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- Quer parar de me chamar assim? Você poderia ser mais discreta, sabe?

- Eu não tenho culpa se você foi abençoado ao nascer e se tornou essa coisa maravilhosa que se encontra perante mim... Só digo o que vejo, Kaiba. Mas sei que, lá no fundo, você gosta.

O garçom chegou com seus pedidos e jantaram em silêncio, apenas com o som característico dos carros passando na rua e da movimentação dos funcionários do restaurante. No entanto, a atmosfera não era incômoda, apenas natural.

- Esse celular seu é uma loucura, hein? Já perdi as contas de quantas vezes ele já vibrou na minha bota.

- Seria muito grato se você me devolvesse.

- Só no fim do passeio.

Seto revirou os olhos, terminando sua porção enquanto era observado por Kira, que alternava olhares entre ele e a sessão de sobremesas do cardápio.

- O que foi? Perdeu alguma coisa aqui?

- Só estou pensando que tipo de sobremesa daqui seria mais a sua cara para nós dividirmos, mas você parece que não gosta de doce nenhum.

- Eu poderia te responder do que gosto, mas vou te deixar pensando.

- Só não me culpe se sobrar tudo para mim depois. 

Os pratos foram levados embora juntamente com o pedido da sobremesa, que foi pedida em segredo do empresário. 

- Acho que vou passar essa sobremesa. Pelo extremo sigilo do pedido, temo que eu vá ser envenenado.

- Mas que ideia... Se eu te envenenasse perderia minha carona para casa e realmente não estou a fim de andar. 

Uma simples taça de sorvete de morango apareceu na mesa, acompanhada de duas colheres. Seto olhava atentamente para a sobremesa, deixando Kira em suspense por alguns instantes.

- Eu sabia! Você não tem cara de quem gosta de chocolate, então não me restou muitas opções.

- Tem razão. Detesto chocolate.

- Isso explica por que você é tão amargo...

Acabaram com o doce rapidamente, mas o pouco que sobrou só atendia a uma pessoa. Os dois alternavam olhares entre a taça e as colheres, até que a jovem tirou um baralho da bolsa.

- Vamos resolver isso do seu jeito. O vencedor fica com o resto.

- Você já sabe minhas estratégias por ter me hackeado, é jogo sujo.

- Pare de chorar, ok? Não foi à tôa que Yugi tirou seu lugar como Rei dos Jogos, tenha dó...

Kaiba pegou suas cartas, visivelmente contrariado e descontou sua raiva ao invocar o Dragão Branco de Olhos Azuis cinco turnos depois.

- Ok, você me deu uma surra... Até imagino seu dragão dizendo: "Grr, muito bem! O sorvete é seu, chefinho". 

Ele tratou de terminar com o sorvete para não dar o braço a torcer por ainda achar graça na imitação dela.

- Que bonitinho... Sei fazer Seto Kaiba rir. 

- Não fique se vangloriando por isso. - Kaiba deixou o dinheiro na mesa, sem se importar com o troco - Vamos indo.

- Tudo bem.

Ao deixá-la na porta de sua casa, Kaiba tira o capacete para atender a uma ligação depois de ter recebido seu celular de volta. Era Mokuba.

- Eu não tenho culpa se essa maluca confiscou meu celular, irmãozinho... Estou bem, não é como se eu fosse deixar ela me raptar ou algo do gênero. Já estou indo para casa.

- "Maluca"? É assim então? - ela estava de braços cruzados perto dele.

- E você queria que eu me referisse à você como?

- Sei lá, por algum adjetivo menos utilizado por você? Enfim, obrigada pelo jantar.

- Realmente, até que não foi tão ruim assim. Será que agora você vai me dar um pouco mais de sossego?

Ela se aproximou e roubou um beijo dele.

- Definitivamente não, Kaiba.  

Rosa NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora