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- E o que diz o bilhete, irmão? - Mokuba perguntou.

Seto pegou o papel e leu em voz alta:

"Pode ficar com seu dinheiro, Seto. Não preciso dele. 

Só espero que esteja em casa para me receber como visita ainda hoje às três da tarde, tenho algo para te dizer pessoalmente.

Noah".

- Isso não está me cheirando coisa boa... - o Kaiba mais novo disse - O que acha, Kira?

- Não sei bem. Ele realmente devolveu a maleta com todo o dinheiro dentro, então podemos imaginar que talvez, só talvez, Noah tenha desistido?

- Bobagem. - Kaiba respondeu - Aquele pirralho é do tipo que "não dá ponto sem nó".

Kira voltou a acessar as câmeras de segurança da casa do garoto, mas, para sua surpresa, a decoração do lugar estava um tanto quanto... Diferente. 

- A casa está vazia, pessoal.

- Defina "vazia", Kira.

- Vazia do tipo sem móveis e sem pessoas dentro.

Realmente era como se nunca tivesse alguém vivendo por ali. Como era possível, literalmente da noite para o dia, as coisas terem sumido assim? Em nenhuma das câmeras dava para se obter alguma pista além de cômodos e corredores completamente vazios e silenciosos.

- Não acha que vale a pena investigar pessoalmente?

- Está com saudades do cachorro que te mordeu, Kira? Não vamos atrás dele, temos muito trabalho pela frente. - Seto respondeu, levantando-se da mesa - Antes das três voltaremos para cá, mas até lá temos uma multinacional para dirigir.

Foram para a empresa, onde a hacker novamente ficou na sala dos servidores e os irmãos Kaiba seguiam com seus afazeres. De quando em quando, a garota voltava a tomar conta das imagens da casa de Noah, mas tudo estava parado demais desde então. Nem mesmo os latidos dos cães eram audíveis naquele momento.

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Faltavam quinze minutos para o horário combinado quando os três voltaram para a mansão Kaiba. Mokuba andava de um lado para o outro na sala, Kira tentava hackear mais alguma coisa eletrônica do garoto. 

- Deixem de ser ansiosos, vocês já estão me deixando nervoso com tanta agitação.

- Nós é quem estamos nervosos por ver você tão calmo, Seto. - a moça respondeu - Como pode ficar com essa pose de quem está esperando por uma visita qualquer?

- Porque ele é uma visita qualquer, Kira. 

- Acho que a maluquice daquele garoto está passando pra você, eu hein.

Pontualmente às três da tarde, Noah aparece seguindo um dos empregados da casa. O Kaiba mais novo e Kira enrijeceram-se, ansiosos, ao passo que o rapaz de olhos azuis permaneceu sereno como estava antes.

- Bela casa, Seto.

- Diga de uma vez o que quer, tenho uma coletiva de imprensa daqui uma hora e meia.

- Se é tão educado assim com todas as visitas, acho que já sei o porquê das pessoas te evitarem... Bem, já que está com tanta pressa, vou diretamente ao ponto: estou aqui para adiar o desafio que me fez.

- Não me lembro de te dar o direito de adiar alguma coisa, garoto. Se está com medo, apenas desista. O fato de ter me entregado a maleta já vale mais que mil palavras.

- Não estou com medo. - Noah tirou o passaporte do bolso - Estou com sede de conhecimento e tédio deste lugar medíocre. Vou passar um tempo por vários lugares da Europa para aumentar meus saberes sobre economia e, quem sabe, seguir seu conselho em começar uma empresa por lá.

- Está planejando me superar assim? Bem, o céu é o limite para sonhadores, certo?

- Pense o que quiser. Se me der licença, estou de saída para o aeroporto. Espero que não se esqueça de mim, Seto, pois você terá um concorrente à altura em breve.

- Você terá que crescer vários centímetros pra chegar no meu tamanho, Noah. Boa sorte com a sua tentativa.

O garoto de cabelos turquesa deixou a casa.

- Irmão, acabou de desejar boa sorte para o Noah?

- E qual é o problema, Mokuba? Acha mesmo que ele vai continuar apegado à essa história?

- Bom...

- O fato de Noah estar saindo do país é um sinal que está se desapegando do que restou de seu passado. A ambição dele vai mudar assim que começar com suas viagens.

- Então quer dizer que estamos livres dele?

- Antes tarde do que nunca, irmãozinho.

Rosa NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora