XXIII

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O corpo estava sendo devolvido para a gaiola mais forte que havia no lugar. Os seguranças demoníacos usados por Karl tinham medo da vampira, não conseguiram sequer pegá-la no colo, o que sobrou para o próprio rei do submundo.

Ele a carregava até as grades abertas. Jogando-a ali com delicadeza, não queria machucar sua maior obra de arte, a maior criação de toda sua vida. E era só isso que Yui valia, como um produto valioso demais para ser esquecido, como uma jóia cara que não se deixava de lado.

Com o impacto da feitiçaria de Saori, a transformada demorou a recobrar sua mente. O que valeu como um prato cheio agora a bruxa, que se mantinha induzindo Seiji à suas respostas frias e nojentas.

– Então me conte, padre. – uma risada fraca saiu de sua boca. – O que te levou à esse pecado tão cruel?

O homem permaneceu calado por segundos, vendo-a sua garota ser levada por Karl numa rapidez sem limites. Arranhou a garganta.

– Aposto que há várias respostas possíveis para esse acontecimento. Mas existe uma maior, depois de todo o amor e carinho que você criou por essa menina… Por que a deixou com o rei? – Sua voz soava como uma canção de sereias, perturbadora o suficiente para levá-lo a óbito. Agradecia secretamente por não ser mais influenciável por uma mulher qualquer.

Bem, não como ela.

– Promessas.

Foi a única coisa que disse, friamente enquanto encarava o céu cinzento a fora. Vendo uns corvos rodearem ratos mortos bem na entrada daquela torre.

– Presumo que não sejam promessas vindas de um servo de Deus… – e estava certa. Não eram.

O homem gaguejou, engoliu seco, mas respondeu mesmo hesitando.

– Deus não se envolve em assuntos assim.

Tentou sair do local, virar as costas para a bruxa e seguir seu rumo sem lembrar que viu a filha depois de anos. Seu maior medo não era ela o odiar, mas ser quem havia se tornado, Seiji a transformou num monstro e isso criava uma película de medo do que ela seria capaz ao mundo. No entanto ele tinha razão, o pai superior não tinha haver com isso, não era algo que deveria se meter, com certeza tinha coisas melhores a cuidar do que sua situação peculiar na família alheia.

– Não, reverendo. O senhor o envolveu nisso. – era perceptível o sarcasmo manipulável vindo daquela mulher hipócrita. Sua mandíbula apertou entre os dentes. Respirou fundo a fim de acabar logo com isso.

– Está situação não tinha haver com os caminhos que Deus nos oferece. Você sabe disso, então não me faça perder a paciência ao falar essas coisas.

Finalmente havia dado um fim naquilo com apenas duas frases completas. Saori deu de ombros, sorrindo com o canto de seus lábios avermelhados.
Ela queria ouvir respostas de suas perguntas inimagináveis. Respostas. As que ela sempre sonhou em ouvir, como e quando ele aceitou jogá-la na toca de lobos? Ou melhor, vampiros… Todos queriam saber qual o verdadeiro motivo por ele ter desistido de Komori. E ele estava bem longe agora. Num castelo precisamente.

[...]

– Eles a pegaram. – disse em um fio de voz. Agora com a atenção de seu superior, que mantinha um olhar raivoso pelo ocorrido dito. Resmungou frases petulantes diretamente para os responsáveis.

Kino grunhiu enfim.

– Odeio este homem. Odeio com todas as minhas forças. – se referindo a Karl, o vampiro não conteve a ira contra o mesmo. Ele planejava em sua mente sádica o que faria para trazer sua amada de volta a sua vida. O rei havia pego a mulher que tanto era louco.

Bendita Seja a DorOnde histórias criam vida. Descubra agora