Antes de Tawaral

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De onde você veio pessoas te olhavam de um jeito torto? Pergunta Franchesca enquanto afiava uma faca. Sabe por você ser diferente.
- Bem, não me lembro de muita coisa, mas acho que isso só acontece quando eu era pequeno, depois disso quando me tornei o lobo que sou o passado não importa tanto.
- Sua alcatéia parecia bem unida.
- Acho que sim. Peter coçou a cabeça.
- Os humanos não são tão unidos quanto os lobos, nem tem memória curta, lembre se disso.
- Tudo bem.
Franchesca sentiu que se ela mandasse Peter fazer qualquer coisa ele faria.
- Você me ajudaria a descasar os legumes?
- Claro. Peter recebe uma faca e começa a descascar as batatas, enquanto isso continuava a conversava com a dona da pensão.

Depois de um tempo Franchesca já havia feito terminando de preparar a comida dos hóspedes, e como se distraiu conversando com Peter, ela acabou fazendo um pouco mais do que deveria. Peter disse que ajudar a dar fim ao excedente. Quando os dois saíram juntos da cozinha Camila fazia uma cara feia. Os outros hóspedes sequer se manifestaram, mas tinha que ser ela para criar caso em tudo, ela começou perguntando o que os dois faziam sozinhos. Peter foi espontâneo em dizer comida, e apontou para a bandeja de madeira que Franchesca segurava. Camila se calou e sentou, Peter fez o mesmo, Franchesca serviu a comida e voltou a cozinha.
Enquanto Peter comia Camila o olhava com uma cara... Mas ele não se importou nenhum pouco.
- O que há entre você e a Francesa? Pergunta Peter.
- Nada...
- Vocês duas parecem sempre em disputa.
- Eu não me dou bem com ela e vice versa. É só isso! Camila não quis falar sobre isso.
- Então tudo bem. O que planeja para hoje?
- Falar com Alexandre, acho que ele já deve ter alguma resposta, você gosta de caçar bestas mágicas não é?
- Caçar é o que eu sei fazer não diria que gosto. Mas a sensação se correr atrás de uma presa e se tornar um só com ela é maravilhosa.
- Você só pensa em comer?
- Eu não penso só em comer! Mas ela é a primeira necessidade, a mais importante.
- E o amor?
- Se eu não caçar como poderei alimentar minha esposa e filhos?
- Entendo, mas os humanos tem outras formas de se manter. Camila falava de trabalho.
- Trabalhando com Alexandre como caçador?
- Você já pesou em ser da realeza? Como aquele cavaleiro Zack?
- Eu não entendo muito sobre essas coisas: senhores feudais, nações. Eu vivi em uma alcatéia.
- Depois eu te conto uma história. Camila deu um leve sorriso, ela percebeu que a cauda de Peter balançava.

Após o desjejum Peter foi pegar seu machado e saiu com Camila, no caminho Peter pergunta o motivo dela andar de maneira sorrateira pela cidade. A reposta foi na verdade a história que Camila iria contar:
- Lembra do brasão que está no escudo de Zack? Um leão?
- Aquilo era um leão? Eu não nunca vi um, mas continue...
- E por aqui não verá mais nenhum, assim como mataram todos os leões desse continente, eles expulsaram, do interior até a costa, um povo que vivia aqui.
Peter lembrou das histórias sobre antigas guerras do clã dos lobos negros:
- Então foi uma guerra?
- Sim, muitas das grandes cidades dessa nação foram construídas pelo meu povo, eles saquearam tudo. Foi há setecentos que isso começou começou, Alexandre chegou a ver a agonia da luta pelo direito da própria terra que pertenceu a seus antepassados.
- E o que aconteceu depois que foram expulsos?
- Mesmo do outro lado do mar éramos quase uma mesma nação. Eu sou de lá, descente dos que foram expulsos.
- Então você é do outro lado do mar? Bem longe não?
- Sim. Eu era uma princesa, era para eu ter sido uma rainha, a próxima na linha de sucessão ao trono.
Peter ficou sem palavras, ainda mais porquê não entendia realmente o que essa hierarquia significava, ele preferiu comparar a um chefe de clã.
- Eu vivia quase feliz lá, até que minha irmã quiz o ser rainha, brigamos, e eu roubei a espada de prata da família e fugi.
- E porquê veio para cá se sabia que seria assim?
- Eu quero voltar para casa como aquela que reconquistou esse território.
- Então você quer conquistar tudo até a beira do oceano?
- Exatamente, eu serei rainha, mas para isso tenho que começar recuperando minha espada, que é um símbolo da minha linhagem.
- Ou seja você começar a voltar ao ponto de início?
- Primeiro eu precisava de dinheiro para a conquista, comecei a apostar, no começo foi bom, até que comecei a perder e tive que penhorar algumas coisas.
- Ainda não entendo como acabou colocando algo tão importante a preço.
- Eu iria ganhar e recuperar tudo!
Peter segue andando.
- Ei! Espere me. Eu sei que vou conquistar, se eu me tornar rainha posso te dar qualquer coisa. A ambição de Camila era enorme, mas não condizia com as capacidades dela.
- Acho que tudo que quero posso conseguir caçando.
- Você é um homem.
- Lobo. Interrompeu Peter.
- Você é um lobo sem o instinto de lutador, de guerreiro?
- Claro que não.
- Então mostre, vamos caçar. Camila consegui despertar algum entusiasmo em Peter. Assim ele correu, sem direção ele voltou pois não sabia onde estava Alexandre.
O escritório do elfo ficava no terceiro andar de uma taverna, Camila e Peter entram pelos fundos para que não sejam notados. Lá o ambiente era empoeirado, havia uma grande biblioteca, alguns livros datavam dos tempos de quando os antepassados de Camila ainda viviam por lá. Alexandre estava um pouco embriagado, elfos tinha uma resistência maior ao álcool, apesar de ter bebido bastante ele conseguiu conversar quase normalmente. Ele falou algumas besteira, mas Camila estava interessada em ganhar dinheiro, já Peter no ato de caçar, ele ficou feliz em saber que não haveria problema em comer as bestas, desde que sobrasse alguma parte para comprovar que as feras foram caçadas, além disso havia demanda de algumas carnes, Alexandre tinha uma mapa da região e indicou trilhas de comércio com relatos de bestas mágicas. Alexandre não se preocupava com o a legalidade das coisas, contratar caçadores com licença de caça era muito mais caro, ainda assim Camila e Alexandre discutiam por algum tempo sobre o valor do pagamento, Peter aproveitou esse tempo para olhar o escritório, haviam alguns artefatos em meio a livros e estantes, viu três arcos, e dois mosquetes, uma pequena árvore em um vaso chamou a atenção do lobo, parecia nascer de um cristal, e tinha a ponta das folhas azuis. Tocou e cheirou, a planta provavelmente tinha propriedades medicinas, e perto da planta, uma pedra de coloração vermelha, que estava protegida por um vidro, fascinado pelo objeto tentou pegar, mas falhou, fixou o olhar, aquilo lhe era familiar, ao mesmo tempo sentiu um medo e se afastou, pesou alto: "Pedra de sangue".
Alexandre estava bêbado e longe, mas havia um dispositivo mágico que se mostrava quando o vidro era tocado, o elfo chegou perto, ao ver a como o lobo parecia assutado julgou que ele sabia o que era aquilo.

O lobo branco e princesa negraOnde histórias criam vida. Descubra agora