Capítulo 05 - Vagando Pelos Tempos

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Bill não queria, mas não tinha outro jeito.
Trato é trato. E se tratando do diabo ele vem buscar o que é dele sim.
Bill pediu 7 minutos para despedir do seu filho.
Mas o diabo só deu 7 segundos.
- Silonar meu filho. Vem aqui me dá o último abraço, você sabe que...

7 segundos é pouco tempo.
E antes do abraço o diabo já levaria seu corpo e também sua alma.

Silonar viu seu pai morrer, mas ele não podia fazer nada.
A revolta tomou conta do coração do fora-da-lei.

Ele foi para casa sozinho.
A vida parecia não ter mais motivos para continuar.
Mas ele tinha o consolo da sua amada Grace.
E assim os dias foram passando...

Silonar continuava o mesmo de antes. Roubando os bancos, matando inimigos, quebrado a cara, levando porrada, indo no saloon tomar cervejas e tudo mais.

Um dia Silonar estava voltando para casa e no mesmo lugar que o seu pai morreu o diabo apareceu.
- Olá Silonar, lembra de mim?
Seu pai mandou lembranças.
Ele falou que está com saudades.
E agora mesmo ele está sendo torturado pelos meus seguidores.
Você quer...

Silonar interrompe:
- Pare! Seu covarde!
Vou acabar com você seu coisa ruim.
Vingarei a morte do meu pai.

O diabo começa a sorrir.
- Há, há, há, há, há.
Irá vingar como seu humano inútil?
Seu pai vendeu a própria alma para salvar a sua vida.
A sua vida Silonar.
Ele não te contou isso?
Até breve, Silonar.
Voltarei outro dia para negociar.
Há, há, há, há, há.

Silonar foi para sua casa todo perturbado.
E no outro dia Silonar falou para Grace o que tinha acontecido.
- Grace, preciso fazer alguma coisa.
Eu tenho que vingar a morte do meu pai.
Tenho que fazer isso.
Nem que eu tenha que morrer

Grace olha para o chão, balança a cabeça e diz:
- Poxa Silonar. Como você vai fazer isso? Eu não quero te perder.
O que será da minha vida sem você?
Eu entendo a sua revolta, mas deixa isso nas mãos de Deus.
Não há o que fazer.

Silonar passa dias e dias pensando numa solução.
Até que um dia ele viu um missionário pregando a palavra de Deus.
Aquilo faz Silonar pensar demais.

Ele vai até o missionário e fica conversando por horas e horas.
O missionário mostra a bíblia e fala para Silonar o quanto ter fé é uma arma poderosa.
Só a fé em Deus é capaz de vencer.
Seguir a Deus é o melhor caminho.
O missionário dá uma bíblia para o Silonar e ele vai embora.

Silonar ficou completamente confuso. Tudo que ele leu naquele livro sagrado levou a uma única solução.
Então Silonar pegou seu rifle, pegou sua bíblia, e foi para o lugar onde seu pai morreu.

Chegando lá ele gritou:
- Diabo. Apareça seu covarde.
Hoje tudo acaba!

Imediatamente o diabo aparece.

Silonar começa a orar:
- Refrigera-me a alma.
Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.
Ainda que eu ande pelo vale da morte, não temerei mal nenhum.
Porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.

Depois daquelas palavras sagradas, Silonar descarrega toda munição no diabo e ele começa a queimar.

E no mesmo instante Silonar viu a alma do seu pai sendo libertada e subindo como se fosse um lençol transparente.

Silonar ouviu uma voz celestial dizendo assim:
- Silonar, você libertou o seu pai da terrível maldição.
O diabo agora está no seu devido lugar.
Sua missão termina aqui.

( Antes do Silonar ir pro abismo desafiar o diabo, ele fez uma oração. Colocou todas as balas sobre a bíblia, pediu a DEUS para salvar a alma do seu pai.
E a única forma de salvar seria ele morrendo.
E antes de atirar no diabo, uma cobra picou o Silonar.
E como ele sabia que aquilo era o próprio diabo que tinha se apoderado dá cobra, ele simplesmente se entregou a morte).

Mas a lenda não terminava ali.

O nome Silonar continuava vagando pelos tempos, procurando por aquele...
Aquele para ser o escolhido.
Aquele para continuar carregando o nome Silonar.

O antes de tudo, o depois do nada.

Antes de tudo o nome já estava lá.
Voltas e voltas, tempos e tempos, às vezes lá atrás, às vezes lá na frente. Não importa o quão e o porquê.

Se fosse preciso o nome Silonar voltaria no tempo para fazer alguma diferença ali.
Talvez para corrigir, talvez para errar. Talvez um novo rumo, talvez uma continuação, talvez uma resposta, talvez sem respostas, talvez um talvez...

Simplesmente o nome iria onde fosse preciso.
Não importa o tempo.
Ele só procura alguém para fazer uma viagem.
Uma viagem nos dias, desde o seu nascimento até a hora de partir.

Um destino para cumprir.
Sem nenhuma regra, sem nenhuma perfeição, tudo naturalmente, sem nenhum sermão.
Sem nenhuma pena para pagar, mas se fosse algo muito sério, sim, teria que pagar podendo errar enquanto procura acertar.

Era o ano de 1.618 e ali estava ele. Silonar agora é um marinheiro tranquilo.
Um marinheiro que mais tarde se tornaria um terrível pirata!

Silonar vivia fazendo viagens pelos 7 mares.
Ele e o seu amigo Taití.
Toda vez que eles viajavam para a Índia o navio era saqueado.

Silonar e Taití já tinham lutado tantas vezes com os piratas.
Já tinha andado tantas vezes na prancha, que eles tomaram uma decisão.
- Chega de ser marinheiros porra!
Trabalhamos iguais uns condenados.
Ganhamos poucos, comemos mal.
Nenhuma donzela passa por aqui.
Vamos virar piratas e roubar os navios.
Há, há, há. Dizia Taití.

Silonar concordou com o amigo.

Os dois abandonaram a vida de marinheiros e caíram no mundo dos piratas.


Publicado 07/10/2019

A Lenda Seven DaysOnde histórias criam vida. Descubra agora