Parte XXV

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Adrastéia, 08 anos atrás

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Adrastéia, 08 anos atrás.

Estava jogado no sofá branco da casa de minha família. À minha frente, as palavras do livro velho começavam a soar monótonas de tantas vezes que eu já o havia lido. A história de Adrastéia, se lia na capa surrada. Como se qualquer ser desse mísero lugar precisasse de um livro para entender como esse lugar funcionava.

Havia uma sensação estranha no ar. Estava sozinho em casa quando meu pai entrou num estrondo, o rosto vermelho vivo, e o andar tão pesado que ecoava pelo piso de pedra lisa da casa.

Algo havia dado errado no trabalho.

Não que isso não acontecesse com muita frequência, é claro. Meu pai era não só o mais prestigiado líder de pesquisa do Conselho, era o responsável pelo Monitoramento. Tudo que acontecia ao redor de Adrastéia, nesse pacato Sistema Solar, ele tinha a responsabilidade de saber. Não era a primeira vez que ele chegava tão nervoso em casa.

Fechei o livro e me levantei do sofá. Rapidamente fui até a enorme mesa branca que ficava no canto da sala e servi um pouco de água num copo, colocando-o na frente de meu pai e sentando-me ao seu lado.

- Algo de errado no trabalho hoje? - Perguntei, já sabendo a resposta.

Ele suspirou pesadamente e agarrou os cabelos brancos, como fazia quando estava agitado.

- No trabalho, não. Na verdade, o Monitoramento chegou a um ponto que não tenho certeza se gostaria de ter chegado. O Conselho não me deixa em paz, exigindo os resultados, mas eu simplesmente não posso! Não quero acreditar que aquilo está certo, tenho que continuar a pesquisa e... - Coloquei a mão em seu ombro e o olhei, como fazia para lembrá-lo de respirar entre as palavras.

- Pai, vai com calma. Aquilo o que? Você teve retorno em alguma pesquisa importante do Monitoramento, é isso?

Ele me olhou por um segundo com receio, como se estivesse se perguntando o quanto deveria me contar, mas abaixou o olhar e respirou fundo.

- Pai, eu trabalho com você. Sou de outra divisão mas trabalhamos no mesmo Instituto. Sabe que pode confiar em mim. - Ele levantou os olhos para mim e assentiu devagar.

- Pois bem... tive retorno na pesquisa 3226. Veio de uma das divisões que monitoram o Sol. Dois dias atrás, uma estagiária, que nem deveria estar ali há muito tempo, estava desesperada para entrar na minha sala. Virgínia tentou impedi-la, disse que eu estava ocupado e que se quisesse me ver precisaria de um horário, mas aquela menina estava fora de controle. Ela entrou como um furacão na minha sala, os olhos arregalados de medo, e sem dizer uma palavra, colocou uma pasta vermelha na minha frente.

Ele se levantou  e foi até o armário de arquivos que ficava no canto da sala. Puxou a chave de um cordão no pescoço e abriu a gaveta, pegando a tal pasta e deslizando-a para mim pela mesa de vidro.

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