Parte XXI

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Era estranho o quanto tudo aquilo me soava inexplicavelmente familiar

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Era estranho o quanto tudo aquilo me soava inexplicavelmente familiar. Era uma cratera de pelo menos quatro metros de profundidade e uns vinte de diâmetro. Lá dentro, o canto dos pássaros era sorrateiro e quase inexistente. O ambiente era gelado, e a energia era um pouco pesada.

As árvores ao redor estavam tombadas para os lados, mostrando que algo havia caído com grande choque naquele ponto. Algo não tão pequeno, mas não tão grande para se fazer aniquilador. Algo que havia destruído tudo e matado o que quer que estivesse ali no momento da queda. Algo que, por incrível que pareça, não estava mais lá.

Caminhei até o centro da cratera na busca por algum sinal do que quer que tivesse causado tanto impacto, mas tudo que encontrei foram linhas convergentes que apontavam para um espaço vazio. Não havia nada ali.

Confusa e um tanto frustrada, dei mais uma olhada ao redor e comecei a voltar em passos calmos para a casa, antes que Theo ou Eve notassem minha ausência.

...

Quando abri a porta da sala, a casa ainda estava silenciosa, indicando que eu ainda era a única acordada. Fui até a cozinha e preparei um chá de o que quer que fossem aquelas folhas que Theo deixava separadas para o café da manhã.

Sentada sozinha, o chá frio me encarando na mesa, o silêncio reinando na casa. Tudo parecia calmo demais, em contraste com a confusão que estava em meus pensamentos. O que haveria causado aquela marca tão grande no coração de uma ilha da qual ninguém tinha conhecimento?

O que eu estava fazendo ali, sentada na cozinha de uma casa que não era minha? O que eu estava fazendo fantasiando sobre segurar a mão de alguém que eu não conhecia, e que não conseguia me contar nada sem desviar os olhos e mudar de assunto? O que eu estava fazendo preparando chá enquanto minha família estava provavelmente chorando a minha falta?

Meus pensamentos eram salgados enquanto transbordavam pelos meus olhos. Era uma pressão esmagadora que gritava que eu nunca mais seria eu mesma, que não veria meus pais, que não entraria para a faculdade. Quem eu era naquele momento? Que perspectiva eu tinha?

É incrível o que poucos minutos dentro daquela cratera causaram dentro da minha cabeça.

Quando ouvi passos descendo as escadas, sequei o rosto com as costas das mãos. Forcei para dentro um gole daquele chá, que nunca ficava tão bom quanto o que Theo preparava.

- Acordou cedo hoje. - Comentou ele, com um sorriso estranho e o cenho franzido.

- É, tive sonhos ruins. - Menti.

- Quer compartilhar?

- Não, valeu. Quero só esquecer.

Respirei fundo e Theo me olhou preocupado enquanto se servia de um pouco do chá. Não importava o que eu fazia, acho que sempre terminávamos assim: eu, cansada, com vários problemas, e Theo me olhando com preocupação.

- Quer ir comigo conhecer a floresta? Pode te ajudar a espairecer.

- Não, obrigada. Acho que quero ficar em casa hoje.

- Bem... se mudar de ideia ou quiser companhia, sabe onde me encontrar. - Ele completou, com um sorriso fraco e compreensivo no rosto.

Abandonei meu chá na mesa e subi as escadas sem responder. Ao chegar no quarto, me joguei na cama. Eu não estava bem.

Não demorou muito para que batidas na porta me fizessem levantar o corpo. Pela porta entreaberta, ele colocou metade do corpo para dentro. Sua expressão era o suficiente, ele não precisava dizer mais nada. Mesmo assim, perguntou:

- Está tudo bem?

Meus olhos cheios de lágrimas embaçaram minha visão conforme negava com a cabeça, sem conseguir forçar nem mais um sorriso. Ele veio em minha direção sem demora, me envolvendo em seus braços e deixando que meu choro manchasse sua camisa nova.

Deitamos juntos na cama, e ele acariciava meus cabelos enquanto eu desabava em seu peito.

Deitamos juntos  na cama, e ele acariciava meus cabelos enquanto eu desabava em seu peito

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