capítulo sete

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Capítulo VII

Na manhã seguinte, após uma noite tumultuada em que não conseguira dormir, Katie tentou se concentrar nos compromissos que a manteriam ocupada o dia inteiro. Era quase impossível afastar o remoinho de pensamentos que Carver provocara em sua mente, porém sabia que era necessário, e a atitude mais sensata a tomar, no momento, era seguir as metas que traçara para sua vida.
Assim que chegou ao jardim-de-infância foi logo abordada por sua amiga, Amanda Fairweather.
— Katie, espere.
Amanda retirava o filho de quatro anos, Nicholas, que estava sentado no banco de trás da BMW que dirigia.
— Como foi a entrevista com Robert Freeman?
A imagem de Carver Dane instantaneamente povoou os pensamentos de Katie. O encontro que tiveram, e tudo que se passara a seguir.
— Não falei com Robert Freeman — respondeu ela.
— O quê? — perguntou Amanda perplexa, colocando o filho no chão e caminhando em direção a Katie com o olhar repleto de curiosidade. — Desistiu do negócio?
— Não, eu não desisti — observou Katie, rapidamente. — Consegui o financiamento que precisava.
Amanda franziu a testa.
— Seu pai resolveu ajudá-la?
Katie balançou a cabeça negativamente, enquanto abria o portão para Nicholas entrar.
— Fui à financeira que Max me recomendou.
— Mas você disse...
— Robert Freeman estava ocupado. Um dos outros sócios me atendeu.
— E concordou com o financiamento?
— Sim.
— Quem é ele?
— Não importa — retrucou Katie, dando de ombros.
— Oh, Max iria gostar de saber quem foi — insistiu Amanda.
Percebendo o interesse nos olhos da amiga, Katie se deu conta do favor que Max lhe fizera e achou melhor retribuir a gentileza.
— Foi Carver Dane.
— Carver? — perguntou atônita. — Só pode estar brincando! Está querendo me dizer que foi o mesmo Carver Dane que você...
— Exatamente.
— Como assim? Ele não estava estudando para ser médico e trabalhando meio-período como jardineiro?
— Não faço a menor idéia de como chegou onde está.
— Humm... Descobrirei em breve. Max certamente deve saber de algo. — Respirou fundo e continuou: — Surpreendente! O rapaz que seu pai espancou e que não tinha um tostão! Será que você recebeu o financiamento pelos velhos tempos?
— Não! — exclamou Katie, com veemência.
— Lembro-me de que ele era um bocado atraente — comentou Amanda, com uma expressão maliciosa.
— E que se casou com outra pessoa — disparou Katie, pouco disposta a confidenciar à amiga o resultado do encontro com Carver. — Bem, estou atrasada Amanda, tenho que entrar.
— Está bem! Eu a verei mais tarde quando vier buscar Nick.
Amanda deu um sorriso maroto, enquanto Katie se dirigia a passos largos para dentro, fechando o portão atrás dela.
— Falarei com Max. Posso apostar que existe muita coisa que não estamos sabendo, Katie Beaumont.
Amanda voltou para o carro visivelmente excitada com o que acabara de ouvir, deixando Katie com a certeza de que não restaria nada por esmiuçar na vida de Carver Dane. Se isso era bom ou ruim, não fazia a mínima idéia. Por outro lado, poderia satisfazer sua própria curiosidade a respeito da mudança de status tão significante na vida de Carver.
Cedo ou tarde Amanda descobriria que ficara viúvo e logo enxergaria nisso uma possibilidade de casá-la com ele. Naturalmente não compreenderia que havia outras barreiras intransponíveis entre eles, como por exemplo, uma mãe inválida que a odiava e não a receberia bem na casa que compartilhava com o filho, uma filha de três anos que certamente ocupava o primeiro lugar no coração de Carver. Uma filha do casamento dele com outra mulher.
Aquele último pensamento provocou uma enorme angústia no peito de Katie. A esposa de Carver podia estar morta, porém se manteria viva através da filha que deixara. Uma lembrança constante, um compromisso para vida toda que não podia ser ignorado. Carver não era um homem livre. Jamais seria novamente. Não da maneira como gostaria que fosse. Era apenas moralmente livre para fazer sexo com ela.
Suportaria essas limitações, sabendo que sempre desejaria mais dele?
Mergulhada em seu dilema pessoal, Katie entrou e certificou-se de que o filho de Amanda juntara-se ao grupo de crianças no pátio de recreação. Por alguns instantes, deteve-se a contemplar meninos e meninas brincando felizes, entretidos com livros e brinquedos, até que as atividades didáticas começassem. Subitamente recordou-se da pergunta que Carver lhe fizera no dia anterior: "Não pretende se casar? Ter seus próprios filhos?" E aquilo provocou-lhe uma onda de amargura.
Carver fora casado. Tivera uma filha, como uma daquelas crianças à sua frente.
Não! Não deixaria que aqueles pensamentos e sentimentos fúteis dominassem de vez sua mente! Em um impulso desviou o olhar das crianças e encaminhou-se ao escritório de administração.
Naquele dia daria início a uma série de preparativos que mudariam seu futuro.
Estava comprometida com o projeto de serviço de táxi especializado que deveria ser prioridade em sua vida. Foi o que dissera a Carver. Na realidade, provavelmente, fora isso que o fizera sentir-se livre para um encontro íntimo com ela. Nenhum compromisso, nada além de sexo.

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