Capítulo 6

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Na manhã da segunda-feira, o Isaac e o Daniel chamaram eu e o Jonas pra jogar videogame e quando eu cheguei percebi que nenhum adulto estava em casa.

— Cadê tua prima? — perguntei como não quer nada, quando morri no jogo.

— Tá lá na piscina — o Daniel respondeu pegando o controle da minha mão.

Levantei do sofá e pus uma bala na boca. Eu tinha fumado antes de chegar lá e a Val tinha me falado que não gostava de gosto de cigarro.

— Fica esperto que a galera tá voltando da caminhada daqui a pouco. — o Isaac falou alto.

— Sussa — respondi já quase na porta dos fundos.

Fiquei parado, olhando a Val por alguns segundos. Ela estava uma delícia, dormindo de bruços, meio roncando, usando só um biquini azul. O cabelo espalhado pelas costas, a gordurinha da cintura me chamando pra um beliscão. Agachei ao lado dela e chamei baixo pra não assustar:

— Val...

Nada.

— Valquíria, vem aproveitar a vida.

Ela resmungou e imaginei ela gemendo daquele jeito mais tarde.

Sem raciocinar muito bem, dei um tapinha na bunda dela.

— Lorena! — ela gritou e virou pra trás, irritada.

Arregalei os olhos, o tapa tinha sido uma péssima ideia.

A Val me olhou e abriu um sorrisinho.

— Como você entrou aqui? Seu safado!

Comecei a rir, aliviado. Ela me deu um empurrãozinho e sentou do meu lado, já de bom humor.

Ufa.

Me inclinei em direção a boca dela e a Val falou que o hálito não estava dos melhores. Passei minha bala pra ela. Conversamos por uns minutos sobre não dormir direito a noite, ela contando sobre a família e eu acabei reclamando do Walter, falando da minha irmã e da minha mãe.

— Pronto! A bala acabou!

Ela nem me deu tempo pra responder e me puxou pro beijo.

Mãos pra lá, risadas pra cá, suspiros na orelha e acabamos deitados no chão, ela em cima de mim, com a mão no meio das minhas pernas. Eu estava pretendendo desamarrar o biquini dela quando escutamos a família chegando.

A Val saiu de cima de mim em dois segundos, assustada.

— Tem um portãozinho pra rua detrás.

Eu demorei pra reagir.

— Vem! — ela esticou a mão e me arrastou pro fundo do terreno.

Nós corremos, dando risada.

Eu me enfiava em cada situação com as minas que eu pegava!

O portão estava trancado.

— Droga! — ela ainda ria, só que agora um pouco nervosa.

— Relaxa que eu consigo pular — avisei e pus minhas melhores habilidades de quem já cabulou algumas aulas pulando o muro da escola em prática.

Caí do lado de fora meio desajeitado. Arrumei a tira do chinelo que tinha desencaixado no processo enquanto dava a volta no quarteirão. Bati na porta da dona Diana e o Isaac abriu, e me olhou sem entender nada:

— Mas... — olhou pra trás.

— Fica de boa.

Ele chacoalhou a cabeça, rindo.

Outras vozes de Viradela - by MiguelOnde histórias criam vida. Descubra agora