XXIV

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– Eu não deveria aceitar isto, mas como você está insistindo…

O moreno engoliu seco a fala da jovem senhora solteira. Ele não insistiu nada, porém sabia o quanto a moça era impertinente, tão irracional e nojenta. Revirou os lábios. Ela, afim de enganar o milionário à sua frente, sem ao menos desconfiar de seu segredo. Tão prepotente, ela mantinha aquela face razoável de dependente.

– Então ele está com a tia? – questionou sobre a criança, já que o menino não estava presente nos últimos diálogos com a mulher. Obviamente o jogou para longe, assim não estragaria suas escolhas amorosas. Reiji queria vomitar diante a situação. – Que bom…

Porém suas expressões se tornaram inegáveis, difíceis de enganar. O cenho franzido e seus braçosdedos em paralelo.

– Não parece contente. – afirmou. Não que quisesse descobrir o motivo, mas tinha que manter sua pose de boa mulher até que esteja verdadeiramente apaixonado. O que seria nunca, na opinião do Sakamaki.

Óbvio que não estava, já viveu uma situação parecida, a guerra do poder para ver quem ficaria com o rei. Resultou em várias mortes, e criaria ainda mais falecidos, um destes, próximo ao moreno.

Piscou duas vezes e encarou o chão, seu olhar desfalecido. Não conseguiria aguentar aquele cenário por muito tempo, precisava agir e rápido. Sorriu de canto, lembrando-se da paixão humana por um rosto como aquele. Uma expressão destemida e sedutora.

– Podemos nos ver hoje, à noite? – perguntou ele, da forma mais amorosa e serena possível. Não que conseguisse criar tal cena todos os dias, entretanto era por uma boa causa. Terminaria com um sofrimento infantil.

A família é a base de tudo para alguns neste mundo. Felizmente para os vampiros daquela região, a família não valia de nada quando se era podre como a maçã do Éden. Todos permaneceram frios diante sentimentos recorrentes, tornando-se apenas almas rondando a terra, à espera da presa fácil. Yui era a presa fácil.

Sem pensar, ela assentiu seu encontro com tal homem. Desesperada para conseguir dinheiro rápido, e ele, um homem aparentemente rico e burro, podia se tornar o empréstimo vitalício. Sorriu amarelo, se aproximando do corpo dele, entrelaçando seu braço contra o de Reiji, que firmou seu maxilar. Nunca ninguém teria a audácia de-o fazer sem seu consentimento, nem a falecida agiu desta forma.

Em tentativa de se soltar, respirou fundo, imaginando como ar estaria naquele dia. Contudo o cheiro inoportuno invadiu suas narinas rapidamente, adoecendo sua mente de que seria uma boa ideia fazer aquilo. Mordeu o lábio inferior e o escondeu entre dentes, seguido da garganta que não parava de arranhar.

Colocou um dos punhos atrás das costelas e o apertou entre dedos, mantendo a raiva contida dentro do mínimo espaço de sua mão.

– Você tem família? – perguntou ela, fria suficiente para não questionar sua resposta. Só queria mesmo descobrir o quanto teria de dividir sua fortuna.

Reiji olhou para frente, sério.

– Não.

Não os envolveria em seus atos.

[...]

– Será amanhã… – sussurrou o loiro em pé, encarando a janela. Subaru e Ayato estavam presentes, entretanto, apenas o albino preferiu escutar suas palavras.

Tinha razão, havia pouco tempo até que o grande baile noturno chegasse, e por se tratar de Karl deveria temer o que teria lá. À beira dos sinos, a meia noite se aproximaria rapidamente do baile, isso significava muito para ambos.

Bendita Seja a DorOnde histórias criam vida. Descubra agora