XXVII

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Naquela noite, ela não estava preparada para se despedir, mas sabia que deveria fazer um fim apropriado, para ele. Como sempre fora, entretanto, desta vez, Komori faria algo que ele sempre desejou. Prazer. O prazer da masoquita que era, de fazê-la sentir todas as sensações que o sexo permitira à ambos. E sabe o porquê dele querer isso?

Yui sempre fingia odiar, era uma rotina entre eles. Todas as vezes, ela fingia estar desesperada para fugir, por mais prazer que sentisse. Yui olhava-o com a testa franzida e perguntava o que iria lhe acontecer, por mais que ela desejasse estar dividindo-lhe a cama — pelo menos hoje, era uma cama —.

Ela engoliu seco e tocou o pescoço, a marca da última mordida estava presente em sua carne pálida. Aquilo já não parecia tão ruim, não era de tanto mal, não incomodava. Havia algo errado, ela se tornou uma masoquista doentia. De frente ao espelho, pôde enxergar o reflexo do vampiro ao outro lado do quarto. Mais quieto do que os outros dias.

Ele também pressentia a morte, de um modo distinto. Porém ele sentia que algo viria a seguir. Por que raios ele aproximou-se cuidadosamente? Do que adiantaria ser diferente no último dia dela?

Komori girou o corpo e selou seus lábios com volúpia. De início, o Sakamaki indagou por sua autoridade, nunca tentou começar um beijo com calor, sem pressão. Contudo o vampiro seguiu para seus lábios, grudando o corpo fino dela ao espelho, descendo aos poucos a língua para seu pescoço, fincando a marca que já estava presente, ouvindo o gemido doloroso que ela soltou devagar.

Uma de suas mãos gélidas, correu para a barra da camisola que ela vestia, subindo o tecido enquanto arrastava seus dedos por sua pele pálida, sentindo os pelos dela se eriçarem.

Ela não causou uma balbúrdia. Pelo contrário, deixou-o seguir conforme deixava seu corpo se excitar com os toques do parceiro.

O Sakamaki deixou o sangue de lado, aproveitando que ela estava sendo prensada à parede e beijou seus lábios novamente, agora com mais rapidez. A mão livre, ele apertou em sua cintura pequena, por debaixo do tecido fino da camisola branca que ela usara.

Não parecia ter fim, tais atos tão profanos e luxuriosos, levou-a a ter uma nova visão do que ele poderia lhe dar, de fato. Estavam contentes, e por mais que significasse ter que se desvencilhar um do outro, terminaram a madrugada com os corpos entrelaçados, e Yui podia jurar que um coração batia dentro dele.

Mas não passava de uma farsa quando acordou e ele não estava mais lá. Na verdade, ele nunca ficou para vê-la acordando. Ele sempre ia embora antes para que sua fragilidade não fosse exposta por uma mulher.

Ele era a pessoa errada, sempre foi. Porém ela sempre o amaria, até que seu amor virasse ódio.


[...]


Muitos barulhos de coisas se quebrando, muitas coisas aconteciam ali. E não estava relacionado à segredos do clã, e sim a própria noiva. Na qual mantinha o ar purificado pelo ódio interno. Os Sakamakis pareciam ter regredido desde a luta anterior, ocorrida minutos atrás.

Yui inclinou-se perante a abertura das rochas no castelo, ficando à beira do precipício exterior. Engoliu seco.

— Vamos dar a volta. — afirmou a vampira ao perceber que um chão em espinhos lhe cercavam castelo afora.

Nenhum Sakamaki se moveu, enquanto os Mukamis seguiam o plano da moça, entrando pelas escadarias escondidas do local. Todos eles pareciam adormecidos por sua voz, exceto Subaru, no qual também seguia com seu pedido. Ela indagou, mas não reclamou, calou-se por fim, seguindo grupo com decência.

— Precisamos ir logo.

A voz do caçula ecoou pela sala que estavam, Reiji olhou para o primogênito, de relance, apenas para ter certeza de que não morreria no caminho. Contudo, o loiro continuava irado suficiente para não olhar em seus olhos. Seguindo o filho de Christa.

Bendita Seja a DorOnde histórias criam vida. Descubra agora