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Mas vi com meus próprios olhos o emaranhado de vales e encostas a oeste e passei apenas e ficar imaginando o velho mistério em si. Vi o local pela manhã, mas as sombras sempre espreitavam por lá. As copas das árvores eram espessas demais , e os troncos muito grandes para qualquer floresta da Nova Inglaterra . Havia um silêncio profundo nas vielas sombrias , e o solo era um tanto pantanoso devido ao musco úmido e a vegetacão desenfreada por anos e anos de deteorioracão.
   Nas clareiras , principalmente na região da velha estrada , havia alguns ranchos próximos às encostas; alguns com todas as casas em pé , outros com apenas uma ou duas , e ainda havia alguns com apenas uma solitária chaminé ou um porão cheio de lixo. As ervas daninhas e as silvas reinavam, e seres silvestres furtivos rastejavam por entre a relva baixa. Sobre aquele cenário pairava uma névoa de inquietacão e opressão ; um toque  do irreal e do grotesco  , como se algum elemento vital de perspectiva ou chiaroscuro estivesse distorcido . Não estranhei o fato de os forasteiros não quererem ficar por lá, pois aquela não era uma região para se passar a noite . Era bem parecida com uma paisagem de Salvator Rosa ; ou com uma xilogravura proibida de um conto de terror .
   Mas , mesmo com tudo aquilo, não era tão ruim quanto à charneca queimada . Soube disso assim que notei a imensidão do vale, pois nenhum outro vocábulo poderia definir melhor aquele lugar , nem outro lugar poderia adaptar- se tão bem a um vocábulo. Era como se o poeta tivesse cunhado a expressão logo após ter avistado aquela região em particular.

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