VII

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E como pensou, começou a chover. Agora seria ainda mais trabalhoso retirar aquele talvez corpo.

Não queria retirar o corpo na verdade, nem acabar com o cadáver, o que queria mesmo era ver se tinha um corpo ali se decompondo. Depois de sentir o cheiro da loira, ainda mais depois de anos, Ayato precisava ver se ela estava ali, morta.

Voltava para a mansão num ato de desespero. A chuva atrapalhava e deixava a paisagem do local escura, o ar pesado e com cheiro de mato. O vampiro não se importou, abriu o portão de ferro da mansão com um único empurrão, adentrou o jardim da casa, sendo observado por três de seus irmãos pela janela da casa, vendo-o andar pesadamente em meio a chuva que ficava cada vez mais forte, em direção a parte traseira da mansão. O único que seguiu as janelas para ver o que Ayato faria, fora seu gêmeo Laito, curioso para saber o que ele estava fazendo indo em direção ao cemitério familiar.

Ayato por si, viu a grande pá encostada numa árvore do cemitério, largada como velha. Puxou-a com força e foi até a cova do cadáver, fitando o nome de Yui exposto e escrito sobre a rocha cinza. Encarou com precisão antes de começar o ato de desenterrar.

As gotas rápidas e múltiplas da chuva caiam sobre o corpo de Ayato, a água fria estava molhando seu cabelo e escorregando sobre sua face, pingando de seu queixo até a terra úmida do local.

Enterrando e levantando a pá cheia de terra molhada e pesada. Com toda a extensão do lugar molhada e com alguns trovões acima, o vampiro conseguir visualizar o caixão da mesma, batendo a ponta da pá na madeira encontrada.

Possivelmente, o mesmo fora com a pá e quebrou a abertura empurrando o resto com a pá, forçando-a até conseguir erguer a tampa do caixão. Tremendo e soltando a pá na mesma hora, Ayato deu passos para trás num impulso do próprio receio de continuar encarando o caixão vazio da antiga noiva de sacrifício.

Caiu de joelhos no chão molhado, vendo que todos talvez foram enganados. Talvez a garota fosse mesmo filha de Komori, por isso era tão parecida, a pequena deveria ser uma grande mentirosa e aquilo o irritou.

Mas também poderia pensar na possibilidade de Kanato a ter transformado em cera como todas as outras, mesmo que ele o tenha proibido de fazer.

Talvez alguém tenha pego o corpo dela, Karl, Ritcher poderia estar vivo e numa tentativa de trazer Cordélia a tirou dali.

Mas por que todas as opções pareciam incertas?

O Sakamaki estava enfurecido e pensativo sobre realmente ter encontrado a garota, mesmo que não a tenha visto nem viu rastros dela. Tudo uma invenção de sua loucura.

[...]

-Onde ela está!? -Ayato estava molhado dentro da sala principal, gritando para seus quatro irmãos presentes ali, mais a criança que estava escondida acima da escadaria no corredor direito.

-De quem você está falando? -Shu questionou, se levantando e ficando seu olhar no irmão mais novo que estava a gritar no mesmo instante. O ruivo se mostrava enfurecido e com o peito a pular, suas veias na testa estavam expostas assim como seus punhos permaneciam fechados.

Ele riu de uma forma sádica.

-Yui… O corpo dela não está lá. Onde ela está!? -Gritou alto, tão capaz de Reiji tê-lo ouvido e chegado na mesma hora. Preocupado com o que ele havia feito por estar naquele estado.

-Você… Abriu o caixão dela, Ayato? -Laito perguntou preocupado, estava assustado com a capacidade do gêmeo ter o feito. E assim o ruivo mais velho abaixou a cabeça nervoso, e gesticulou o que havia acontecido.

-Eu senti o cheiro dela! Senti! E quando eu abri o caixão… Ela não está lá, onde ela está?

Ele parecia perder a sanidade. Parecia mesmo estar enlouquecendo.

Bendita Seja a DorOnde histórias criam vida. Descubra agora