramos agora? -Daniel pergunta, o rapaz está suado e cansado. Nós estávamos andando de bicicleta em uma manhã de sábado. Nossa meta, cinco quilômetros, todo sábado. Pode parecer pouco, mas no início foi exaustivo e de manhã todos os dias, exceto no sábado, nós andamos dois quilômetros e meio de bicicleta. Nunca pensei que teria toda essa disposição, mas Daniel sabe me tirar da cama para me exercitar.

— Eu acho genial, eu preciso de algo gelado. Como água de coco, seria perfeito. -Falo e vejo o quiosque que sempre paramos logo em frente.

— Então vamos. -Daniel fala e passa na minha frente com sua bicicleta laranja. Bufo e apostamos corrida. Aperto minhas mãos com mais força no guidão e pedalo mais rápido. Apesar de estar exausta, eu consigo passar Daniel e não cair, como cai na última vez que fiz isso e ralar todo o joelho, eu começo a frear a bicicleta e paro de frente ao quiosque. Olho para Daniel que ainda estava pedalando, ele está com a cara fechada para mim, eu sorrio e faço pose. O garoto revira os olhos, mas acaba sorrindo, ele para sua bicicleta ao lado da minha e vem até mim.

— Ganhei, de novo. -Falo me gabando. — Mas quem é que está contando não é mesmo?

— Engraçadinha. -Ele resmunga e eu solto uma risada. — Só ganhou porque ontem eu tive que carregar todas suas caixas pesadas da mudança.

— Mentira, eu carreguei algumas. -Defendo-me, mas a verdade foi que Daniel carregou muitas caixas, literalmente.

— Ahan. -Ele fala e começa a andar na frente. Eu sorrio e sinto meu celular vibrar, franzo minha testa e vejo que é uma mensagem de Harry.

Desde o dia que eu disse que poderíamos tentar começar de novo, ele está levando isso a sério. Sendo que, desta vez está sendo diferente do que foi na última vez, ele está me chamando para encontros reais, nada de ficar em banheiro, apesar de que eu sinto saudades. Já tivemos dois, o primeiro foi um passeio na praia e uma ida a sorveteria logo em seguida. O segundo foi um filme, aquele clichê que eu pensei que não teria nessa altura da minha vida, mas quem sou para prever o que terei na minha vida?

Além disso, ele vive me mandando mensagens e flertando comigo, quase como começar de novo e eu estou amando isso.

Harry ♥ [09:26]: O que acha de jantar hoje no Filippo? Você ainda não foi lá desde que virou um restaurante e tenho certeza que vai amar.

Eu [09:27] Que horas?

Harry ♥ [09:30] Às 20h Angie Angel. Vou te buscar na sua casa

Eu [09:31] E eu vou estar lá, te esperando, como sempre

Harry ♥ [09:31] E como sempre, eu vou está te pegando de volta.

Sorrio, sinto o frio na minha barriga, irritante, mas indica algo bom, algo que gosto de sentir com Harry.

Eu [09:32] Isso não me parece uma má ideia.

Harry ♥ [09:33] Isso porque você adora o que eu faço quando eu te pego

Eu [09:35] Você fala como se eu não te deixasse louca também

Harry ♥ [09:35] Você é uma maníaca que ama me trancar em banheiros para me sequestrar e eu sou um louco por amar isso.

Sorrio novamente.

No fim, eu apenas não sei, na realidade quem sequestrou quem, mas eu sei que é sempre bom parecer que estamos presos em um cativeiro, longe de tudo, longe de todos, apenas nos amando e vivendo juntos. Criando algo, tendo algo e sendo algo. Eu apenas amo estar presa nessa paixão. De novo e por ele eu me apaixonaria novamente várias e várias vezes como acontece todos os dias desde que cheguei em Los Angeles e essa é a verdade, eu o amo.

FIM.

Stockholm Syndrome || H.S || CompleteOnde histórias criam vida. Descubra agora