Segunda folha

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Mãos macias e toques gentis. Dedinhos passeavam por seu corpo tão suavemente como o vento outonal que fazia lá fora. Virava na cama e sentia aqueles braços finos se agarrarem ao seu tronco, e um corpo magro colar-se ao seu. Sentia sua pele em contato com a pele dele, um toque que irradiava calor por toda a extensão de seu ser. Sentiu o nariz gelado do mais novo tocar em seu pescoço quente e lhe causar arrepios. Suas mãos procuravam trazer garoto mais perto, precisava de mais calor, mais contato. Finalmente encontrou as mechas macias de cabelo e trouxe a cabeça de Taehyung para perto da sua, até que sentiu seus lábios roçando de leve nos dele.

— Hyung... — Foi quando ouviu a voz grave que Yoongi acordou bruscamente.

Estava sozinho em sua cama, usando apenas suas calças de moletom. Havia voltado do apartamento dos Kim e ido dormir outra vez, já que não estava acostumado a acordar tão cedo.

Yoongi sentou-se na cama e levantou os braços, tentando se esticar. Essa não foi a primeira vez que sonhava com Taehyung e Yoongi sabia que havia algo de errado. Sabia que não devia sonhar com o irmão mais novo de seu melhor amigo. Merda, é claro que não devia. Mas Yoongi não podia evitar? Podia?

Yoongi já era crescido o bastante para admitir – pelo menos para si mesmo – a sua orientação sexual. Inclusive já havia ficado com alguns garotos, casos de uma noite ou até duas, as vezes mais. Não que ele gostasse de dormir com pessoas diferentes a cada noite, mas porque nessas ocasiões ele se encontrava bêbado demais para pensar. Ele sabia que gostava de homens e sabia que já fazia um tempo que não saciava suas vontades e necessidades.

E sim, Taehyung só deixava tudo ainda pior.

Nunca achou que fosse pensar no mais novo de tal forma. No começo, via o garoto com um pirralho barulhento que devia tomar conta. De fato, Taehyung era apenas um garotinho de 14 anos quando eles se conheceram. Acontece que esse garotinho cresceu e em alguns anos acabou se tornando um jovem muito bonito.

Se tinha algo que Yoongi não podia negar, era que sim, Taehyung era muito atraente.

Mas ele poderia conter seus pensamentos se o mais novo não ficasse se esfregando nele o tempo todo, o que é claro, sempre acontecia. Taehyung precisava de muito contato físico e seu irmão não o propiciava isso.

Não como antes.

Yoongi achava que não haveria problema em continuar aceitando e devolvendo as carícias do mais novo, até a primeira noite que sonhou com ele. Não era nada indecente, na verdade era bem inocente e sutil. Uma troca de olhares e um tocar de mãos que foi o suficiente para Yoongi entender que estava começando a sentir algo mais pelo garotinho barulhento que havia conhecido alguns anos atrás.

Porém, a única coisa que podia fazer era fingir que os toques, os olhares e os atos do mais novo não o afetavam de tal forma.

E estava conseguindo fingir muito bem

Só não sabia até quando.

X

Filosofia, História Matemática... As aulas se passaram e Taehyung não conseguiu se concentrar muito em nenhuma delas. Normalmente ele apenas ficava quieto prestando atenção e rabiscando em seu caderno, mas dessa vez nem isso foi possível.

Jeongguk estava debruçado na carteira atrás dele, ouvindo música. Taehyung sabia, porque conseguia ouvir o som da música escapar pelos fones e a respiração do outro bem perto de seus ouvidos. Isso, mais o barulho da chuva batendo na janela, tornava impossível prestar atenção nas palavras que saiam da boca dos professores.

91 dias de OutonoWhere stories live. Discover now