IX

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Os dias passaram depois daquela ocasião, e Yui por fim deve de deixar a filha nas mãos da família desajustada novamente, não que quisesse mas aquela foi a decisão necessária.

-Sabe o que não entendo, Saori? -Perguntou a mesma parada encostada na porta enquanto via a outra ler um livro na mesa, talvez mais um dos tantos que ela tinha de feitiçaria guardados. A mais velha soltou um; hum. Para Yui prosseguir. -Por que não me procurou quando demorei?

A bruxa então deixou seu livro e olhou para a vampira, que encarava a parede com sua adaga no meio dos dedos, fixando sua pontaria ali.

A mais velha engoliu seco antes de-a responder com firmeza.

-Fui procurar Yui, mas eu te vi falando com ele, voltei. -Disse por fim, passando a página do livro e deixando Komori ainda mais angustiada com aquela insegurança.

-E não se preocupou quando viu os lobos no chão? -E mais uma vez, a feiticeira parou sua leitura e fechou o livro de vez, se levantando da cadeira e fitando a mais nova com segurança.

-O que está tentando dizer, Komori? Que eu não quis lhe ajudar? Pois saiba que, se eu não quisesse te ajudar, teria mil e uma formas de acabar com você, mas não o fiz, então pare de duvidar de mim. -A mais velha colocou os dedos sobre a mesa e se apoiou ali, friamente olhando para a mais nova que nem ao menos perdia seu tempo vendo o que ela estava a fazer, apontando a faca para seu ponto fixo na parede.

-Eu não disse nada, você quem interpretou mal. Nunca pensaria isso de você, Saori, já que você me ajudou tanto. - Explicou a transformada, dando fim na conversa ao jogar de vez a faca e afundar sua ponta na parede, com alguns segundos olhando para a arma fincada ali no ponto que havia observado. Virou o rosto e viu a feiticeira engolir seco aquela indireta sarcástica da loira.

Yui sorriu e vestiu seu capuz, vendo a mais velha procurando respostas para o que ela faria.

-Estou à dois dias aqui, preciso respirar. -Finalizou ao puxar a faca da parede e colocar a arma branca na barra das calças próxima à bacia em suas costas.

Olhou para trás quando saiu do esconderijo da mesma. Respirou fundo e tirou a faca de trás e a colocou dentro da bota. Indo para a cidade, onde se encontraria com Richter novamente, numa tentativa de ajuda súbita do irmão de Heinz.

[...]

-Então resolveu uma troca? -Richter questionou a mulher ao ver a mesma sentar ao seu lado no banco daquele parque, parecia exposto demais para Yui, mas onde mais se via, ninguém achava.

A mesma sorriu em deboche e continuou a olhar a paisagem dos patos no lago a frente.

-Resolvi que você vai me ajudar.

-Se não? -Complementou a fala da outra que sem perceber havia perdido o resto de seu diálogo apenas por não saber o que faria se ele não o fizesse, apenas uma coisa.

-Te entrego à Karl.

-Querida, Komori. Vou te dizer pela última vez, meu irmão não liga para mim, o mais importante agora é você. Ele sabe que está viva, e vai atrás de você, então dê um jeito ou outro vamos ter que nos unir contra Karl. Você sabe. -Afirmou, em um modo explicativo enquanto encarava a mesma paisagem que Yui, percebendo o olhar da mais nova sobre si enquanto falava, certamente ele estava certo.

Komori pensou por minutos, mas algo lhe corroía por dentro.

-Certo, mas me responda uma coisa antes… -E ele a olhou. -Você viveu esses anos escondido de todos. Você estava sozinho, Richter?

O mesmo sorriu. Com certeza, Komori havia se tornado mais inteligente ao longo dos anos e estava se tornando cada dia mais perspicaz, mas não adiantava dizer de uma vez tudo na cara dura. Ele não o faria mesmo, nem se fosse seu último dia na terra.

Bendita Seja a DorOnde histórias criam vida. Descubra agora