Sobrevivente

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Nota inicial: Para conhecimento: Criei algumas medidas e convenções para a fanfic. Assim, 1 rac = 10 cm, 1 dig = aproximadamente 2kg, e um ano sayajin tem 3 semanas a mais que um ano da terra. Assim, 14 anos para um Sayajin equivalem a quase 15 anos para um terráqueo (uma semana a menos, para ser preciso). A hora Sayajin é contada em quartos, e o dia deles tem 24 horas. 

"Tum"

O barulho e a dor foram quase simultâneos. O bólido me atingiu no nariz e eu senti perfeitamente o osso da ponte nasal se partindo. Era a terceira vez esse ano que eu quebrava o nariz num exercício de combate. Levando-se em conta que aquele era o exercício final do período, em equipe, não era bom nem para mim e nem para a equipe.

Com o máximo de dignidade possível, ajeitei o rastreador de volta sobre meu olho esquerdo e disse:

- Iniciar leitura de danos.

Soldado 234. Gine Neela. 13 anos. 14,7 racs de altura, 16digs. Massa muscular: baixa. Relação peso x altura...

- Eu pedi os danos, não os dados!

Fratura da ponte nasal. Hematomas e escoriações no braço esquerdo. Hematoma e escoriação no ombro direito.

"Tum!" – eu havia levantado a cabeça para evitar que o sangue pingasse na câmera de avaliação individual e outro bólido me atingiu. Dessa vez, em outro lugar.

Fratura do maxilar!

Abaixei a cabeça. Agora tinha mais um lugar doendo. O sangue começou a se acumular nas minhas fossas nasais. Cuspi para não sufocar. Foi pior, porque começou a sangrar ainda mais. Levantei a cabeça novamente para não me sufocar com meu próprio sangue.

"Tum"

Dois dentes quebrados. Agravamento da fratura no maxilar.

O sangue agora me sufocava, de fato. E eu sentia os cacos dos dentes na minha boca. Eu deveria avançar, fugindo dos bólidos, mas, como? Eu mal conseguia rastejar, deixando no chão uma trilha de sangue.

Olhei para frente. Lá estava a linha que eu deveria atingir. A equipe deveria chegar lá e iniciar a etapa final do exercício de combate. E eu mal me aguentaria em pé de dor. Os bólidos continuavam vindo, sem piedade. Pequenas esferas de borracha de médio impacto. O instutor sempre dizia que eram leves demais, que não se comparavam sequer a nenhuma arma de uma população fraca das quais um dia enfrentaríamos.

E essa era apenas a medida da minha incompetência como soldado. Eu decidi ali que iria seguir em frente. Afinal, sayajins costumam ficar mais fortes quando se recuperam de ferimentos. Eu rastejei, cuspi mais sangue e me levantei, com os braços protegendo meu rosto arruinado. Corri. Um bólido bateu no meu punho, protegido pela armadura. A linha estava mais próxima.

"Foco, Gine, Foco... falta pouco..."

"TUM"

Escoriação profunda nas costas.

Eu tinha me esquecido que os bólidos não vinham apenas de frente para mim. Eu quase estava chegando na linha quando mais um bólido me atingiu, nas costas, com o bônus de atingir minha causa, que estava prudentemente amarrada na cintuira. Caí de cara no chão.

Fratura de cauda. Escoriação profunda na testa.

Eu fiquei no chão, deitada de bruços, derrotada.

"Vou morrer..." foi o que eu pensei, dramaticamente.

De repente, eu fui erguida de uma vez só por alguém que me segurou pela armadura, como se eu fosse muito leve (o que, aliás, eu era para uma Sayajin prestes a completar 14 anos). O senhor gancho misterioso me levou além da linha, onde me largou no chão sem nenhuma gentileza antes de me levantar e me virar.

Sonhadora - A História de GineOnde histórias criam vida. Descubra agora