Namorar Mushiro foi a decisão mais racional e pragmática que eu tomei em minha vida. Quando nos conhecemos e ficamos juntos eu tinha acabado de completar dezesseis anos e havia decidido que namorá-lo seria a única forma de parar de fantasiar com coisas bobas com Bardock, um cara que eu mal conhecia e parecia, aos meus olhos assustados depois do que eu testemunhara no festival, completamente obcecado por luta.
Agora que eu havia tido um primeiro namorado podia comparar os dois e deixar o cara a quem eu queria esquecer de fora da comparação e Mushiro, ainda que não fosse barbaramente atraente como Koriander, parecia o namorado ideal para mim: era divertido, inteligente, conversava sobre diversas coisas e, como eu, tinha diversos interesses, não era arrogante e nem cheio de si como meu primeiro namorado e parecia parecido o suficiente comigo para dar-me uma certa paz de espírito. Éramos compatíveis, segundo o que eu aprendera no "Manual de responsabilidade sexual".
O fato de não ser apaixonada por ele não era importante. Na verdade, eu passei a acreditar, que era, de fato, bem desejável. Nossa primeira vez não foi um ato tresloucado, como o que eu cometera ao levar Koriander para casa: depois de dois dias de festival, eu o chamei para dormir comigo e ele aceitou. Até mesmo nosso nível de experiência era parecido: ele também só havia ficado com uma garota antes de mim.
Tudo parecia certo e correto no nosso namoro, afinal, eu já me convencera que paixões como aquela que havia arrebatado meu pai e minha mãe, assim como a que o vovô Kakarotto tivera quando bem jovem, eram algo raro e um caso de sorte (no caso dos meus pais) ou azar (no caso do vovô Kakarotto) e eu não podia jogar toda minha vida num lance de dados.
Tinha um pequeno detalhe que eu não percebia, ou fingia não perceber, mas que eu jurava que não era nada importante: era óbvio que Mushiro gostava de mim de uma forma muito menos racional. Enquanto eu estava apenas satisfeita com ele, ele estava apaixonado por mim e acho que no fundo eu até achava isso bom.
Aos dezesseis anos, eu havia passado a participar mais das decisões do meu clã, e não à toa: eu não era apenas uma fatiadora, mas muitos dos cortes que saíam das minhas facas acabavam nos pratos da família real, alimentando o próprio rei Vegeta e a Rainha Okra, a quem eu acabei conhecendo num banquete que o clã ofereceu para a realeza, nosso próprio festival de puxa-saquice anual em que, oferecendo nosso melhor produto para eles, de graça, preparado pelos cozinheiros mais renomados do nosso império, garantíamos a primazia no fornecimento de carne para o palácio, a academia e todos os domínios do governo por um ano inteiro.
O rei era um coroa arrogante, preocupantemente próximo aos quarenta anos, a suposta idade-limite para gerar filhos poderosos. A rainha, sua segunda esposa, uma jovem pouca coisa mais velha que eu (devia ter no máximo 20 anos) parecia estranhamente frágil para uma sayajin que, diziam, tinha sido escolhida para gerar herdeiros fortes e saudáveis, mas que ainda não conseguira engravidar – mesmo tendo sido desobrigada da contracepção aos 17 anos, quando se casara com o Rei.
Eles eram um casal cheio de contrastes. O rei havia ficado anos sozinho, depois da morte da Rainha Escarole, primeira esposa, num trágico acidente quando ela estava grávida do esperado herdeiro. Havia quem dissesse que o trágico acidente havia sido um assassinato planejado por infiltrados do Rei Cold, que queria sabotar o nascimento de um herdeiro de Vegeta III, considerado um dos monarcas mais fortes da história e que passara toda sua adolescência no espaço conquistando planetas, depois de uma infância na academia de artes especiais, para onde iam os verdadeiros guerreiros de elite, aos 5 anos de idade, não 10 como na academia sayajin.
A mulher que o Rei Vegeta perdera era uma guerreira de elite Sayajin, formada como primeira classe na academia, que sabia pilotar qualquer espécie de nave e ajudara a conquistar a maioria dos planetas que ele havia tomado nos primeiros anos do seu reinado. Quando ambos tinham 22 anos, ele foi coroado e eles vincularam-se e deixaram o espaço ambicionando gerar o herdeiro perfeito que o reino esperava dele. Havia rumores engraçados de que eles haviam concebido o herdeiro transformados em Oozaru, na esperança de gerar um lendário super sayajin, o guerreiro mitológico que, diziam, os sayajins geravam uma vez a cada mil anos.
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Sonhadora - A História de Gine
FanficGine, uma jovem sayajin não nasceu para o combate, mas vai mostrar que ser gentil não é necessariamente ser fraco e que a força interior pode ser maior do que o poder de luta