Parte XVI

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- Eve, você pegou as toalhas? - Gritei, na base da escada, para o andar de cima

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- Eve, você pegou as toalhas? - Gritei, na base da escada, para o andar de cima.

- Estão comigo! - Ouvi a voz abafada de Eve responder, em algum lugar.

Sentei-me no sofá enquanto esperava todos ficarem prontos. Sei que esse lugar era para ser meu fim, e o peso do que aconteceu ainda me tirava o sono. Mas, já que estou aqui, de que adianta chorar e definhar? De que adiantaria sobreviver à tudo que sobrevivi só para me matar naquela ilha? Não tenho o que fazer. Nenhum barco, nenhuma experiência de navegação. Não duraria um dia em alto mar se tentasse voltar para casa, então era melhor me ajustar à minha nova realidade: eu morava ali.

- Por que essa cara tão fechada? - Theo me perguntou, com um sorriso leve no rosto.

Ele estava usando uma bermuda que eu mesma fiz, e tingi na cor preta. Era estranho o contraste que a cor fazia com a pele dele, branca como papel. A luz que entrava pela porta da frente aberta refletia tanto no corpo magro de Theo que quase doía os olhos, me fazendo desviar o olhar.

- Nada demais, só pensando...

- Quer compartilhar? - Ele perguntou, se jogando ao meu lado no sofá.

Virei-me no sofá encontrando um Theo relaxado e descontraído, seu braço jogado nas costas do sofá  tão próximo que roçava de leve em minha nuca, mas ignorei a situação.

- Um pouco de tudo. Na minha vida de antes, no acidente... sei lá. Tudo ainda é meio estranho.

- E como era sua vida antes?

- Bem, eu tinha acabado de passar no vestibular e ia entrar para a faculdade no início do ano...

- O que é vestibular? - Ele perguntou, o rosto desconcertado me lembrando o de Eve no dia anterior.

- Uma prova bem grande para você conseguir entrar em alguma universidade.

- Universidade é tipo a escola? - Suas perguntas inocentes aos poucos afastavam de mim aquele sentimento pesado que vinha toda vez que eu pensava em casa. Ri baixinho.

- Isso, mas mais específico e difícil. É bem puxado e estressante, eu lembro que quase fiquei doente quando estava estudando para o vestibular.

- Por que você iria querer entrar nisso então?

A expressão de confusão com o cenho franzido e a boca levemente tensionada que Theo carregava por uma pergunta tão simples, me fez rir. Tentei me conter, mas caí na gargalhada. Ele olhava para os lados e tentava entender o que havia dito de tão engraçado, enquanto eu limpava as lágrimas que tinham brotado nos meus olhos e apertava a barriga, que já doía pelos risos.

- Desculpe, eu só - ri mais um pouco - achei muito engraçada sua pergunta.

- Por quê? - Seu rosto queimava em um tom de vermelho que quase me fez sentir mal por ter rido tanto. Quase, porque a cor também o deixava extremamente fofo.

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