Décimo Oitavo Capítulo: Conselheira Rachel (Parte 2)

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Chegamos ao salão e antes de Zoe ir embora me virei para ela e falei:

-Sinto muito se te magoei, Zoe. Me perdoe.

Ela sorriu e foi embora. Entrei no salão e vi Tio Marcão sentado de cabeça baixa, me aproximei devagar, não querendo interromper se ele estivesse orando. Quando ele levantou a cabeça e se deparou comigo ali levou um susto.

-Rachel! Você é muito sorrateira, menina. Me assustou!

-Desculpa. Você me chamou?

-Sim. Preciso de um favor- Ele parecia preocupado como se pensasse no que faria se eu falasse que não. Acenei que sim com a cabeça. -Um menino fugiu.

-Mas por que não soamos o alarme?

-Já sabemos aonde ele está. Preciso que vá conversar com ele. Seu nome é Tyler.

-Preciso saber de mais alguma coisa?

-Não. Acho que é só isso.

Me virei para ir atrás do fugitivo Tyler. Mas Tio Marcão me chamou antes de eu cruzar a porta.

-Rachel! -Olhei para ele- Obrigado.

Achei Tyler sentado em cima da cerca do limite do acampamento, suas pernas estavam para o lado de fora.

Fui para o seu lado e sentei na cerca, espelhando o seu corpo, coloquei minhas pernas para fora.

-Então presumo que você seja o Tyler- Falei iniciando uma conversa.

-E eu presumo que você seja a líder que mandaram para me passar um sermão.

Ri da cara de nojo que ele fez. Verdade ou mentira? Os dois.

-Claro que não. Sou a sobrinha do pastor Marcos e a acampada que tem mais argumentos para poder fugir daqui.

Com meus anos de rebeldia aprendi muitas coisas, uma delas era que ninguém sabia o que nós sentíamos sem se colocar completamente em nosso lugar. Então faria ele me falar o que tinha acontecido para eu poder me colocar no seu lugar e ajuda-lo.

-Por que você quer fugir? -Ele pergunta

-Vamos fazer assim: você fala algo e depois eu falo. Pode ser?

Mostrando o que eu sentia e o que estava acontecendo comigo, talvez ele falasse o que sentia também

-Claro. Mas você começa.

Esperto, queria saber se eu faria mesmo aquilo, eu mesma já tinha feito isso antes.

-Meu ex-namorado fica dando em cima de mim.

Não sei porque falei isso, eu não pretendia falar aquilo. Pretendia? Acho que estava tão entalado na minha garganta que quando fui falar foi a primeira coisa que me veio na mente

-Nossa! Tá, minha irmã me odeia.

-Por que? -Pensei que estivesse indo rápido demais mais ele logo respondeu:

-Eu a chamei de metida, o que ela é, e mimada, o que de novo ela é. Mas ela odeia que a chamem assim.

-Acho que vocês dois estão passando por uma fase.

-Por que você fala isso?

-Porque todos os irmãos têm aquela fase de brigas sem noção.

-Como você sabe disso?

-Porque já passei isso com minha irmã.

-Acho que com a Abel não vai passar nunca.

-Com minha irmã demorou três anos e com meu irmão já faz dois e nada.

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