Capítulo 11 - Elas eram como Violett

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Dia 01 de maio de 1937, 8:15 a.m.,

Centro de Downtown North...

∞ Heolstor Nithercott

    Olho para as lojas, caminhando com meu casaco no braço esquerdo e o papel com a anotação do local de encontro na mão direita. Mirando da nota às lojas. Aperto o passo para ultrapassar mais rapidamente os estabelecimentos. Quero encontrar logo o lugar, não estou a fim de perder tempo. Chego até 347. Encaro a fachada: um café (menor e mais simples do que aquele que fui ontem com as moças e os colegas de Stanford). Eu imaginava um pub, contudo, acabo por enterrar o papelzinho no bolso da calça e tirar o chapéu na hora de entrar. O burburinho de conversas deste local praticamente vazio mantém uma sensação de sigilo, tendo poucos gatos pingados bebericando as xícaras minúsculas.

    Procuro, passando o olhar para lá e cá, até encontrá-lo aos fundos, atrás do jornal enorme e estendido. Não teria o notado se não tivesse fechado o mesmo para abrir outra página. Fuma um cachimbo com cara emburrada. Não há nada na mesa. Espero que ele não tenha achado que deveria me esperar para pedir! Cruzo o lugar, abrindo um sorriso quando próximo, indicando qualquer cortesia que seja.

- Bom dia, Sr. Templeton. – Cumprimento, chamando sua atenção.

    Ele abaixa o diário de hoje, dobrando as folha em tom simpático e colocando-as na mesa. Faz um gesto positivo com a cabeça.

- Como vai, Sr. Nithercott?

    Aponta para a cadeira a frente de si.

- Por favor, sente-se. Estava no aguardo.

    Coloco o casaco no encosto e o chapéu pouso na mesa. Ponho-me sentado, então.

- Espero que não tenha esperado muito.

- De forma alguma. Cheguei mais cedo de propósito. Venho sempre tomar um bom café preto neste lugar, pela manhã, enquanto leio as notícias. Já é rotina.

- Fico tranquilo em saber.

    Uma moça garçonete aproxima-se após ele fazer um sinal.

- Com licença, senhores. Em que posso ajudar?

- Agora que meu amigo chegou, farei o pedido. – Vira-se para mim. - Café?

- Só se permitir-me pagar. – Anuncio, já batendo a palma na minha carteira deixada no bolso da calça.

- Ora, vamos. Não há necessidade. Guarde seus trocados. Deixe esta parte comigo.

    Consinto.

- Numa próxima, então?

- Claro. – Volta-se à moça. – Dois cafés pretos, por gentileza.

    Ela pede licença e se retira. Brad encara-me novamente. Seus olhos semicerram em tom misterioso, e então, bafora pelo canto da boca a fumaça branca cheirando a tabaco.

- Ninguém sabe que está aqui, assim espero.

- Nem desconfiam. – Esclareço. – Mesmo que eu tenha saído recusando o café-da-manhã.

- O que disse a eles como desculpa?

- Que queria comer fora. Respirar o ar puro da manhã.

    Digo em tom mais poético, para brincar com a situação, ainda comentando:

- Há tanta fumaça na Inglaterra. Stanford e estas cidades em volta não sofreram com o mesmo. Isso é bom.

    Viro-me para trás, ao encosto da cadeira, e puxo um cigarro do bolso interno do casaco. Procuro meus fósforos. Onde os deixei?

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