Com a sensação de algo passando em sua boca David abre os olhos. Estava em um local escuro havendo uma única luz, a do poste danificado piscando constantemente a cada segundo. Sentindo dores levanta-se lentamente e segue em direção a ela. Ao se aproximar percebe que estava num dos piores bairros da cidade.
Rua vazia, sendo perceptível apenas o som do vento. Decide voltar para tentar lembrar-se do ocorrido. Anda alguns passos para trás e senta-se no chão frio e úmido do beco abandonado. Em seguida olha para o céu e percebe que está fechado, com um ar sombrio e assustador. Não dava para perceber se era noite, dia, manhã ou tarde.
Sem ter opção do que fazer fecha os olhos na tentativa de relaxar e limpar a mente. Surge a lembrança de sua luta contra Slader.
"Vamos, consigo lembrar... estive numa dura batalha. Quase morri, mas incrivelmente saí vitorioso... acordei de um suposto desmaio, depois... espera, dei meu primeiro beijo? Logo em seguida... não sei"
Tentou forçar um pouco mais a mente mas logo se arrependeu, pois uma dor surgiu em sua cabeça na tentativa. Rapidamente percebe um vulto ao seu lado desconcentrando-o. – quem está aí? –perguntou desconfiado. Sem ouvir resposta ele se levanta e com cautela se dirige onde o vulto aparecera. Percebe que há uma porta meio entreaberta, lhe deixando confuso se já estava assim segundos atrás.
Com bastante cuidado empurra a porta como se estivesse esperando algum ataque. O receio não lhe impede de prosseguir. Percebe que está num depósito quando vê ao seu lado várias caixas com suplementos que deviam estar estragados. O lugar também estava pouco iluminado. Após mais alguns passos o vulto retorna, desta vez em suas costas. Vira-se rapidamente e fica aliviado por ser apenas um gato preto correndo entre as caixas.
David decide subir uma escada a alguns metros na sua frente. Subindo depara-se com mais uma porta. Abre novamente e desta vez o ambiente era bem claro se comparado com o anterior.
Estava bastante bagunçado, fitas aparentemente de filme espalhadas por todo canto, biscoitos caídos no chão com baratas fazendo a festa, revistas, jornais e mais porcariadas. Apenas uma única coisa lhe interessou, uma televisão de quatorze polegadas prontinha para ser ligada.
Pela situação do local era meio difícil funcionar, mas não custava nada tentar. Ele esticou a mão e pressionou o botão correspondente ao ligar. Apertou várias vezes e nada. Somente depois de alguns tapas na TV, percebeu que ela não estava na tomada quando viu o fio esticado perto do seu pé. Pegou-o e colocou na tomada mais próxima. Seguidamente apertou novamente, mas desta vez surge uma imagem. Fazia tanto tempo que não via uma transmissão que a quantidade absurda de chuvisco nem foi notada.
Estava transmitindo uma novela que odiava. Deu mais pulos até que achou o jornal da região. O apresentador falava sobre agropecuária, o que nem um pouco lhe interessava. Esperava notícias sobre o acontecimento local. Mais algumas reportagens e nada, zero relato. Para completar o apresentador termina com o clichê tenha um bom dia lhe deixando decepcionado.
- Mas que droga! Nem assim para aparecer à reportagem! Mas que porcaria de cidade é essa? Tinha que ser interior mesmo.
Passou a refletir, raciocinando no que faria agora. Lembrou-se da família, do vilão Lord Dark, Anna e de seu melhor amigo Peter. Após alguns segundos ouve passos vindo em sua direção e decide se esconder no primeiro local a vista, uma espécie de guarda roupa velho no cantinho do depósito.
Entrou e quietou-se para concentrar-se no som. Os passos foram se aproximando até chegar ao local. Uma voz grossa de um homem surge resmungando sozinho:
- Puta merda! Este clima não desaparece! Por quanto tempo teremos que agüentar essa porcaria? O sol surge de vez em quando em meio a nuvens escuras, mas logo desaparece não conseguindo ultrapassá-las. Desse jeito torna-se difícil viver! E tudo isso por causa daquela batalha ridícula daqueles dois moleques que surgiram do nada destruindo tudo. Acho que colocaram alguma maldição nessa cidade. E ainda por cima nossa população ignorante batem palmas pela vitória de um pirralho. Vamos ver se agora quando ele surgir de novamente terão coragem de repetir a mesma cena, pois olha a situação em que nos encontramos.
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O Pequeno Herói 2
Macera- SINOPSE - Realidade provou o contrário de tudo que aprendeu graças a uma experiência sem volta de um fim inexistente. As emoções do jovem no passado não eram nada perto dos problemas atuais. A jornada de um herói demonstrava o oposto do encanto no...