Prólogo

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Estava tudo indo as mil maravilhas. O Pedro e a sua amiga Valentina brincavam no quintal de casa aproveitando a infância e uma brisa fresca do vento que batia em seus rostos, por ironia do destino tudo mudou.

— Por favor, não levem ela? — pediu hesitante, se aproximando da menina e pegou em suas mãos. — Porque tenham que fazer isso?

O Fernando não ligou para as suplicas do Lucas e a apegou pelos braços bravamente com suas mãos frientas, olhando profundamente para o fundo do seus olhos verdes calmos e disse com cinismo:

— Porque não temos outra escolha, Pedrinho! E vocês são apenas coleguinhas. — Logo, logo arranjaram outros amiguinhos para brincar.

Ao olhar para val e em seguida para este, Pedro sentiu uma súbita necessidade de entrar dentro de casa e trancar a porta para não escutar tanta barbaridade. Mas não fez isso para não magoa-la.

— Está brincando! né senhor? — perguntou Pedro impaciente, livrando-se das garra do Fernando, numa atitude de defesa. — É por isso que está tão bravo, descontente com conosco e me maltratando assim?

— Sim — respondeu-lhe dando de ombros, com olhar fixo em algo fora do quintal.

— Poxa, você acha que é fácil se separar de alguém que ama — falou ele sentando-se na grama emocionado, pegando uma rosa vermelha da roseira, com as mãos trêmulas girando o rosto. — Não é fácil, não mesmo!

Uma pontada doeu no peito de Valentina em disparada. Mas ela sabia, compreendia, entendia que esse dia iria chegar mais uma vez, pois sempre foi assim durante o seu dez anos de idade. Sempre tinha que deixar os amigos para trás e isso fazia com que seu coração despertar-se.

— Você não está a altura de Valentina, e nunca vai estar — insistiu Fernando, com sangue no olhar.

— Está bem! Senhor — Respondeu ele com os olhos cheio de lágrimas, levantando-se do chão rapidamente. — Mais somente o último abraço, tá?

— Claro, pelo menos eu acho que vocês merecem isso — Disse Fernando  um pouco triste, afastando-se dos dois.

Valentina respirou excitante passando as mãos suadas no cabelo ruivo comprido e logo em seguida, limpando as lágrimas melancólicas do seu rosto branquelo de pruma cheio de sardas.

— Escuta — chamou ela sentando-se num pequeno banco de madeira na varanda feita em estrutura de tijolos e lajotas, cheia de flores ao redor. — Eu preciso falar com você a sós.

Fernando saiu de perto e foi conversar com a vizinha ao lado, mas não parava de prestar atenção nos dois.

— Pedro eu sei que não vai ser fácil ficar longe de você — Disse ela pausadamente, cara a cara com ele e continuou sorrindo em seguida. — Eu sei também que somos duas crianças maravilhosas e que merecemos muito ser feliz mesmo que seja longe um do outro.

Definitivamente Pedro sabia que não seria fácil lidar com toda aquela saudade. Apesar de ser um garoto destemido, enérgico e que nunca se deixava abater por pequenos problemas, mas infelizmente se deixou levar pelas emoções. Afinal de contas, quem nunca chorou por deixar um pai, uma mãe , um grande amor ou até mesmo um grande amigo para trás?

Ainda me lembro.

Era uma noite de terça feira tudo ia bem. O Pedro estava sentado numa cadeira branca, descalço e trajando um pijama de abelhinhas fazendo palhaçadas e, sua mãe ria e abraçava seu pai no sofá, assistindo algum filme de comedia. Ela parecia distantemente igual a ele. De vez ou outra eles se beijavam e tudo ocorria bem. Depois de um tempo ele foi dormir. E eles começaram a discutir sobre algum assunto de adulto, algo que não importava muito, como estava tarde acabou caindo no sono.

E na quarta feira pela manha sua mãe e o seu pai disseram que tinham que contar algo para ele. A sua mãe cristina estava pouco abalada, estava com os olhos vermelhos e a sua voz falhou na hora que começou a falar, o Gabriel assumiu:

— Gostaria de dizer uma coisa para você e quero que você me escute —  Disse Gabriel Martins, de cocaras quase da altura dele, olhando fixadamente para seus olhos azul-esverdeado. — Eu sei que você só tem cinco anos e não tem noção disso... mas e melhor eu falar agora, do que você sofre amanha. Então, meu garotão... eu vou morar em Londres.

O Pedro poderia até ser só uma criança de cinco anos, mas de ingênuo não tinha nada.

— Que coisa revoltantante! — respondeu-lhe em um tom de voz agressivo, inclinando-se para trás. — Por que você não pode ficar conosco como das outras vezes?

— Porque eu tenho que seguir a minha vida adiante em outro lugar e  tenho certeza que a sua mãe vai cuidar de você melhor do que eu — Explicou Gabriel, tentando se aproximar.

— Não! E verdade, não é? — insistia o menino para si mesmo e para quisesse ouvir.

— É sim — Concluiu Gabriel, saindo pela porta da frente sem olhar para trás, com muito remoço no coração e vontade de largar tudo para trás e acrescentou a última frase. — E não posso mais voltar atrás na minha decisão, esse emprego e muito importante pra mim.

— É filho! Ele que perdeu em ver você crescendo. — Pedro apenas a abraçou e saiu correndo em direção ao portão que estava trancado.

Aquele adeus, naquele momento, era como se estiver-se levando um soco na barriga e nada fizer-se o menor sentido naquele dia tão destruidor de lares e tão rotineiro na sua jornada.

Ele a encarou e jogou um olhar inocente no ar.

— Eu nunca vou esquecer de você, Valentina — Disse ele, pegando em sua mão carinhosamente. — Porque você é a minha flor do pôr do sol.

Ela sorriu envergonhada. E não se conteve as lágrimas.

— Eu sinto muito, você sabe! E boa sorte na sua caminhada. — O sorriso de Valentina e o brilho nos olhos ansiava por algo inesperado e ele a interrompe baixinho, dando-lhe um beijo na bochecha. — Espero que você seja muito feliz nesse paraíso tropical.

— Esquece isso flor, agora me acompanhe? — Ela pegou em suas mãos e foram de mãos dadas até o portão, pareciam dois adultos que namoravam a décadas. — Um adeus não é necessário agora para duas crianças que irão ver o pôr do sol nascer cruzado pelo destino.

— Claro que é, pois a minha vida e submetida a perigos. — Ela o deu mais um beijo na bochecha e falou algo no ouvido dele chorando.

Fernando não aguentou ver a filha sofrer por se despedir de alguém especial e jogar palavras no ar como se fosse uma adulta. E a carregou no colo abraçando suas dores. Apesar de se mostrar um pai durão, tinha um coração de ouro.

Enquanto Fernando a levava em direção a sua casa. O coração de Pedro gritava de dor. E não podia fazer nada era apenas uma criança de oito anos, que gritava, espeniava e sofria com duas perdas seguidas quando teve que dizer o ultimo adeus, para jamais os/ a vê de novo.

Porem, estão ligadas para o resto da vida por um fio chamado amizade que futuramente pode se dizer amor. Mesmo que seus caminhos tenham tomado rumos diferentes, são apenas um só.

Uma viagem sem voltaOnde histórias criam vida. Descubra agora