12 - ACORDANDO EM UM PESADELO

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Eu acordei quando o céu começava a ficar arroxeado pelo nascer do sol, conseguia ver pela janela que eram por volta das cinco horas da manhã, e algumas estrelas ainda brilhavam, poucas, mas visíveis mesmo que o céu estivesse clareando. Podia sentir uma brisa fresca soprar pela fresta aberta, fazendo a parte descoberta do meu corpo se arrepiar com o toque frio. Podia sentir um braço sobre o meu corpo, cheio de músculos e pesado demais para ser o meu próprio, entretanto, mesmo assim, era confortável e quentinho. Naquele dia em específico não queria sair da cama: meu corpo doía em lugares que não eram tão agradáveis, mas ao mesmo tempo... Tinha marcas roxas no meu pescoço, na minha barriga, nas minhas pernas e uma marca de mordida no meu pescoço que, fora avisado, deixaria uma cicatriz para sempre, pois era uma marca.

Marcas não eram deixadas deliberadamente por alfas lúpus por aí, não. Marcas eram reservadas para sua alma gêmea. Elas nunca saravam por completo, se tornavam uma cicatriz, mesmo que fina, mas que nunca desaparecia. Tornaram-se marcas de comprometimento, já que, uma vez marcados, os companheiros dos alfas lúpus tornavam-se completamente inacessíveis para qualquer outro ser que quisesse alguma relação amorosa, ou mais íntima com o outro ser marcado.

E lá estava a minha marca. Bem ali, perto do meu pescoço, na parte de trás do meu ombro. Fora marcado pelo homem que amo, talvez sem querer, talvez por querer, mas não me importava tanto, o importante era que fora marcado e aquela marca permaneceria em meu corpo para sempre.

Com algum esforço, deslizei para fora da cama king size, e ouvi o homem do outro lado da cama resmungar algo em seu sono pesado. Eu sorri. Ele era adorável enquanto dormia, enquanto comia, com o queixo sujo de comida e tudo o mais. Ele era simplesmente adorável. Passei os dedos levemente por seus cabelos castanhos, tirando uma mecha mais longa de sua franja para longe de sua testa. Adorável.

Suspirei e andei para o banheiro, onde pude ver minha imagem no espelho: cabelos bagunçados, corpo manchado, marcas de dente na base do pescoço, exatamente como eu deveria parecer depois de uma noite como a que eu tive. No entanto... Tinha alguma coisa errada...

Uma dor no peito me fez arfar e coloquei a mão, curvando meu corpo para frente, sentindo minha consciência ser levada para outro lugar, longe daqui...

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— Ele voltou! — gritou um homem ao meu lado — Nós podemos mover o corpo agora! — senti mãos pegarem meus ombros e um grito de dor saiu por entre meus lábios. Eu estava mesmo consciente? — Calma, calma. Nós estamos com você, não se preocupe, você vai ficar bem. — a voz se tornou suave e calma, como se estivesse falando com uma criança. — Vamos!

— Der... Derek... — falei, com dificuldade.

Era difícil respirar, era difícil falar... Eu sentia o gosto metálico do sangue em meus lábios, sentia o gosto metálico do sangue em minha garganta, ele subia e...

— Acho que ele vai vomitar! — ouvi uma voz conhecida, mas não soube quem havia falado.

Meu corpo foi levantado e o sangue foi expelido pela minha garganta, molhando meu colo com aquele líquido viscoso e nojento. Fui deitado novamente na superfície dura, e aquela não era gelada como a última: eu não estava mais em uma mesa de metal. Gemi, de dor, enquanto eles me levavam para dentro de um carro.

Fechei os olhos. Estava tão cansado... Eu só queria dormir...

— Fred, meu filho, não durma. Por favor. — murmurou a voz do meu pai.

Uma mão grande segurava a minha, apertando-a sem força. O som da ambulância fazia meus ouvidos apitarem junto com a máquina que contava as batidas do meu coração — os bipes eram lentos e confusos, como se meu coração não tivesse mais forças...

Magic Idol (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora