Na manhã da segunda-feira, o Isaac e o Daniel chamaram eu e o Jonas pra jogar videogame e quando eu cheguei percebi que nenhum adulto estava em casa.
— Cadê tua prima? — perguntei como não quer nada, quando morri no jogo.
— Tá lá na piscina — o Daniel respondeu pegando o controle da minha mão.
Levantei do sofá e pus uma bala na boca. Eu tinha fumado antes de chegar lá e a Val tinha me falado que não gostava de gosto de cigarro.
— Fica esperto que a galera tá voltando da caminhada daqui a pouco. — o Isaac falou alto.
— Sussa — respondi já quase na porta dos fundos.
Fiquei parado, olhando a Val por alguns segundos. Ela estava uma delícia, dormindo de bruços, meio roncando, usando só um biquini azul. O cabelo espalhado pelas costas, a gordurinha da cintura me chamando pra um beliscão. Agachei ao lado dela e chamei baixo pra não assustar:
— Val...
Nada.
— Valquíria, vem aproveitar a vida.
Ela resmungou e imaginei ela gemendo daquele jeito mais tarde.
Sem raciocinar muito bem, dei um tapinha na bunda dela.
— Lorena! — ela gritou e virou pra trás, irritada.
Arregalei os olhos, o tapa tinha sido uma péssima ideia.
A Val me olhou e abriu um sorrisinho.
— Como você entrou aqui? Seu safado!
Comecei a rir, aliviado. Ela me deu um empurrãozinho e sentou do meu lado, já de bom humor.
Ufa.
Me inclinei em direção a boca dela e a Val falou que o hálito não estava dos melhores. Passei minha bala pra ela. Conversamos por uns minutos sobre não dormir direito a noite, ela contando sobre a família e eu acabei reclamando do Walter, falando da minha irmã e da minha mãe.
— Pronto! A bala acabou!
Ela nem me deu tempo pra responder e me puxou pro beijo.
Mãos pra lá, risadas pra cá, suspiros na orelha e acabamos deitados no chão, ela em cima de mim, com a mão no meio das minhas pernas. Eu estava pretendendo desamarrar o biquini dela quando escutamos a família chegando.
A Val saiu de cima de mim em dois segundos, assustada.
— Tem um portãozinho pra rua detrás.
Eu demorei pra reagir.
— Vem! — ela esticou a mão e me arrastou pro fundo do terreno.
Nós corremos, dando risada.
Eu me enfiava em cada situação com as minas que eu pegava!
O portão estava trancado.
— Droga! — ela ainda ria, só que agora um pouco nervosa.
— Relaxa que eu consigo pular — avisei e pus minhas melhores habilidades de quem já cabulou algumas aulas pulando o muro da escola em prática.
Caí do lado de fora meio desajeitado. Arrumei a tira do chinelo que tinha desencaixado no processo enquanto dava a volta no quarteirão. Bati na porta da dona Diana e o Isaac abriu, e me olhou sem entender nada:
— Mas... — olhou pra trás.
— Fica de boa.
Ele chacoalhou a cabeça, rindo.
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Outras vozes de Viradela - by Miguel
Teen FictionNesse clichê jovem adulto sobre aquele cara que disse que nunca ia namorar, até conhecer "aquela mina", Miguel é o garoto que decide começar o ensino médio sendo uma nova pessoa. Ele não vai mais obedecer às regras nem só tirar notas boas. Quem sab...