Capítulo 22 - Sobre culpas e confiar

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Gente, começo dizendo que o capítulo está um pouco forte, então preparem os corações e se vocês acharem que não suportam, pulam as lembranças. Se o desconforto for muito grande, por favor, não leiam. E se precisarem de ajuda, por terem passado pelo mesmo processo, saibam que podem contar comigo sempre. Beijos e boa leitura.

Meus pés ganham vida própria, enquanto sinto-os andando desgovernados pela praia

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Meus pés ganham vida própria, enquanto sinto-os andando desgovernados pela praia. A areia se infiltra entre os dedos e promove nervoso na sola, mas isso é de longe meu desconforto neste momento.

Meus olhos observam todos os lados procurando uma solução, mas eu mesmo não tenho o comando de meu próprio corpo, pois é como se estivesse deitado deixando os pensamentos me conduzirem, mas ao contrário disto o comando está em modo automático e não sinto forças para retirá-lo.

A agonia e o medo se alastraram como um veneno tóxico no ar, e isso fez com que meu corpo fosse contaminado. Não tenho o controle dele e sinto-me como uma marionete sendo governada por mãos desconhecidas e sustentada por barbante barato. É como se a qualquer milésimo de segundo meu corpo fosse despencar de um penhasco, mas ao mesmo tempo é como se eu já estivesse caído e simplesmente estou submerso nas águas, onde, a cada segundo elas retiram de mim o fôlego que o corpo precisa para sobreviver.

O choro sai livremente de forma melódica e depressiva. As grossas lágrimas banharam minha face que agora se encontra sobrecarregada e cansada de aliviar pelas pupilas, todo o sofrimento que o meu interior está sentindo, contudo é como se nenhuma gota salgada tivesse saído do meu corpo, pois o peso do coração permanece o mesmo.

Toda a desordem das células do corpo fizeram com que gatilhos fossem disparados. A mente rapidamente agradeceu e pôde jogar sobre mim tudo que tento ocultar e esquecer. Mas ela é uma traidora e está amando me ver vivenciar e sentir toda a podridão e sofrimento do meu passado. Por que eu não consigo sair deste transe e ir até a minha ruiva? Não consigo raciocinar corretamente, pois o piloto automático trouxe outra lembrança e esta é arrebatadora.

..

- Ágatha, por favor, eu não quero fazer isso novamente. - Digo deitado em posição fetal em minha cama.

- Moleque, quando vai compreender que quem manda em você sou eu? - Ela abre os lábios vermelhos em um sorriso perverso.

Por esse motivo eu odeio a m4rda do sorriso! Muitos dizem que ele é sinal de felicidade e emoção, mas eu, na maior parte do tempo, recebo-o como escárnio, deboche, raiva e prazer. Em quase todas as vezes que eu o recebo são nos momentos de total sofrimento e dor.

- Eu não duvido disso, Ágatha, mas só preciso de um tempo. Tudo em mim está doendo e sangrando. - Levanto o cobertor de meu corpo e mostro-a. Tudo que eu desejo é que ela sinta pena de mim e não mande eu fazer tudo novamente.

- Isso está feio. - Ela sorri debochada e eu me cubro sentindo vergonha. - Mas não tem problema comprei uma ótima pomada e ainda tem Torsilax na caixa de medicamentos. Vou pedir para o Érico cuidar de você. - Permaneci em silêncio segurando as lágrimas. - Diz alguma coisa, Mattheus! - Bradou ela.

Autor de Recomeços - Trilogia Autor #2Onde histórias criam vida. Descubra agora