VIII

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Dois dias depois.

-Você tem certeza disso? -Perguntou a mais velha, olhando de canto a loira perdida nos próprios pensamentos ao tomar sua xícara de chá.

-Eu já disse, Saori. Vou rodear aquela casa, preciso saber como está minha filha. -Afirmou passeando seu indicador pela borda da xícara quente, observando o ar quente da bebida voar.

-Não é a sua filha que você quer ver, Yui. -Disse por fim a mais velha, virando-se e olhando fixamente para a vampira que na mesma hora levantou o rosto e avermelhou suas bochechas, de raiva.

A mesma se ergue da cadeira e apontou para a feiticeira que permanecia a beber de seu chá, como se não importasse o que Komori estava fazendo.

-Ouça bem, você é a única que sabe o quanto o odeio. Ouviu bem? Odeio! Eu apenas quero tira-la de lá, será que é possível eu ter um pouco mais de ajuda e compreensão por isso? -A bruxa deu de ombros e deu mais um gole. -Obrigada.

Yui finalizou, logo em seguida, tomou sua bebida quente e colocou seu capuz ébano, arrumando sua faca prateada por dentro da bota. Colocou os fios para trás e se cobriu com a touca preta do próprio casaco.

-Não demorarei mais que meia hora, se passar disso… Melhor sair da caverna, Saori. -E finalizou sua discussão com a amiga, abraçando-a antes de sair do esconderijo das duas, indo diretamente para a floresta onde deixou a filha antes de ser levada pelos lobos.

Não pensou duas vezes e foi atrás por trás da mansão Sakamaki, seria mais fácil saber se a filha estava bem se adentrar a casa pelos fundos ou ficar escondida nas árvores que a rodeava.

E assim o fez, ficou em meio às árvores e arbustos do local, fazendo questão de subir num dos galhos grandes e se esconder no meio das folhas.

Yui era melhor e mais aperfeiçoada que qualquer transformado ou sangue puro. Tinha habilidades que nenhum deles poderia ter, sua visão ou rapidez com certeza era algo ainda melhor do as dos rapazes, isso ela tinha que agradecer à Cordélia. Ou não.

Parada ali à metros longe da mansão, ela conseguia ver perfeitamente o quarto de Laito, no qual era o mais longe da entrada da mansão, ele via perfeitamente o cemitério. Algo que ele devia gostar, poder ver o local em que a mãe estava enterrada.

-Ele está com alguém? -Questionou a loira, encarando fixamente o mesmo conversar seriamente, mas, quando ele virará o rosto para enxergar a "tal pessoa", nada. O via tocar no ar e chorar em vão, aquilo à assustava. -Está… Falando sozinho?

Por mais que Yui o tenha visto conversando com o nada. Nunca o viu chorar ou tentar tocar nesse "nada", não igual o via fazer nesse momento, ela sabia que várias vezes o pegava se declarando para à arroxeada morta, mas aquilo era totalmente diferente do que Yui teria vivenciado.

-Está bem, Yui. Você venceu. -Disse o mesmo em paralelo, vendo a loira mais nova se aproximar com um sorriso singelo.

Eles estavam no quarto do ruivo, e a mesma tocara em seus fios de cabelo com delicadeza, beijando a ponta de seu nariz.

-Chorar não vai fazer passar. Você sabe, Laito, você é podre, mas é um podre que ocupa o mundo. Não posso me desfazer de você, igual você não pode se desfazer de mim. -Explicou a mesma tocando sua mão e o reconfortando com o olhar, mesmo que dissesse palavras duras. Deu passos para trás e foi o momento de Laito gritar para que a mesma não o fizesse.

-Não, não, não vai! Yui, por favor! Não vai, fica! Fica, Yui! Eu juro… Eu vou te proteger pelo resto da minha vida… Mas, fica. -Disse o mesmo em paralelo, se ajoelhando conforme conversava com a alucinação doentia da loira. Ela parou.

Bendita Seja a DorOnde histórias criam vida. Descubra agora