Foi um passeio quase agradável.
Assim que saí do perímetro da casa da Mel, senti meu corpo tencionar-se novamente, alerta para qualquer tipo de perigo iminente. Meu braço direito estava entrelaçado ao esquerdo de Melissa enquanto caminhávamos calmamente para a praia, sob olhares afiados de todos que passavam por nós.
Eu podia sentir o cheiro que nós dois emanávamos: como um ímã para alfas e betas que estavam a metros de distância. Derek e Diego se mantiveram perto de nós, quase como se fossem nossos guarda-costas, e eu podia ouvir rosnados vindo do moreno metido a motoqueiro direcionados a todos que se aproximavam a pouco mais de três metros de nós. O alfa loiro também não ficava para trás, embora não com uma tática tão ofensiva quanto o amigo, mas o vi esbarrar em um moleque mais baixo que nos olhava, atrevido.
— Não foi uma boa ideia. — murmurou Melissa, encolhendo-se, apertando meu braço com as unhas.
Engoli o seco e respirei fundo, olhando para o caminho a nossa frente. Ele parecia enorme, mesmo que faltassem poucos metros para chegarmos a praia. Meus pés pareciam ser puxados para baixo no asfalto, como se a quentura deste estivesse derretendo as solas de borracha dos meus chinelos. Respirei fundo uma, duas vezes e sorri para minha amiga, puxando-a para seguirmos nosso caminho. Não perderia uma tarde na praia com meus amigos por causa de babacas que não sabiam controlar seus instintos.
— Tem certeza que quer ir a praia, Grenny? — perguntou Derek, em um tom baixo, atrás de mim.
— Não perderia isso por nada. — disse, sem olha-lo, olhando para um homem forte e alto que nos encarava, quase babando. Fiz uma careta. — Maldito cheiro de laranja.
— Certo. Não dá. — ouvi Derek dizer, parando de caminhar. Eu parei e dei uma volta de 180° para olha-lo. Ele tirou a jaqueta de couro e colocou sobre os meus ombros, mesmo sob meus protestos. O alfa me olhou com um olhar ferino e eu tentei segurar seu olhar, mas era difícil quando ele estava usando sua influência de alfa daquela forma. — Isso vai mascarar seu cheiro até chegarmos a praia. — abri a boca para protestar, mas nada saiu. Malditos feromônios. — Vamos.
Ele pegou meu pulso, puxando-me em direção à praia. Melissa correu alguns passos para me alcançar e pegar minha mão livre, porém, quando ouviu o rosnado baixo de Derek, ela soltou, olhando-me com medo. Virei para ela, sorrindo tranquilizadora e, então, olhei para Diego, indicando para que protegesse a menina.
— Vamos, vai ficar tudo bem. — disse o loiro, de forma suave, sua voz se tornando baixa a medida que Derek me puxava para longe. — Eu estou aqui, certo? Não vou deixar nada acontecer com você.
Vi-a assentir brevemente, pegando a mão do maior com certo receio. Diego sorriu, encantador, fazendo Melissa olhar para baixo e corar. Eles nos seguiram de mãos dadas, enquanto eu praticamente corria para acompanhar os passos grandes de Frenshwick. Ele segurava meu pulso com força, seus dedos longos davam a volta em meu pulso e eu sabia que deixariam marcas na pele suave.
Puxei meu braço de seu agarre, esforçando-me para acompanhar seus passos sem que ele precisasse segurar meu braço, como se eu fosse uma criança birrenta. Respirei fundo, olhando-o uma vez, vendo uma veia saltada em seu pescoço musculoso e seu maxilar travado e tenso como se estivesse se controlando para não bater em alguma coisa.
Sem perceber, coloquei os braços nas mangas da jaqueta, deixando que o cheiro almiscarado e suavemente amadeirado me cercasse, minha pele começou a formigar suavemente. Vez ou outra, flagrei-o olhando para mim e eu mordi o lábio inferior, voltando meu olhar fixo para o caminho, até guiar-nos por um caminho estreito entre dois restaurantes que desembocava na praia. Suspirei, sentindo o cheiro suave da maresia e ouvindo o som do mar batendo contra areia. Sorri, adiantando-me para frente, praticamente correndo como uma criança animada.
— O-ho, calma aí, garotão. — disse Derek, puxando-me pela gola e parando-me quando estávamos próximos do quiosque que dava entrada para a praia. — Você não...
— Claro que posso! — disse, interrompendo-o, desvencilhando-me e olhando-o, com toda a minha determinação e braços cruzados.
— Fred, ele está certo. — disse Mel, aproximando-se de mãos dadas com Diego. — Seu cheiro está mais forte... Vai atrair muitos... Estranhos.
— Pra não dizer pervertidos. — disse Derek, ficando a minha frente. — Eu não vou ficar te protegendo o tempo todo, Grenny.
— Eu não pedi pra me proteger. — disse, erguendo uma sobrancelha. — Eu nunca precisei e...
— Antes você não atraía tantos malucos, Fred. — disse Diego.
Bufei. Estavam todos contra mim? Era isso? Melissa se desvencilhou de Diego e se aproximou de mim, com um mínimo sorriso nos lábios. Abraçou-me brevemente, quase me surpreendendo e esticou-se para dar um beijo em minha bochecha.
— Nós nos preocupamos com você, Frederick Grenny. Por favor, deixe-nos preocupar-nos com você.
Olhei para Diego, que deu de ombros suavemente, sorrindo breve e, então, olhei para Derek, que fuzilava as costas da menina loira com os braços cruzados. Não confirmou nem negou aquilo que minha amiga dizia, apenas a encarou com olhos ferinos como se... Ergui uma sobrancelha. Por que Derek Frenshwick estaria com ciúmes de mim? Eu não era nada dele, mal éramos amigos...
Mordi o lábio inferior e sorri brevemente para minha amiga, olhando-a e assentindo brevemente. Então ela bateu em meu peito e sorriu pequeno.
— Teimoso. — diz, antes de ouvir Frenshwick rosnar e a vi tremer em meus braços, escondendo o rosto em meu peito. — Ele rosna muito para mim.
— Você está muito perto dele. — disse Diego, dando de ombros, com um sorriso quase malicioso aparecendo no canto de seus lábios. Ele se aproximou, pegando Mel pelos ombros, fazendo-a corar. — Não se preocupe com esse motoqueiro de meia tigela, Mel, só está tentando proteger o que ele acha que é dele.
— Quê? — falei, olhando-o com uma sobrancelha erguida, virando-me rapidamente para Derek, que nos observava com certa indiferença. — O quê?!
Vi Diego rolar os olhos e rir baixo, enquanto puxava Melissa pelos ombros em direção à praia.
— Vamos nos divertir, pessoal. Foi pra isso que viemos aqui. — disse, enquanto eu ainda olhava para Derek, franzindo o cenho.
Os dois loiros seguiram para a praia e eu encarei Frenshwick, dando um passo em sua direção encarando-o com as sobrancelhas franzidas.
— Qual é a sua, Frenshwick? — disse — Por que fica rosnando pra minha amiga? Por que fica rosnando pra qualquer um que encoste em mim? Qual é a sua, Derek?
— Eu não sei! — disse o moreno, exasperado, sua expressão passando de determinação pra aflição em questão de segundos. — Eu não sei. Eu tenho... Eu tenho esses malditos instintos e... Eu não consigo controlar, certo? — ele estendeu as mãos e olhou-as — Eu só... Eu só sinto que preciso proteger você. Cuidar de você... Eu não sei o que é isso.
— É o que os seus instintos estão dizendo? — perguntei, vendo-o assentir, com a cabeça baixa. Nunca o vi tão... Quebrado. Respirei fundo e fechei os olhos. — Certo. — abri os olhos novamente e ergui ambas as sobrancelhas pro garoto, que parecia mais quebrado que nunca. — Você pode me proteger, cuidar de mim, que seja. Mas não pode rosnar pra minha amiga. Ela já é muito assustada pra você ficar rosnando pra ela.
Ele me olhou, sua expressão era sérias e quase carrancuda, com pelos suaves em seu queixo e bochecha, como uma barba por fazer, mas seus olhos brilhavam como os de filhotinhos que ganhavam um agrado de seus donos. Ergui uma sobrancelha para esse estranho brilho, enquanto ele assentia uma vez com a cabeça. Meneei a cabeça, fechando os olhos e seguindo em direção a praia. Aquele cara já era estranho demais sem que eu ficasse me preocupando com ele.
Respirei fundo o cheiro do mar e das comidas gordurosas que os quiosques faziam. Tirei meus chinelos, segurando-os na mão enquanto caminhava entre dois quiosques procurando Melissa e Diego na multidão.
Era uma segunda à tarde e mesmo assim, a praia estava completamente lotada. Quase não havia lugar para colocar nossas coisas, mesmo assim, encontrei Melissa e Diego sentados em uma mesa sob um guarda-sol com uma logomarca de uma cerveja qualquer. O alfa acenou para mim quando me viu. Já estava sem camisa, mostrando seus músculos definidos sob a pele branca e suave. A bolsa de Mel estava em cima da mesa de plástico, enquanto a pequena ômega tirava a blusa que eu havia escolhido, mostrando suas curvas belamente esculpidas. Imagino o que Diego tenha dito a Pesseguinho para que ela tomasse coragem e tirasse o tecido que cobria seu corpo.
— As coisas estão começando a ficar interessantes. — murmurei para mim mesmo, praticamente correndo em direção ao casal.
Cheguei a mesa enquanto Mel amarrava seu cabelo em um coque no alto de sua cabeça e pegava o protetor fator 70fps para começar a lambuzar seu corpo com aquele líquido pegajoso. Peguei o frasco de sua mão e fiz uma careta, aquele troço deixava a pele grudenta dependendo da quantidade que colocasse e, por causa da pele delicada da garota, sabia que ela passaria o suficiente para agir como cola se alguém a tocasse.
— Para com isso. — disse Mel, enquanto passava o creme em sua pele.
— Esse protetor é horrível. — falei, procurando o fator 30 em sua bolsa — Você trouxe o meu?
— Por que você não traz o seu pra variar? — murmurou, concentrada em passar protetor em sua perna.
Sorri com sua posição, olhando de relance para Diego. Sabia que a intenção da minha amiga não era seduzir, mas estava fazendo um ótimo trabalho: quase conseguia ver um fio de saliva descer entre os lábios do loiro que a observava com os lábios entreabertos. Ri internamente e voltei a procurar o protetor na bolsa da minha amiga.
— Passa protetor nas minhas costas, Fred?
— Eu 'tô ocupado agora. — murmurei, sem olhar para o olhar de cachorrinho pidão de Mel. Ela era a melhor nisso.
— Eu passo! — disse um animado Diego ao meu lado e eu sorri.
— Easy, Tiger. — falei, baixinho, quando o alfa passou por mim.
Ele riu baixo e eu peguei o protetor. Tirei a jaqueta de Derek, que, àquele momento, havia chegado na mesa, e vi o brilho que há pouco estava em seus olhos ser quebrado e substituído por outra coisa. Ele cruzou os braços e recostou-se na cadeira, observando-me com um olhar ferino e quase raivoso, como se eu o tivesse desafiado. Ergui uma sobrancelha. É desafio que você quer, Frenshwick? Perguntei, silenciosamente, enquanto depositava um pouco do creme branco em minha mão.
Esse protetor não era grudento como o que Mel usava, então foi mais fácil passar e, enquanto passava, podia sentir o cheiro superficial de uva se misturar ao meu cheiro, já misturado ao de Derek, deixando-o mais doce. Vi as narinas do alfa se alargarem suavemente e um leve rosnar sair de seus lábios. Por algum motivo, não achei aquele rosnado ameaçador. Ergui uma sobrancelha, encarando-o e um meio sorriso surgiu em meus lábios.
Um arrepio surgiu em minha espinha quando pensei que estaria fazendo uma travessura. Como na loja, aqui, também poderia usar meu novo status como arma pra atazanar o alfa metido a voluntário guarda-costas. Comecei a passar o protetor em meu peito, depois de passar uma camada fina nas pernas e nos braços. Fiz movimento para alcançar minhas costas, no entanto, não consegui então me virei para Melissa que conversava, completamente corada, com o alfa loirudo.
— Mel, pode...
— Eu passo. — Derek me interrompeu, de repente nas minhas costas. Como chegou aí tão rápido, garotão?
— Eu não...
— Não interessa. — cortou-me novamente, colocando um pouco de protetor gelado em minhas costas quentes. — Você está brincando com fogo, Grenny. — murmurou, enquanto massageava os músculos dos meus ombros. — Você não sabe o que eu sou capaz.
Sua respiração tocava meu pescoço em lufadas de ar quente, fazendo minha pele se arrepiar a medida que suas mãos desciam para a base da minha coluna.
— Devia ter ficado com a jaqueta. — murmurou em uma voz rouca e sexy no meu ouvido. Espera, sexy?
Soltei um riso silencioso e me virei, encarando-o de perto. Ele estava abaixado, seu rosto estava a centímetros do meu, faltava pouquíssimo para seus lábios tocassem os meus. Senti meu coração pular uma batida, acelerando levemente enquanto olhava diretamente na imensidão azul de seus olhos. Eu podia me perder em seus olhos intensos, que brilhavam suavemente, com um desafio. E, enquanto o encarava, podia ver um sorriso brotar no canto dos seus lábios, fazendo uma covinha solitária aparecer em sua bochecha.
— E do que é capaz, Frenshwick? — perguntei, em um tom baixo, cruzando os braços a minha frente, quase como uma proteção contra qualquer coisa que ele fosse fazer.
Seu sorriso aumentou por um breve momento enquanto seus olhos mudavam de direção, baixando para algo ainda meu rosto, mas abaixo do nariz. Ele estava olhando nos meus lábios? Mordi o lábio inferior, sentindo meu rosto esquentar enquanto Derek me observava. Um rosnado saiu por entre seus lábios, mas não parecia um rosnado feroz, muito pelo contrário, soou como se estivesse ronronando. Sorri breve enquanto mordia o lábio inferior.
— Alguém quer batata frita? — ouvi Mel perguntar, quebrando o transe em que me encontrava.
Meu rosto pareceu ferver junto com minhas orelhas enquanto eu dava um passo atrás e sentava em uma cadeira qualquer perto de nossa mesa. Vi Frenshwick sorris abertamente e sentar ao meu lado, com os braços cruzados e uma expressão convencida no rosto.
Mel me olhava com curiosidade e um pequeno e tímido sorriso ladino nos lábios finos e graciosos e Diego sorria abertamente, olhando-nos como se estivesse vendo um filme de comédia. Suspirei, consternado, e voltando a olhar para frente e Derek soltou um riso breve, e eu olhei com uma sobrancelha erguida. Quem ele pensa que é?
— Batata frita? — perguntou Derek, com uma leve risada.
— Sim. — disse, voltando meu olhar para a água azul apinhada de gente. Ela parecia me chamar. — Vou tomar um banho. Quando chegar me chamem. — levantei da cadeira.
— Eu vou com você. — disse Derek, incisivo, já de pé.
— Não vai porra nenhuma! — falei, em um tom alto, olhando-o com raiva. Todos me olharam, chocados. — Eu vou sozinho.
— Mas...
— Derek, é melhor deixar ele ir. — disse Melissa, em um tom baixo, ainda sentada em sua cadeira. — Eu te chamo quando chegar.
Eu assenti brevemente e segui meu caminho para o mar, correndo o mais rápido que pude na água gelada e dando um mergulho na primeira onda que apareceu. Nadei até o fundo, chegando a poucos metros de um iate que estava ancorado perto, tocando músicas que eram muito boas para dançar. Observei as pessoas naquele barco por alguns instantes, antes que eles me notassem, o que não demorou muito. Logo estavam olhando para baixo, procurando a fonte do “odor maravilhoso” que aparecera por ali. Eu mergulhei de volta na água gelada e voltei para a beira da praia, tentando chegar o mais rápido possível perto da areia.
Então, do nada, senti mãos no meu quadril, puxando-me para perto. O cheiro forte de serragem atingiu meus sentidos, enquanto braços fortes abraçavam minha cintura com força, colando-me ao corpo que pertencia. Um hálito quente surgiu em minha orelha, um cheiro de menta, cerveja e whisky substituíram o odor quase pungente do alfa, fazendo uma careta surgir em minhas expressões. Eu lutei, debatendo-me contra aquele homem que me segurava, mas a água retardava meus movimentos.
Meu coração batia forte com a adrenalina, quando dobrei as pernas junto ao corpo e o chutei no peito, dando impulso com o meu corpo pra frente, como se estivesse na piscina da escola. Virei rapidamente para encarar meu agressor.
Um homem mais velho, de cabelos grisalhos e pele bronzeada. Ele tinha uma barba por fazer que, ao contrário da de Derek, não era sexy, só era nojenta, e seu sorriso com um dente de ouro me deu asco e uma sensação de ânsia em meu estômago. De repente ter ido ao mar sozinho não soava como uma boa ideia e todas os meus instintos gritavam para eu fugir, mas eu não fugiria. Eu nunca fugia de uma luta, fosse onde ela fosse.
— Garoto, você é forte. — falou o velho, com sua voz rasgada e rouca, massageando o peito onde eu chutei. — Pra um ômega, você até que é forte demais. — ele riu, uma risada bêbada que me deu ainda mais nojo. — Vem cá com o tio, vou te ensinar como um ômega de verdade deve se comportar.
— Não obrigado, 'tô muito feliz aqui. — eu estava a pelo menos um metro e meio de distância e minhas pernas estavam preparadas para nadar o mais rápido que conseguia.
Olhei para o iate, de onde uns alfas me olhavam, com fome e, então, olhei para terra, em direção a minha mesa. Derek tirava a camisa e olhava com raiva em minha direção. Seus olhos tinham um brilho suave e avermelhado, deixando seus olhos azuis, violeta. Vi quando ele falou algo para Diego que se levantava. O loiro se sentou imediatamente, com uma expressão de quase raiva no rosto. Melissa se encolheu ao lado de Diego, pegando seu braço.
— Ah, qual é. Nós vamos nos divertir. — disse o velho, mais próximo. Eu recuei novamente, para mais fundo, agora sem tirar os olhos do alfa. Sua voz estava ainda mais rouca. Ele estava tentando usar sua influência comigo. — Em algum momento você vai ter que ceder.
Engoli o seco, sentindo uma súbita vontade de me aproximar do cara, meus instintos pedindo por isso, quase cedendo a sua voz persuasiva. Serrei os dentes e os punhos, deixando-os dentro d'água enquanto o cara se aproximava. Podia não ter me aproximado, mas minhas pernas perderam a força, eu estava preso no lugar, sendo levado para cima e para baixo com as ondas.
— Isso. Você logo não vai conseguir...
— Se você tocar em um fio sequer do cabelo dele você morre, velhote. — a voz de Derek soou ameaçadora atrás do homem, rouca e animalesca. Um brilho avermelhado ainda deixava seus olhos em um tom de violeta.
Os olhos castanhos, quase verdes, levemente alaranjados devido ao seu instinto alfa, arregalaram-se quando a mão de Derek o pegou pela nuca. Seu olhar era feroz e homicida. Quase podia vê-lo matando o homem que segurava com uma única mão, mas ele não tinha força para tal, tinha?
— Um alfa lúpus. — murmurou o velho, seu rosto ficando pálido de medo. Um sorriso doentio surgiu em seus lábios finos e ressecados. — O odor desse garoto é mais poderoso do que eu pensava.
Derek o jogou para o lado, fazendo-o levar um caldo com a onda mais forte, que o empurrou mais para perto da praia. O alfa mais novo segurou minha cintura, abraçando-me e eu escondi meu rosto em seu peito descoberto. Eu um ômega, odiava esse maldito cheiro de laranja que eu exalava, odiava esse maldito mundo! Por que eu não podia ser uma pessoa normal, com um cheiro normal, que não atraía malucos por onde eu passasse? Lágrimas encheram meus olhos, mas eu a segurei a todo custo. Não iria chorar na frente de Frenshwick.
— Garoto, um dia você vai se arrepender disso. — ouvi o velho dizer, dirigindo-se ao Derek. Eu empurrei o alfa suavemente, olhando o homem com asco.
— Vai embora. — tentei soar mais corajoso do que me sentia, mas minha pele formigava e a adrenalina fazia meu corpo tremer na água gelada e contra o corpo quente. — E-eu não quero nada com você, seu velho nojento.
O homem riu brevemente e foi embora, enquanto Frenshwick segurava minha cintura com força, protetoramente, puxando-me mais para a beira da água.
— Viu? Eu falei que deveria ter vindo com você. — murmurou Derek, mal-humorado, contra meus cabelos molhados. — Você não está com o cheiro fraco de antes, Frederick, seu cheiro está muito mais forte e atrai malucos agora.
— E-eu... E-eu sinto muito. — falei, sentindo minha garganta fecha pelo medo. De onde vem todo esse medo?
— Vamos embora. — disse Derek, puxando-me para a mesa.
Quando cheguei lá, Melissa me abraçou, apesar da água gelada que escorria da minha pele. Eu ainda estava tremendo, mas não sei se era de frio ou de medo. Minha amiga olhou para o meu rosto, preocupada, e eu forcei um sorriso, tentando manter-me despreocupado. Eu a afastei brevemente, olhando-a com cuidado.
— Eu estou bem, Mel. — disse, sorrindo forçado, passando uma mecha solta de seu cabelo para trás de sua orelha. — Eu vou pra casa e você fica aqui com o Diego. — olhei pra Diego, erguendo uma sobrancelha — E você vai garantir que ela se divirta, ou eu vou mesmo te transformar em purê.
O loiro ergueu uma sobrancelha e eu encarei de volta, cruzando os braços.
— E depois leve-a de volta para casa em segurança. — falei e dei de ombros, pegando minha toalha e meus chinelos embaixo da mesa.
— Ele pode mesmo fazer isso? — perguntou Diego, em um murmúrio e eu sorri, pois podia.
Comecei a seguir em direção a pista, sentindo as lágrimas subirem aos meus olhos novamente. O medo e a raiva se misturaram, deixando meus olhos molhados. Eu caminhava com os passos rápidos e quase frenéticos. Meu corpo continuava tenso enquanto andava e corria com os pés descalços. Senti uma mão forte segurando meu ombro e eu ajo com meu instinto.
Meu oponente era maior e mais forte do que eu, mas podia usar seu peso e sua força contra ele. Peguei sua mão, desvencilhando-me de seu agarre e, em um movimento rápido, eu estava sobre o corpo grande de Derek. Seu braço estava em suas costas, imobilizado, e seu rosto estava entre meu joelho e o asfalto. Meu coração batia forte no meu peito e a adrenalina fazia meu corpo tremer e lágrimas escorreram dos meus olhos, junto com o medo.
— Grenny! — gritou Derek e eu o soltei, afastando-me dele com as pernas bambas. Minha respiração estava forte e eu olhei, irado.
— Você me assustou! — gritei, vendo-o se levantar. Eu me aproximei, dando um soco forte em seu estômago, fazendo-o se retrair. Ia dar outro soco, mas ele me segurou, olhando-me quase assustado. — Você é louco!
— Eu não sabia que você teria essa reação, me desculpa. — ele falou, segurando meus pulsos com força, imobilizando-me. — Desculpa. Eu sinto muito, eu não queria te assustar.
Ele me forçou a um abraço, colocando seus braços em volta de mim, como uma gaiola de proteção. Por algum motivo não me senti preso, imobilizado, eu me senti mais protegido e quase querido. Lágrimas se misturaram à água salgada do mar que escorria dos meus cabelos. Que merda.
— Vamos. — disse Derek, puxando-me com ele para o caminho para minha casa.
Assenti, enquanto ele colocava a jaqueta em volta dos meus ombros novamente. Abraçou-me pelos ombros, guiando-me até o posto de gasolina que pertencia ao meu tio.
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Magic Idol (ABO)
Genç KurguEle não queria ser aquilo que ele é. Queria continuar sendo ele mesmo, com suas forças, fraquezas e amizades. No entanto, o destino pregou-lhe uma peça, Frederick descobriu-se um ômega e, não tão somente isso, apaixonou-se por um alfa... E, como em...