Capítulo 6 - Victoria

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Estamos próximos demais para manter nossa sanidade, estamos próximos demais do que deveríamos e poderíamos estar. Ele me olha analisando meu rosto, seus olhos vão da minha boca para meus olhos numa velocidade angustiante. Como se estivesse me testando, esperando uma confirmação, uma permissão. Meu peito sobe e desce no corpete quão está difícil respirar, neste momento. Eu sei que não deveria estar ali, mas meus pés não me obedecem, meu cérebro não está pensando com clareza. Sua aproximação despertou sensações em mim, antes desconhecidas. Sinto o calor do seu corpo em meu corpo. Sinto arrepios onde nem sabia que poderia. Estamos atraídos como imãs. Ele aproxima seu rosto ainda mais do meu e ao sentir sua respiração, não consigo me conter, desvio meus olhos para sua boca, que agora está entreaberta. Não sei o que fazer. Fecho meus olhos e sinto. Sinto seus lábios nos meus, um toque tão delicado que não sei se imaginei ou se realmente o senti. Abro os olhos e vejo-o me olhando, esperando minha reação. Fecho mais uma vez os olhos e dessa vez, eu que junto meus lábios aos dele. Solto o ar que nem sabia que estava prendendo e quando torno a inspirar, o suspiro sai mais próximo de um gemido. Ele toma como um encorajamento e abre mais os lábios, me tomando em seus braços. Agarra minha cintura, me puxando para mais perto. Sinto meu corpo todo pegar fogo. Subo minhas mãos pelos seus braços, sentindo-o enrijecê-los com meu toque, até chegar aos seus cabelos, macios, como imaginei diversas vezes. Não consigo raciocinar, só consigo sentir. Sentir seu corpo, sentir seus lábios, que agora me beijam com vontade, com ânsia, como se só tivéssemos aquele momento e teríamos que aproveitar cada segundo. Talvez fosse isto mesmo. Ele irá retornar à França, à sua casa, no final da temporada... Não quero pensar, sinto uma pontada no peito só de imaginar perdê-lo. Agarro-o mais ainda e sinto sua língua tocar a minha.

Tudo isto que estou vivendo é muito novo para mim. Sinto-me rebelde, sinto-me quebrando regras de decoro, mas sinto-me mais viva, sinto meu corpo todo eletrizado. Cada movimento de Julien com as mãos em minhas costas, deixa calafrios.

Estamos nos beijando no meio do jardim da mansão Woodhouse, diversas pessoas devem estar nos vendo horrorizadas, mas não consigo me desvencilhar dele. Talvez ele pense o mesmo, pois não faz menção de parar. Solto outro gemido quando sinto novamente sua língua, quando...

- VICTORIA MARY O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? - Sobressalto do susto, ao mesmo tempo em que me desvencilho de Julien. Mas não tenho coragem de abrir os olhos. É a voz da minha mãe que me chama e sei que estou arruinada.

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