Parte XXVIII

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O dia amanheceu com o barulho das chuvas fortes no telhado

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O dia amanheceu com o barulho das chuvas fortes no telhado. Era estranho como o barulho era estrondoso, mas ao mesmo tempo tão calmante. Instintivamente, levei a mão até o lado da cama em que Theo dormia, mas ao encontrá-lo vazio e gelado, recolhi as mãos para dentro do cobertor.

Levantei preguiçosamente, esticando o corpo e colocando um fino roupão branco por cima da camisola. Desci as escadas sem pressa e cheguei na cozinha, encontrando-a vazia. Coloquei a água para ferver com a canela, e decidi inventar algo novo, jogando algumas folhas de louro junto.

- Bom dia. - Escutei a voz de Eve, baixa, atrás de mim.

Virei-me hesitante, encontrando-a sentada num dos bancos da mesa esfregando os olhos, como se tivesse mesmo dormido. Voltei a mexer o chá, que nem precisava ser mexido.

- Bom dia, - disse, devagar, - você sabe que Theo já me contou tudo, certo?

- Sim, ele me disse.

- Então porque você parece com sono? - Perguntei, virando-me para ela de uma só vez e a encarando.

- São minhas configurações, Às. Eu funciono exatamente como você.

- Ah, - respondi, envergonhada, - entendi.

Servi um copo de chá e coloquei na sua frente, me servindo outro. Um silêncio se instalou rapidamente na cozinha, e o clima estranho estava mais presente no ar do que a fumaça do chá recém fervido.

- Bom dia! - Ouvi a voz rouca de Theo vinda da sala, enquanto caminhava até nós.

- Bom dia. - Respondi baixo.

Ele se sentou na ponta da mesa e serviu-se de um copo de chá. Era impossível não sentir seus olhos constantemente em cima de mim, e seus lábios levemente repuxados num sorrisinho. Não pude evitar de sorrir também, e ao olhá-lo e encontrar seus olhos, meu coração pulou uma batida. Me sentia uma adolescente apaixonada de novo, desviando meu olhar para minha caneca de chá com um sorriso um pouco maior no rosto.

Naquela manhã chuvosa, pouquíssimas palavras foram ditas. Apenas nos sentamos, em silêncio, bebericando nosso chá da manhã com pequenos sorrisos e trocas de olhares, que comunicavam mais que mil palavras. Pela primeira vez nos últimos dias, me senti bem. Me senti melhor. Ele ainda estava ali, ainda meu, ainda Theo. E eu amava Theo.

...

Após aquela manhã estranhamente feliz na cozinha, decidi me sentar na sala de estar, já que a chuva impedia qualquer atividade externa. Minha mão estava suja de carvão, e no papel à minha frente, mais uma imagem dele surgia: com a caneca de chá nas mãos, olhando para baixo com seu pequeno sorriso de lado. Seu cabelo estava bagunçado por ter acabado de acordar e a fumaça subia de sua caneca e se dissipava no ar.

- Ficou perfeito. - Ouvi, atrás de mim. Antes de me virar, já sabia quem era.

- Hey. - Eu respondi apenas, enquanto Eve dava a volta no sofá e se sentava à minha frente.

- Você tem muito talento para isso, sabia? Deveria ser artista.

- Bem... por aqui, essa não é uma profissão tão fácil de se seguir. É bem complicado, e eu nem sempre consigo colocar tudo no papel com tamanha facilidade, só... - Meus olhos passearam novamente pelo desenho. - É mais fácil com ele.

- Você o ama, certo? - Sua declaração me pegou de surpresa. Eu já tinha certeza há bastante tempo, mas não dizia com tanta frequência. - É mais fácil se expressar sobre o que você ama. Talvez seja por isso que Theo já quase encheu seu caderno velho com poemas para você... Não que eu tenha lido nada, imagine. - Ela me olhou, com um sorriso cúmplice.

- Ele escreve? Para mim?

- Desde o dia que você desmaiou no gramado. Nossa, você tinha que ver a reação que ele teve quando eu disse que tinha uma garota no quintal. Foi cômico. - Nós rimos.

- Ele surtou?

- Muito! Ele sempre amou a Terra, entende? Nunca tinha vindo aqui ou conhecido ninguém daqui, mas desde pequeno ele é louco por esse lugar. Quando ele te pegou no colo e te trouxe para dentro, parecia fissurado. Não tirava os olhos de você nem por um segundo, e quando não estava cuidando de você, estava sentado na varanda, suspirando como um bobo.

Eu ri, e tentei imaginar Theo assim. Quando o vi pela primeira vez não podia imaginar que era nem metade do homem que é, não pelo fato de não ser da Terra, mas por ser simplesmente incrível. Ele nem me conhecia e passou noites em claro para me salvar, e eu nunca poderia o agradecer o suficiente por isso. Já estaria morta se não fosse por ele.

- E por que ele ama tanto a Terra? O que tem de tão especial aqui? - Perguntei.

- Bem, não sei te dizer muito... nunca conversamos muito sobre o assunto, é delicado. Sei que a mãe dele era pesquisadora e tinha se especializado em costumes e vida terrestres. Ele comenta de vez em quando sobre como a mãe dele já lhe havia falado sobre tal planta nova que encontramos e essas coisas... nada além disso.

- Por quê?

- Ela... faleceu. Tem uns anos, e o caso nunca foi muito bem esclarecido. Na época foi até um grande escândalo, pois mesmo sendo criança ele jurava que ela havia sido assassinada, mas como nunca encontraram nada, nem mesmo um corpo, o caso foi arquivado.

- Meu Deus... que horror. - Então ele também sabia como era perder família... - Eles eram próximos?

- Muito. Ele também era próximo do pai, mas ele sempre foi bem mais frio e distante, como a grande maioria das pessoas em Adrastéia. Ele vivia agarrado com a mãe, e ficou muito mal quando ela sumiu. Não que eu saiba bem dessas coisas, mas recebi bastante informação sobre ele quando fui designada para sua nave. Pelo que vi nos vídeos e reportagens, acho que ele só chegou perto de ficar tão mal assim mais uma vez.

- Quando?

- Quando pensou que perderia você.

Aquilo sim me fez perder a respiração. Meu coração se apertou na hora, e me fez levantar do sofá. Agradeci a Eve pela conversa, e fui para o andar de cima procurando por Theo.

Abri a porta do meu quarto, e estava vazio. Ele também não estava no banheiro ou na sala de estudos. Só havia mais um lugar para procurar, e ao abrir a porta me deparei com ele deitado na cama com mais um livro em mãos. Seu quarto era idêntico ao meu, a não ser pela varanda ampla e pela quantidade de livros empilhados pelo chão e nas escrivaninhas.

- Às, o que você... - Ele começou a perguntar, fechando o livro e colocando-o de lado, mas não o deixei terminar. Me lancei em seus braços e tomei seus lábios num beijo urgente, pegando-o de surpresa.

Ao parar para respirar, nossos olhos se encontraram com o mesmo brilho. Amor, paixão, tudo se misturava e nos fazia buscar por ar.

- Você não pode me perder. Nunca. - Foi o que disse, antes de nos perdermos em beijos e lençóis.

Aaah gente, esses dois são demais pro meu coraçãozinho ❤️Estão prontos pro final? Está chegando 😬Não se esqueçam dos votinhos e comentários, viajantes!Até mais!

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