14 de janeiro de 1937...
∞ Heolstor Nithercott
Pego minha maleta. Ouço a Violett erguer a voz no início da escada, pedindo licença para vir.
- Pode entrar.
- Posso mesmo?
- Sem problemas. Só vou pegar minha gravata e já vamos. – Anuncio, fechando a bolsa na cama.
Ela desce empolgada e vem sorrindo.
- Qual vai usar hoje? – Saltita até meu guarda-roupa, escancarando-o.
- O que sugere? – Não deixo de partilhar um riso para com ela.
Fita minha roupa. Quando abre parece admirar.
- Fica muito bem de colete, Heolstor. Principalmente esse xadrez cor de areia.
- Agradeço, Violett. Também fica muito bem de vestido.
Ela bufa um riso.
- Não gosta de quando estou de suéter e calça?
- Fica linda também, mas assim ficas tanto quanto.
Será que foi invasivo? Espero que ela não tenha achado desrespeitoso. Saco um cigarro e abaixo o rosto para esconder. Eu não consigo devolver-lhe um elogio sem me acanhar no final. Meramente incrível...
- Aceita?
- Ora, claro. - Volta atenção ao guarda-roupa mias uma vez, depois de responder.
Pelo tom, ela não parece ter achado ruim. Acendo o meu e o dela juntamente. Aproximo-me para entregar-lhe, e ela já traga, com os olhos vidrados nas gravatas. Fita minha roupa de novo e pega uma vermelha de bolinhas brancas.
- Vai ficar mais lindo ainda com esta.
Sorrio. Não sei porquê eu me satisfaço tanto com a animação dela. Não é a primeira vez que vejo pessoas empolgadas, muito menos mulheres.
- Gosta de vermelho, não é? – Palpito, levando em consideração as últimas duas vezes que ela sugeriu minhas gravatas vermelhas.
Sorri de modo estonteante.
- Talvez.
Se aproxima de mim e passa a fita em volta do meu pescoço, iniciando o nó. Miro suas mãos de dedos tão delicados e pele sem uma única marca. Encaro seu rosto: os olhos tão grandes e de um azul que, conforme a luz bate, parece roxo. Lábios rosados naturalmente e bem desenhados, as bochechas avermelhadas... parece uma boneca. Ainda mais neste vestido e o cabelo preso com ondas. Não consigo ver defeito.
- Eu podia ter feito sozinho.
Ela nem mesmo me olha, porém, sua áurea é tão acolhedora.
- Apenas conforme-se. – Sua voz sai como uma melodia de música.
Ouço passos se aproximando da escadaria. Ao que parece, é o Joseph. Desce até metade e encurva-se para nos ver entre as colunas do corrimão.
- Srta. Black, estão chamando-na.
Levo meus olhos à ela no mesmo instante. Parece estranhar.
- Ora... e perguntou quem era?
- É a polícia.
Franze o cenho e puxa fôlego, parecendo saber que coisa boa não é. Termino o nó rapidamente e já tomo a dianteira:
- Vou acompanhá-la. Agradecemos, Sr. White. Avise que estamos indo.
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Quedas Obscuras
Fantasy- Tomada 1 do espetáculo que é nossas vidas! Que os holofotes Hollywoodianos e as cortinas vermelhas sejam nossos adornos, para iluminar com cadência misteriosa o que há do Outro Lado. Pode-se ouvir o som de asas pesadas batendo, mas não se incomode...